sexta-feira, 3 de junho de 2016

Pensar na libertação

O Governo actual, através do orçamento e do programa de estabilidade, mostra que é possível fazer uma repartição mais justa dos custos da austeridade, mas igualmente que não consegue dar o impulso decisivo para um crescimento económico que possibilite a resolução dos constrangimentos estruturais que esmagam a economia e sociedade portuguesas. Isto porque, sendo muitas as diferenças entre o anterior e actual governos, há uma linha comum que os liga: o rigoroso cumprimento "dos compromissos inerentes à participação de Portugal na Zona Euro".

Octávio Teixeira, Libertar-se das amarras, Jornal de Negócios.

E já que estamos a falar de amarras, recomendo também que escutem a intervenção do Jorge Bateira, precisamente numa sessão sobre a libertação do país face ao Euro e restantes amarras pós-democráticas, propondo a constituição de uma ampla frente para efectuar tal tarefa, em linha com uma discussão que vai fazendo o seu caminho em múltiplos países do continente.

17 comentários:

Anónimo disse...

Pensar e lutar na e pela libertação.

"Os Estados mais frágeis da zona euro estão numa situação dramática. Perderam um dos aspetos centrais da soberania: a capacidade de criar moeda. Os burocratas do BCE, podem ao abrigo de critérios arbitrários, não fornecer moeda ao país, não permitir o funcionamento de um banco, sem que o Estado tenha qualquer poder de interferência, obrigado a cumprir as suas determinações sob pena de sanções. Voltamos ao tempo dos ucasses.
...
O processo imposto na UE está a criar situações de neocolonialismo semelhantes às dos países ditos em desenvolvimento. Em 2015 estes Estados receberam de "ajudas" 133 mil milhões de dólares, porém pagaram de juros aos credores 182 mil milhões e a transferência de lucros das transnacionais ascendeu a 678 mil milhões… Eis a que se resumem as "soluções" dos propagandistas a favor do "investimento estrangeiro" sob as regras do neoliberalismo.

Nos últimos cinco anos (2011-2015) o Estado português pagou de juros quase 40 mil milhões de euros, até 2017 aquele valor cresce para 57 mil milhões (dados AMECO). O país trabalha e empobrece para pagar aos credores devido às regras da UE e do euro, que levaram o país à estagnação económica: em 15 anos, desde 2001, o PIB teve um crescimento real de…0,4%. Absoluta disfuncionalidade económica e financeira.

A financeirização foi imposta em nome da eficiência e da democracia, suportada por preconceitos anti Estado. Aquilo que seria a "economia de sucesso" capitalista, traduziu-se num enorme falhanço: sucessivas crises, estagnação, desemprego, esmagamento dos Estados e dos cidadãos pelo endividamento e pela especulação. Desde 2008, os oito maiores bancos europeus anunciaram 100 mil despedimentos, tiveram 375 mil milhões de euros de perdas. Em 2015, o Deutsche Bank teve uma perda recorde de 6,8 mil milhões de euros.

Recusando todas as soluções que de alguma forma belisquem os interesses oligárquicos, o sistema financeiro global permanece em crise, com ameaças de novas bancarrotas que irão aumentar a concentração monopolista e cujos custos são sistematicamente transferidos para os povos. De facto, "o sistema financeiro representa uma maior ameaça que o terrorismo"
http://resistir.info/v_carvalho/estados_disfuncionais_1.html
Daniel Vaz de Carvalho

Jose disse...

Onde os libertadores iam buscar divisas para os seus projectos de expansão económica fica sempre no limbo.
- Por empréstimos não têm o descaramento de dizer ser possível.
- Por uma brutal desvalorização dos salários não têm coragem de o dizer.
- Pela restrição das liberdades indispensável ao controlo de capitais...fica para depois.

A não ser que contém com a CEE para lhes propiciar a reversão e já agora a indeminização por danos causados!!!!

Anónimo disse...

"libertadores"?
O que será isto? Libertador do Capital? Mas o capital sabe muito bem onde vai buscar dinheiro.
E colocá-lo nos offshores, não é mesmo ó das 13 e 32?

Anónimo disse...

A agitação rápida e agitada do que posta às 13 e 32 confirma várias coisas.
Que está agitado. E que tem que agir em conformidade.

Repare-se como se torna piegas pela ameaça da restrição das liberdades ao necessário controlo dos capitais. Esta choraminguice em torno dos capitais vem confirmar o vende-pátrias que assim dá de barato uma das alavancas essenciais à indepedência nacional.

Paralela com os comentários grosseiros, racistas, xenófobos, desprezíveis e abjectos sobre a mesma a liberdade...mas agora dos cidadãos

Jose disse...

Alguém me troca este leitor de pensamento pela Maya ou alguém mais qualificado?

Anónimo disse...

A reversão dos danos e o das 13 e 32 pela sua própria escrita:
"Estes coirões do progressismo piegas, à força de não serem coisa alguma dizem-se muti-toda-a-merdae o que se traduz em serem o contrário de tudo que seja senso comum,
Só encontram lenimento para a sua irreversível mediocridade espalhando dúvidas e culpas e insegurança em tudo que os rodeia.
A acção profilática consiste em denunciá-los até que recolham aos seus bafientos colectivos onde interminavelmente se catam"
26 Setembro, 2015 12:21

Percebemos que afinal este tipo anda aqui de profiláctico ao peito, numa mão o missal do capital e na outra a vergasta para trazer ao redil quem não lhe obedeça às suas certezas e ás suas seguranças.

Pelo que a ode aos salários é apenas a hipocrisia dum que costuma fazer estas cenas, sempre que tais justifiquem a profilaxia do " rapaz" em questão.

Tal como os safanões a tempo de Salazar

Anónimo disse...

Quando as amarras estão ressequidas e endurecidas com o tempo, como e´ o caso, só o machado de salvação as pode cortar. Gíria da marinhagem antiga…
Os referendos fazem parte da democracia burguesa,
Por que não um referendo sobre a saída de Portugal da U.E. ?
Não que não haja razão para sairmos conforme entramos – sem consulta popular…mas uma cedência democrática desta natureza e´ salutar, muito embora o Bloco Central (PS-PSD) não o mereçam… Não me obriguem a vir para rua gritar..!
De Adelino Silva

Anónimo disse...

Na mouche.

A choraminguice pela restrição das liberdades ao necessário controlo dos capitais acentua-se. E torna-se assaz piegas

Esbaforido corre a chamar pela Maya. O suor apenas lhe acentua o catar caseiro.

Anónimo disse...

Alguém aí em cima lastima-se pelo eventual risco da liberdade de circulação do capitais.
E fala nos empréstimos e fala na desvalorização dos salários e até fala nas indemnizações e nos danos e na sua amiga Maya.

Vamos ser objectivos e deixar esta linguagem de propagandista do regime em regime de propaganda venal.

"O relatório da OXFAM relativo a 2015, confirma que os mais ricos estão cada vez mais ricos. As desigualdades aumentaram de tal forma que 62 bilionários detêm tanto como metade da população do planeta: 3,6 mil milhões de pessoas. Desde 2010 a riqueza daqueles 62 aumentou 500 mil milhões de dólares, passando para um total de 1,76 milhões de milhões. Enquanto isto ocorre metade da população do planeta vive na pobreza como menos de 2 dólares por dia e 22.000 crianças morrem todos os dias por causas imputáveis à pobreza. (UNICEF).
Note-se ainda que em 2010, 388 bilionários possuíam metade da riqueza mundial. Em 2013 já eram só 85. Agora são 62, cujo “valor” em termos capitalistas é equivalente – na realidade superior - ao de 3 600 000 seres humanos".

Anónimo disse...

"Na origem do agravamento desta situação está a perda do controlo público sobre a economia e a finança, a incapacidade do Estado adoptar uma estratégia decididamente antimonopolista.
Entretanto as camadas trabalhadoras são espoliadas, o grande capital goza de liberdade sem limites, legal ou ilegalmente deixa de pagar impostos e escondem as suas fortunas em paraísos fiscais, os Estados endividam-se.
Em 2008, a dívida mundial era de cerca de 30 milhões de milhões de dólares. Atualmente está em cerca de 60 milhões de milhões. Mais de 32% pertence aos EUA. Portugal representa neste total 0,40%.
O sistema não é sustentável e tem como solução impor ainda mais austeridade aos mais pobres. Sete em cada 10 pessoas vivem em países onde a desigualdade económica aumentou nos últimos 30 anos. Nos EUA o 1% dos mais ricos confiscou 95% do crescimento económico após a crise de 2008, enquanto 90% da população empobreceu"

Hugo disse...

Leiam este post de ontem de YAnis Varoufakis sobre a tragédia Grega. Há uma divida moral para com todos os que vivem em pleno sobressalto e sofrimento nesta europa e neste mundo, isto é absolutamente claro. Yanis Varoufakis não defende que os países da zona Euro abandonem a moeda única.

Anónimo disse...

Varoufakis não defende.E depois? Infelizmente Varoufakis claudicou quando os gregos mais precisavam dele e não soube estar à altura do mandato popular

Poder-se-á dizer que outros se portaram muito pior, como Tpsiras. Mas tal não serve nem de consolação nem de exemplo.

Num lúcido parágrafo de João Rodrigues sobre os europeístas e Varoufakis:

"Diz que isto é a esquerda europeísta na Grécia. Esquerda não será no que conta, nas políticas, mas lá que é europeísta disso não restam dúvidas. Isto é a integração realmente existente: a destruir esquerdas desde pelo menos os anos oitenta, os da regressiva viragem de política económica de Mitterrand e de Delors, em 1983, em nome da integração económica e monetária, como Varoufakis reconhece no seu último e frustrante livro, dado o abismo intransponível entre a força do diagnóstico e a fraqueza da prescrição e da estratégia política subjacente".

E a prova desta débil resposta aos problemas que enfrentamos está aí em toda a sua extensão, nesta "solução" ingénua mostrando que aprendeu muito pouco com o que se passou e passa na europa

Anónimo disse...

Cinco palavras que dizem tudo sobre o projecto europeu:

«Dans un entretien à la chaîne Public Sénat cette semaine, Jean- Claude Juncker expliqué qu'il ne cessait de donner des dérogations à la France en matière budgétaire "PARCE QUE C' EST LA fRANCE" et "qu'on ne peut pas appliquer le pacte de stabilité de façon aveugle".
http://otempodascerejas2.blogspot.pt/2016/06/para-nunca-mais-esquecer.html#links

C'est la France e c'est la Allemagne bien sûr

Aleixo disse...

A "INÉRCIA BRUTAL" do poder legislativo/executivo
da democracia representativa,

a uma qualquer reforma estrutural (...aqui sim, incontornável! ) ao seu exercício,

e a falta de instrumentos para questionar o poder das estruturas organizadas,

comprova o ardil subjacente ao petrificado "Tratado", do "manda quem pode, obedece quem deve!"

só possível de revogar...em Marte!

(...também pode ser, por CONVULSÃO. )

Anónimo disse...

A marcar passo também se vira ´a esquerda como dizia o poeta militante. Falamos muito da culpabilidade dos outros para disfarçar a nossa incapacidade de nos unirmos.
Pode muita gente aceitar esta situação política degenerativa. Mas em minha opinião não há pior coisa em política como não ser carne nem peixe… faz crescer a desconfiança entre as pessoas…Querem-me fazer acreditar que o PS arquicentrista, o PS, aquele partido que tudo fez para que Portugal e os portugueses se amarrassem a´ CEE, o PS que se conluiou com a direita para que o povo não pudesse dizer Sim ou Não em referendo. Que este PS não e´ o mesmo PS federalista, quando recentemente Jorge Coelho afirmou-se federalista convicto e o Tony Costa afirmou que tudo será feito rigorosamente no quadro da CEE! Me engana que eu gosto… de Adelino Silva

Hugo disse...

Anónimo da 1:57

Não me parece justo dizer que Yanis Varoufakis claudicou quando os gregos precisavam. O governo grego optou por se render ás forças de ocupação, Varoufakis não iria ceder, e neste contexto não ceder significa ter uma estratégia para equilibrar as forças na perspectiva de uma verdadeira negociação. Sugiro que se informe sobre o que realmente se passou.

Quando disse que Varoufakis não defende a saída do Euro foi para trazer para a conversa a perspectiva dele, que está longe de ser infundada.

Anónimo disse...

Varoufakis claudicou. Compactuou com o primeiro-ministro e não assumiu na altura, o que veio dizer depois. Que este era um cobarde e que ficou aflito com a vitória do Não. Preferiu retirar-se em vez de denunciar o complot. E isso paga-se caro. Até na sua posterior credibilidade, embora seja correcto dizer que a sua apreciação das causas tem aspectos correctos. Que não das soluções, duma pobreza e duma impotência confrangedoras

Sugiro que se informe sobre o que realmente se passou