quarta-feira, 1 de junho de 2016

Questionar os poderes


Coloquem aos poderosos cinco questões: Que poder deténs? Onde o obtiveste? Ao serviço de que interesses o exerces? Quem te controla? Como nos podemos ver livres de ti? Só a democracia nos dá esse direito. É por isso que ninguém com poder gosta da democracia e é por isso que cada geração tem de lutar para a manter, incluído tu e eu, aqui e agora.

OCDE, FMI, BCE, Comissão Europeia, Banco de Inglaterra e a esmagadora maioria dos economistas apontam para as consequências mais ou menos desastrosas da saída do Reino Unido da UE. E, no entanto, o resultado do referendo ainda está em aberto, com sondagens a apontar para uma possibilidade de vitória do chamado Brexit.

Para lá de haver mais do que a narrativa económica convencional a influenciar o voto, vale a pena reflectir sobre o seu aparente descrédito e sobre as boas razões para tal. Como sublinha um antigo economista do FMI, estas instituições e a maioria da profissão foram as mesmas que andaram a vender antes da crise consensos como o da “grande moderação” ou o das virtudes da adesão ao Euro (dois terços dos economistas britânicos inquiridos defenderam tal posição em 1999). A globalização financeira, uma política monetária orientada para o combate à inflação e uma regulação pouco intrusiva teriam aberto uma nova era com menos instabilidade. Tudo o que era relevante na economia foi ignorado e, em larga medida, continua a sê-lo. O principal problema é o medo alimentado pela própria narrativa convencional, considera Mody.

Entretanto, a UE, em si mesma, é hoje só um lastro de onde emana estagnação, na melhor das hipóteses, deflação e uma elitista arrogância pós-democrática que só garante más decisões em matéria de política económica, num sentido muito amplo, pelo que é melhor ficar de fora, mobilizando ainda mais instrumentos de política, como argumenta Larry Elliot, editor de economia do The Guardian.

Obviamente, as grandes multinacionais, a principal força social por detrás da construção das tais instituições supranacionais pós-democráticas, incluindo o famigerado mercado único, que alimentam a tal arrogância, estão contra o Brexit, Sonae incluída. Já em 2012, Azevedo defendia o sucesso do Euro com outros da mesma fracção de classe. O que é bom para esta gente, não é bom para os povos. Sobre companhias estamos falados.

A esquerda queixa-se pelo facto de o Brexit ser dominado pelas direitas, de resto tal como o bloco pela permanência. Só pode queixar-se de si, por ter abandonado um terreno nacional e popular onde está a democracia, em nome não se percebe bem do quê. A desgraça é que só um pequeno sector da esquerda permaneceu fiel à tradição eurocéptica, a da maioria da esquerda britânica antes da devastação de décadas que a conduziu a um estado de que não é certo que recupere.

De Jeremy Corbyn, o melhor que se pode dizer é que o seu corte com um eurocepticismo na melhor tradição democrática do saudoso trabalhismo de Tony Benn é apenas explicável pela necessidade de sobreviver à frente de um partido ainda europeísta, embora com consciência provável da sensatez de não se ter enredado na trapalhada monetária continental (se tivesse dependido apenas do criminoso de guerra e agora milionário Blair, outra teria sido a história, já agora).

Enfim, deixem-me ser optimista: os do consenso de Bruxelas-Frankfurt temem o que apodam de caos, gerado, entre outros, pelo Brexit e, já agora, pelas eleições espanholas, onde a dinâmica política aponta pelo menos para a emergência do Unidos Podemos como a segunda força política, ultrapassando o PSOE. Para os povos, para o contramovimento, para as democracias na escala onde existem, o suposto caos significa reconquista potencial de margem de manobra. O que eles veem como caos é preferível à consolidação do que apodam de ordem, que implica vidas caóticas para cada vez mais pessoas. Incerteza e intervenção política deliberada numa conjuntura com as estruturas supranacionais do poder enfraquecidas ou a certeza estrutural do destino que as elites de mercado têm vindo a preparar para nós?

26 comentários:

Anónimo disse...

"Não sei por que não deve haver economia baseada em mão-de-obra barata" Belmiro de Azevedo


http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/banca___financas/detalhe/belmiro_de_azevedo_nao_sei_por_que_nao_deve_haver_economia_baseada_em_mao_de_obra_barata.html

Anónimo disse...

Um caos mais ordenado ou uma ordem mais caótica...eis a questão.

Jose disse...

«...uma elitista arrogância pós-democrática » vale bem mais do que a arrogância antidemocrática das sempre elitistas ditaduras 'populares' referência maior das esquerdas indígenas.
E quando essa esquerda e a direita radical convergem num mesmo discurso, esse é o anúncio do confronto que ambos os extremos desejam, ambos numa qualquer missão salvífica, sempre indefinida nos meios e cujos resultados são sempre os mesmos: autoritarismo e conflito, quando não guerra.

R.B. NorTør disse...

Não deixa de ser curioso como as esquerdas mais europeístas não apoiam o Brexit, nem que seja por motivos históricos. Pouco bem veio ao mundo com a adesão do RU e se alguma coisa apenas serviu para entrincheirar em Bruxelas as correntes dominantes que aqui têm sido apontadas.

Numa visão do dia seguinte, o que restará da "Europa" depois do Brexit?

Aleixo disse...

Como EVITAR A CAPTURA das estruturas organizadas, pelo poder instalado?

Como EVITAR A CAPTURA dos Centros de Decisão, pelo poder instalado?

Se a Autoridade Tributária sabe da minha vida ao MINUTO, porque será tão difícil saber a minha OPINIÃO?!

(...não se preocupem ! Já sinto esse olhar complacente e piedoso, dos "instalados" !)

Resolviam a "coisa" se, em vez de encher a boca com democracia,

enchessem por exemplo com... "Maria Albertina" !

Jose disse...

"por que não deve haver economia baseada em mão-de-obra barata"?

O mais forte e fundamentado argumento conhecido até ao momento é: em razão do elevado nível cultural e técnico de toda a população portuguesa, o grau de organização e gestão das suas empresas, a excepcional agilidade dos meios institucionais e em particular os judiciários, a abundância de capitais, não deve haver uma economia ou sequer sectores de baixos salários...PORQUE NÃO!

Anónimo disse...

A esquerda coincidir com a direita radical?

O das 13 e 05 não está bom da cabeça. Desde quando ele coincide com a esquerda?
Desde quando os elogios à Pide exalados pelo da direita radical das 13 e 05 cabem na cabeça de qualquer tipo de esquerda?

Anónimo disse...

"O anúncio do confronto que ambos os extremos desejam"?
Eu sei que JgMenos não gosta e que depois se torna piegas e diz que o não compreendem ou que não o entendem e que não é isso que pensa, apesar de o ter dito ou outra qualquer choraminguice do género. Mas utilizemos Jgmenos contra JgMenos

Este ódio larvar, incontido, das cavernas, das fauces a apelar à violência extrema contra a Líbia é um convite a uma missão salvífica, autoritarismo ou quando não guerra?

"Granda Kadhafi! Um torcionário, corrupto palhaço de robe e a mamar em cabras, desde que patrocine actos de terrorismo anti-USA é progresso...

Sendo a Líbia um Estado falhado - importa poucco como lá chegou - a permitir o lançamento de vagas de naufragos destinados a 'povoar' a Europa era lá que haveria de haver tropas europeias para entre outros efeitos menos histriónicos, provocassem ataques histéricos aos serventuários da 'Agenda dos Coitadinhos'"

Heil, não é mesmo, ó das 13 e 05. Sobretudo este "importa pouco como lá chegou"

Anónimo disse...

Ah!
Este verdadeiro pieguismo do das 18 00 pelo Belmiro é verdadeiramente comovente.

Porque não mesmo. Mesmo que tal acarrete o Belmiro ir para a agenda dos coitadinhos choramingar por mão-de-obra barato e o jgMenos ir pedinchar pela miséria do mundo solicitando um donativo ao seu amado patrão

Anónimo disse...

Esta frase resulta duma qualquer missão salvífica, ou autoritária ou de conflito, quando não guerra?

"Às bestas serve-se a força bruta se forem insensíveis a outros meios".

Frase de direita-extrema proferida aqui ( para depois o das 13 e 05 não vir choramingar e negar a paternidade)
http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2014/12/se-te-mexes-morres.html

Anónimo disse...

Mais uma vez um post que coloca vários dedos nas feridas.

Por exemplo este apelo do medo aí em cima plasmado por alguém " cujos resultados são sempre os mesmos: autoritarismo e conflito, quando não guerra"

Confirma na plenitude o dito por João Rodrigues. Com um pormenor picaresco. Quem assim agita o espantalho do medo é quem opta decididamente pelo autoritarismo e pela guerra. Ao lado das estruturas anti-democráticas e fazendo a saudação de vende-pátrias ao FMI e aos seus interesses.
Como antes fazia a saudação aos mortos-vivos do fascismo em agonia

Anónimo disse...

Deixem-me repetir este explêndido final de texto:

"Enfim, deixem-me ser optimista: os do consenso de Bruxelas-Frankfurt temem o que apodam de caos, gerado, entre outros, pelo Brexit e, já agora, pelas eleições espanholas, onde a dinâmica política aponta pelo menos para a emergência do Unidos Podemos como a segunda força política, ultrapassando o PSOE. Para os povos, para o contramovimento, para as democracias na escala onde existem, o suposto caos significa reconquista potencial de margem de manobra. O que eles veem como caos é preferível à consolidação do que apodam de ordem, que implica vidas caóticas para cada vez mais pessoas. Incerteza e intervenção política deliberada numa conjuntura com as estruturas supranacionais do poder enfraquecidas ou a certeza estrutural do destino que as elites de mercado têm vindo a preparar para nós?"



Anónimo disse...

Caro R.B. NorTør :
Ninguém quer mesmo ver. E tal é uma pergunta proibida

Anónimo disse...


Tem a palavra os súbditos de sua Real Majestade
O RU parece não querer ser “Bom Aluno” nem perder os dedos com anéis e tudo o resto, o RU não se quer submeter as conveniências dos seus congéneres gauleses e germânicos. O RU e´
Um país rico, industrializado e marcado pela Rainha Vitoria.
Convém aqui dizer que um país como Portugal, sem bases industriais para responder aos desafios da economia contemporânea - ficará arredado desta feroz competição capitalista e ou quanto muito, numa paupérrima situação. Ora os dirigentes deste País a´ beira-mar plantado, (PS e PPD/PSD) esqueceram a dinâmica do Marquês de Pombal e optaram, sem aval do POVO, por ser “Bons Alunos”, e porque assim o quiseram, toca de entregar de mão beijada a´ União Europeia a soberania nacional, os dedos e os anéis e tudo que o Sol cobre neste retângulo ibérico.
De Adelino Silva

Anónimo disse...

"O conjunto da classe política francesa e europeia dita "de governo", tanto de direita como de esquerda, não podendo confessar que se enganou totalmente sobre o euro e o Super-Estado europeu que ela moldou na dissimulação e que continua a apoiar inutilmente, quando ambos fracassaram e não são reformáveis, não apresenta mais qualquer alternativa crível de mudança política, social, económica e monetária construtiva. As populações europeias justamente cada vez mais exasperadas pela nulidade dos seus dirigentes actuais – tão incapazes como seus antecessores imediatos ou seus sucessores prováveis (que são igualmente os mesmos) de apresentar a menor perspectiva de correcção – estão à beira da crise de nervos.

Em França, um país frágil e pauperizado, profundamente dividido, a situação é quase insurreccional porque o presidente actual mentiu ao fazer-se eleger com um programa oposto em todos os pontos àquele que pratica, indo de fracassos em fracassos, com excesso de arrogância sem qualquer concertação, e persistindo em cumprir as ordens da Alemanha de romper o modelo social e o direito do trabalho que os franceses querem conservar. Tendo a sua popularidade caído ao nível mais baixo de todos os chefes de Estado franceses, não tendo mais maioria parlamentar, portanto mais legitimidade, ele deve partir. Se ele persistir e se agarrar ao poder deixará ao seu sucessor um país irreformável e ingovernável que irá fracassar. Se a direita UMP – Os Republicanos pensa que voltará ao poder propondo um programa de desmantelamento das conquistas sociais e da precarização generalizada da população (de Hollande – Valls – Macron agravados) sem por em causa os tratados europeus, ela se engana pesadamente... Não se reforma um país contra a vontade do seu povo!!! Na mesma ordem de ideias, o marquês de Mirabeau (1715-1789) dizia: "Pode-se fazer tudo com baionetas excepto sentar em cima delas!"
Pierre Leconte

Anónimo disse...

cagalhão zé
vou-te explicar

Portugal nunca pode ter como estratégia uma política baseada na competitividade preço
não temos dimensão nem escala para isso
Portugal tem condições para se diferenciar pela qualidade
assim os cagalhões como tu o deixem
normalmente os cagalhões como tu não o querem porque dá-lhes jeito esse modelo porque não obriga a grandes enredos - diminuir salários é tão fácil
fazer qualidade, valor acrescentado, inovação, construir marca
isso dá trabalhinho e dá que pensar
mias vale explorar, mandar o guito pra offshores, fazer leis à medida pros amigos, mamar no orçamento de Esatdo com ROI espectaculares decretados independentemente das condições do mercado e outras maravilhas que os que admiras devem ter direito porque sim
aaah... é verdade, e porque têm direito a livrarem-se do mamão Estado
esses merdas que até dão dinheiro a pobres e outros malandros

percebeste, cagalhão zé ?
eu sei que não
tu és um aluno difícil
tens que ir para um colégio com contrato de associação

Jose disse...

Parabéns, Badalhôco!
Até pareces gente a tentar montar um argumento.
Mas como todos os treteiros começas sempre pelo fim.
Vou-te fazer a caridade de te falar do TEMPO, aquela coisa de que trata o teu relógio.
«Portugal nunca pode ter como estratégia uma política baseada na competitividade preço...»
- Estratégia é o que se planeia para o futuro, e o presente deve ser organizado para viabilizar esse futuro. Mas para os treteiros como tu todo o futuro se torna presente assim haja quem empreste dinheiro, arruinando o presente e adiando o futuro com a estupidez que mais que tudo cultivam.
- Quanto ao preço, sempre é factor de competitividade; mas também isso os treteiros querem esquecer para projectarem um futuro onde se mantenha a ronceirice de um país que no melhor ano (2014!) não passou de 70,1% da produtividade europeia.

Mas há que reconhecer que seres badalhôco/treteiro é um grau acima de badalhôco

Anónimo disse...

cagalhão zé

como enorme bosta que és esqueces duas coisas básicas
primeiro...badalhoco não leva chapéu no O
sei que gostas de fazer ênfase no OCO porque és egocêntrico e gostas de falar da tua caixa craniana mas...está errado

outro facto que esqueces é que o futuro não existe
só existe enquanto construção da mente humana (sei que mente humana é uma coisa hermética para ti)
só existe o presente
ou seja, não é desinvestindo na educação e investigação, zurzindo na cabeça das PMEs para proteger os teus amigos gigantes de pés de barro, diminuindo salários e mantendo as tarifas de electricidade caras e incentivando malta do IST, Universidade do Minho e outros a emigrar que esse futuro vai deixar de ser uma série de fotogramas do presente e uma pescadinha de rabo na boca

Lamento mas não posso ter por ti a mesma consideração que tens por mim e retribuir o teu elogio
eu já faço muito ao chamar-te cagalhão zé quando tu não vales nem meia bosta dum espermatozoide dum boi almiscarado

Jaime Santos disse...

Não deixa de ser curioso verificar como esta crónica passa ao lado do debate que tem lugar no RU. Qual é o principal argumento dos defensores da saída do RU da UE? A dominação alemã da zona Euro? Não, porque o RU não faz parte da moeda única. A desigualdade crescente na Europa? Não, porque o RU já é uma das Economias mais desiguais do mundo desenvolvido. Os direitos sociais dos Britânicos? Não, porque esses estarão ainda mais postos em causas sem as parcas garantias das Leis Europeias, que o RU não subscreveu aliás completamente (ver http://europa.eu/rapid/press-release_MEMO-97-13_en.htm?locale=en). Não, o principal argumento é a Imigração, sobretudo de europeus de Leste. E não se pense que os já residentes, incluindo os Portugueses, não serão afetados pelo 'Brexit', por muito que Boris Johnson e associados clamem pelo contrário (alguém considera que tal personagem, ou Farage, tem uma ponta de credibilidade?). Não gosto que misturem euoceticismo de Esquerda com o de Direita, mas neste caso, João Rodrigues, está a deitar-se com a Revolução e irá acordar com Boris Johnson e a Extrema-Direita. Os Britânicos são contra a UE por todas as razões erradas... Como é que se diz 'E depois queixem-se' em Inglês?

Jose disse...

Badalhôco retiro os parabéns, és bem o representante da fossa em que habitas.
O que parecia trabalho mental não passa afinal de um vómito com melhor cor.

Anónimo disse...

Badalhoco? que palavreado é este e assim tão datadamente escrito?

Caridade? Que caridade é esta a cheirar a missa e a Jonets de ocasião?

Que falta faz um mínimo de educação e de qualificação. Em vez de repetir manuais sebentos e rançosos sobre o futuro e estratégia seria bom esclarecer o que é o TEMPO . E esas estória do futuro se tornar presente tem uma abordagem filosófica. pode ter uma física,histórica,cultural... mas não tem ainda uma abordagem ideológica ultra-montana e idiota.

Será asism este um ronceiro a tentar fazer pela vida. Dele e dos agiotas. Dele , dos agiotas e do FMI. Dele, dos agiotas, do FMI e dos banqueiros . A hipotecar o presente e o futuro em nome do Capital

Alice disse...

Gostei do comentário do José, para variar:
"Um país onde a produtividade não passou dos 70,1% da produtividade europeia"... e onde os salários de quem "gere" essa produtividade estão a 100% dos melhores níveis internacionais...

Anónimo disse...

"As decisões sobre as políticas sociais do Estado não pertencem aos cidadãos, através do exercício democrático, foram transferidas para os "cães de fila" do capital monopolista, as "agências de rating", que determinam sobre a capacidade dos governos garantirem os interesses dos credores, ameaçando, caso contrário com o aumento dos juros.

A austeridade é apresentada pelos propagandistas como política monetária e orçamental de "rigor" e "responsabilidade". Trata-se simplesmente da forma de transferir riqueza para o capital usurário e deste adquirir direitos sociais sobre as camadas trabalhadoras.

As políticas sociais são orientadas pelos critérios mais reaccionários do liberalismo do século XIX. As privatizações, a degradação da legislação laboral, a perversão dos direitos dos trabalhadores, retomam a tese de que o melhor que os governos têm a fazer é absterem-se de interferir tanto na economia como no social. É a liberdade irrestrita para o capital, a "flexibilidade laboral", ou seja, condicionar e tornar irrelevante a legislação laboral, "pois cada individuo conhece melhor o seu próprio interesse e luta por ele."

A questão que estes ideólogos do individualismo e da precariedade não colocam é: lutam como? A existência de um exército de reserva do trabalho e quadros legais que permitem a chantagem, garantem ao capital uma posição de força. Por isso, a unidade dos trabalhadores é sempre um alvo a abater: para o liberalismo: "os sindicatos violam a lei "eterna", por assim dizer "sagrada" da oferta e da procura" (Marx, O Capital, livro 1 tomo III)

Desmantelada a legislação laboral, para se atingir a "eficiência" neoliberal são impostas "medidas de ajustamento" orçamental aos Estados através de cortes nas suas funções sociais, mas deixando intocáveis os rendimentos dos mais ricos. A "competitividade fiscal" e os infames paraísos fiscais, obrigam a políticas fiscais regressivas – os que mais têm menos pagam – sob a ameaça de fuga maciça de capitais.

Anónimo disse...

"Para a oligarquia nunca foi questão de austeridade. Na UE entre 2008 e 2012 a banca fraudulenta recebeu ajudas diretas no valor 601,2 mil milhões de euros Em Portugal, a banca obteve centenas de milhões de euros de lucros anuais, porém entre 2008 e 2014 custou ao povo 19 500 milhões de euros, a que há que juntar 3 000 milhões em 2015 para o BANIF.

Em 2014, 24,4% da população da UE encontrava-se em situação de pobreza e risco de exclusão social. Em Portugal 27,5%, na Grécia 36%, na Alemanha 20,6% (dados Eurostat). Nos EUA 27% das crianças encontram-se abaixo do nível de pobreza. Sem apoios sociais quase 50% da população portuguesa estaria em risco de pobreza. Mas são os apoios sociais que a UE insiste que sejam reduzidos, com a ameaça de sanções.

A direita procura instaurar uma campanha alarmista afirmando que "o país está mergulhado numa crise colossal", porém tinha-se subservientemente comprometido com os burocratas de Bruxelas a mais um corte de 600 milhões de euros.

O neoliberalismo é um sistema parasitário para sugar dinheiros ao Estado e à população trabalhadora. Em Portugal, segundo a Autoridade Tributária os benefícios fiscais a entidades privadas atingiram em 2014. 1 027,8 milhões de euros, porém 0,42% de um total de 16 487 destas entidades absorveram quase 50% daquele montante.

Calcula-se que o rendimento das atividades do crime organizado possa atingir mais de 600 mil milhões de dólares por ano que são reciclados no circuito financeiro legal. A conivência dos Estados oligárquicos com esta realidade, apoiada pela finança, redes de advogados e outros intermediários, é evidente.

Com o domínio da oligarquia, as privatizações, a competitividade pelos "custos salariais", a carga fiscal passada para os trabalhadores, a liberdade irrestrita para o capital, os Estados tornaram-se disfuncionais, abandonando a obrigação de promover o bem-estar da maioria, tomando como sua prioridade "dar confiança e incentivos" ao capital.

É tempo de os povos deixarem de ter ilusões sobre mudanças na UE que os favoreçam e decididamente lutarem um Estado verdadeiramente democrático que defenda os seus verdadeiros interesses. O capital nunca cedeu algo aos trabalhadores sem lutas, por
vezes muito duras."

Daniel Vaz de Carvalho

Jose disse...

Curiosamente o financiamento da Caixa (CGD) parece tema que não interessa aos inimigos dos banqueiros e bancários.

Em tudo o mais é o mantra de que a economia é o que se decidir em eleições, o 'tudo a todos' democraticamente deliberado! Um continuado disparate para alimentar a debilidade mental de treteiros.

Anónimo disse...

Ora bem. Talvez seja melhor o dito jose ( conhecido no bas fond como Jgmenos ou qualquer outro nick que lhe sirva os apetites, as manhas e os fundilhos) ler o excelente post sobre o tema colocado por João Rodrigues.

Não faz esta figura de parvo e de cobarde a tentar desviar para o que não se está a discutir.

Embora continue a mostrar e cito-o, a sua debilidade mental de treteiro