segunda-feira, 15 de outubro de 2007

A economia como engenharia social fictícia

A atribuição do prémio «em memória de Alfred Nobel» da economia a Leonid Hurwicz, Eric S. Maskin e Roger B. Myerson é tão surpreendente quanto desapontadora. Discordo por isso de Helena Garrido e por estranho que possa parecer concordo com a análise de Peter Boettke. Para quem entende a economia como uma ciência histórica e social que trata da acção humana enquadrada por instituições mutáveis, na linha destes dois economistas, estes exercícios formais são de pouco interesse. Além disso, não me parece correcto dizer que o seu trabalho tem sido «muito útil para as operações de leilões - de emissão de dívidas ou nas privatizações - assim como no sector segurador». Esta é uma história que muitos economistas contam para se convencerem da utilidade dos seus exercícios. Mas a pesquisa histórica sobre o seu real papel no desenho de mecanismos de mercado mostra que tal reivindicação é de muito reduzida validade.

PS- Os liberais intransigentes não andam em grande forma teórica. Acho que já não é a primeira vez que vejo supostos herdeiros de Hayek confundirem a sua tese sobre a natureza dispersa e fragmentada do conhecimento com o paradigma, perigosamente intervencionista, da informação assimétrica em economia.

3 comentários:

filipe canas disse...

Caso ainda não tenham lido, acho que este artigo vos é capaz de interessar.

http://www.opendemocracy.net/article/nobel_by_association_beautiful_mind_non_existent_prize

Cumprimentos.

Ricardo G. Francisco disse...

Razão utilitária para não corriir falhas de mercado do tipo informação assimétrica: O custo de correcção pode ser maior do que o benefício da correcção

Razão ideológica: Independentemente do custo, a intervenção será financiada com recursos recolhidos à força - os impostos.

João Rodrigues disse...

Obrigado canetas pela referência.