quinta-feira, 3 de março de 2016

Insistir

[F]ui percebendo como a perda de soberania não corresponde apenas à perda de democracia, o que seria já de si bastante grave. Mergulha o povo numa espécie de indignidade coletiva. Sim, os últimos anos fizeram de mim, talvez por amor-próprio, um patriota.
Daniel Oliveira

[C]omo as elites portuguesas desconfiam de si mesmas, achavam – e continuam a achar – que o país ficava melhor protegido sob o jugo da burocracia europeia do que sob comando nacional (…) Se há um debate que se impõe, ele é sobre a nossa actual e futura participação no processo de desconstrução europeia em curso.
João Cardoso Rosas

Excertos de mais duas crónicas que desafiam a sabedoria ainda convencional em temas que estão obviamente ligados. De facto, e insisto, trata-se de um tipo de reflexão, a partir de diferentes tradições político-ideológicas democráticas, que tem de multiplicar-se, até porque a tendência dos últimos anos é clara e já fomos menos a (re)descobrir, implícita ou explicitamente, perspectivas deste tipo, ainda que nem todos tirem ainda todas as implicações programáticas que se impõem. Seremos cada vez mais e as implicações serão todas tiradas? Confio que sim: o que tem de ser, a partir de fora, tem muita força, cá dentro.

12 comentários:

fernanda disse...

Apenas me ocorre um comentário: lembro que as elites, particularmente as mais ligadas ao dinheiro e aos proventos materiais sempre se bandearam para o lado que melhor garante a continuidade das suas mordomias; o seu pretenso patriotismo é só para consumo dos papalvos. Lembro por exemplo que na famosa e exemplar crise dinástica de 1383 bandearam-se alegremente para o lado de Castela e não tiveram qualquer problema de consciência. Agora apaparicam a srª Merkel e defendem como um problema de honra que paguemos tudo o que devemos mesmo que o país pereça, claro que eles não vão perecer com o país, já têm garantido salva-vidas.

Jose disse...

O primeiro não define o que seja ser patriota - acompanhou alegremente um endividamento de anos sem rebuço ou indignação e não me consta que advogasse a recusa das ajudas associadas ao processo de integração.
O segundo, não sei a que chama elites, quando há uma para cada cor do arco-íris sem que reconheçam um qualquer comum destino para o país.

Anónimo disse...

Perfeitamente de acordo. Tanto com João Rodrigues como com Fernanda.

Anónimo disse...

Quem diz as barbaridades que diz sobre um "acompanhamento alegre e sem rebuço e sem indignação" associado a "recusas de ajudas ao processo de integração" merece que sejam feitos esclarecimentos porque tais bacoradas não podem passar impunes.
As ajudas ajudaram sobretudo quem forneceu estas ajudas. E tais ajudas tiveram como destino precisamente a classe associada ao das 23 e 38.

Mas merece mais esclarecimentos.A definição de "patriota", ou melhor "nacionalista" cabe por inteiro no dito cujo.Adivinha-se, mercê do seu saudosismo pelos tempos do fascismo, o acompanhamento contentinho e saltitante dos seus familiares às missas patrióticas cheias de naftalina, catarro e bolor.Nessa altura tratava-se de protecção do colonialismo e do capitalismo monopolista de estado. Há alguns anos, em processos de auditorias manhosas e comprometidas, acompannhava em situações dúbias flamengos de dúvidosa reputação. Foi dos primeiros a querer a troika, a implorar pela troika , a berrar pela troika e ainda suspira pela dita.Os seus requebros pelos agiotas e pelos credores fazem prova do carácter desta direita e extrema-direita que se vende por dez tostões quando tal serve os seus interesses de classe. As suas odes ao lucro constituem missas abreviadas ao capitalismo selvagem e sem escrúpulos. O aprendizado em alemão seria o passo inevitável para quem gosta de obedecer à mão que lhe dá comida (SIC), mas a sua aversão ao conhecimento tem sido um obstáculo.

Anónimo disse...

A ignorância sobre o significado de "elites" tem também ou a marca da ignorância ou a marca da manipulação ou a marca de ambas. "A palavra Elite era usada durante o século XVIII para nomear produtos de qualidade excepcional. Posteriormente, o seu emprego foi expandido para abarcar grupos sociais superiores, tais como as unidades militares de primeira linha ou os elementos mais altos da nobreza. Assim, de modo geral, o termo 'elite' designa um grupo dominante na sociedade ou um grupo localizado em uma camada hierárquica superior, em uma dada estratificação social".
Nem sequer estamos a falar em termos de doutrina marxista,estamos apenas a dar o nome aos bois.

Falar em arco-íris é a forma manhosa e trapaceira de ocultar que há quem mande, que há uma classe dominante, que há quem explore e viva dessa exploração.O comum destino do país torna-se assim uma treta porque não há de facto nenhum comum destino entre por exemplo a Maria Luís Albuquerque, (que assume negócios privados com quem os teve enquanto governanta) e quem foi despedido pelas políticas desta senhora. E os exemplos podem multiplicar-se até ao infinito.
A situação torna-se ainda mais caricata quando nos lembramos do "patriotismo" das nossas ELITES. Aqui vamos-nos socorrer do comentário da Fernanda. "Na famosa e exemplar crise dinástica de 1383 bandearam-se alegremente para o lado de Castela e não tiveram qualquer problema de consciência". Pois claro que não.Os seus interesses estavam em jogo´. "Agora apaparicam a srª Merkel ". Pois claro que apaparicam e quem fala em comum destino do país é precisamente um deles.
A traição e a vilania é um traço distintivo das ditas elites e dos seus apaniguados. A admiração franca e desavergonhada por Pétain, um colaboracionista traidor, é o carimbo da veracidade dos factos e da repulsa pela identidade nacional de tal tipo de gente

Abraham Studebaker disse...

Anónimo das 11:21 - Penso e sinto como tu,sobre o assunto em causa. As ditas elites sabem-se prostitutas,traidoras e colaboracionistas. Ainda assim espanejam os próprios horrores em todo o sítio que podem. E o espectáculo é o que vemos.se precisássemos de explicação...

Jose disse...

e·li·te
(francês élite)

substantivo feminino

1. O que há de melhor e se valoriza mais (numa sociedade). = ESCOL, FINA FLOR, NATA

2. Minoria social que se considera prestigiosa e que por isso detém algum poder e influência.

Para benefício dos grunhos ...

Anónimo disse...

Para benefício de quem?
"Grunhos"????
Tchtchtcht...ainda serão vestígios da geringonça a funcionar? A excelente mãe, pessoa de espírito aberto e desprovida de tabus sociais e raciais, não conseguiu corrigir essas peporrências?

Agora o dicionário. As frases aqui apostas,copiadas duma forma infantil, não aduzem nada ao já dito; Mantém-se a acção de mais "mistificações" portanto
A frase original"não sei a que chama elites, quando há uma para cada cor do arco-íris" foi desmascarada como treta. Ao cotejarmos com o agora copiado do dicionário vemos que se continua a insistir na mistificação do significado de Elites, como se elas fossem muitas e como se as elites da literatura, ou da pintura, ou o que quer que seja, estivessem aqui em jogo. Como se o poder não fosse o poder e não repousasse nas mãos de quem repousa.
Elite, elites,tem,têm um significado concreto. Elite tem um significado tão concreto que obriga um pobre coitado e irado a tentar apagar o que se debate,desviando para canto ao som do arco-íris e das suas cores.

Será que o pobre coitado se reviu nas elites que traíram o país,como no exemplo da crise de 1383-1385?
Provavelmente o Miguel de vasconcelos que compartilhava a cama e o poder não fazia parte do poder, digo mais , da elite do poder. Ou a tralha toda que ocupa este, desde Cavaco até Passos Coelho, desde Carlos Costa até Luís Albuquerque, desde Belmiro até Ricardo Salgado não constituem a fina flor, o escol, a nata ( sem maiúsculas porque não estamos para falar como pseudo-virgens)do poder ?
Curiosamente ( ou talvez não) todos os nomes agora citados tiveram odes panegíricas e assaz piegas de quem anda aos "grunhos".
Curiosamente ( ou talvez não) esta necessidade patética de defender o poder miserável e abjecto , as elites que nos governam e se governam, teve em Passos Coelho e Portas um gesto por demais significativo. Aboliram o eriado do 1º de Dezembro, altura em que os portugueses mandaram as elites espanholas e os traidores portugueses para o raio que os partiu.

Jose disse...

A noção de elite sempre perturba os medíocres, cuja mediocridade sempre se exprime pela ambição de que nada os suplante; de tal modo a isso os obriga o medíocre bestunto que, sabendo-se necessariamente destinados a serem pastoreados, exigem dos seus pastores que a todo o tempo se proclamem seus iguais e formulem as mais elaboradas teorias para enaltecer os medíocres e a sua mediocridade.
Assim, se lhes falam em elites, sempre as tomam por inimigas e, na singeleza do seu espírito, sê-lo-ão todas as que não se identifiquem como seus pastores.
Uma lástima!

Anónimo disse...

Mais uma vez a linguagem não engana a mostrar que a abertura da excelente e pobre mãe não teve correspondência a do filho.

Pasme-se com esta (um pouco suspeita) ode às "elites" que, de "arco-íris", se transformam num panegírico às ditas cujas.

Deixe-se para lá o "medíocre bestunto,o necessário destino, a exigência do pastoreio, o enaltecimento dos medíocres e a mediocridade enaltecida". Qualifica-o como o que é. e estamos conversados neste aspecto.

Veja-se o silêncio perante o exposto aí em cima, o abandono acobardado do dicionário e a defesa daquelas elites aqui citadas, essas mesmas, travestidas umas vezes de Miguel de vasconcelos, outras de Cavaco e Passos Coelho, de Carlos Costa e de Luís Albuquerque, de Belmiro e Ricardo Salgado, a fina flor, o escol, a nata ( sem maiúsculas porque não estamos para falar como pseudo-virgens)
Curiosamente ( ou talvez não) mantém-se as missas assaz piegas em torno de tais elites, "esquecidos" os derivativos de fuga em torno dos arco-íris e das suas cores.

Uma lástima ( sem ponto de exclamação porque não estamos para falar com estes requebros).

Jose disse...

O Correio da Manhã é o mais ineficiente órgão de informação.
Ao longo de anos a dissecar o líder Sócrates não o consegue arredar do Olimpo da Esquerda!
Nunca aparece nas listas dos maus da Republica!
Surpreendente?
Não, de todo.

Anónimo disse...

Suspiro.

Até onde vai este processo de fuga, este silêncio perante o exposto aí em cima? Deixámos para trás as fitas em torno do dicionário, dos pastores, da linguagem directamente pesporrenta a denunciar caracteres e personagens.
Passámos agora ao Correio da Manhã.

Isso será desespero, algum comportamento aditivo, incapacidade argumentativa ou manifestações cognitivas duam antiga data de nascimento?