Estas políticas regressivas não contaram com o apoio incondicional do partido. Pelo contrário, em 2005, o ex-ministro das finanças de Shroeder, Oscar Lafontaine, liderou uma cisão e criou o WASG, um partido que não esquecia o que é a social-democracia. Este partido veio a coligar-se com o PDS (Partido do Socialismo Democrático), herdeiro do partido comunista da RDA, com uma forte implantação na antiga Alemanha de Leste, que nos anos noventa atravessou uma profunda renovação ideológica. Esta junção de vontades foi muito bem sucedida. Graças à deriva liberal do SPD, a coligação obteve 9% dos votos, vindo, mais tarde, a resultar num novo partido, o Partido da Esquerda. Hoje, as sondagens tornam-no o terceiro partido alemão, à frente de liberais e verdes.
Isto tudo, para explicar a encruzilhada com que o SPD se depara. O partido continua no governo chefiado pelos conservadores de Angela Merkel, mas as sondagens dão-lhes 25% dos votos, um recorde negativo. Face a esta situação o Partido da Esquerda propôs uma coligação no governo no início do Verão, substituindo a actual SPD-CDU. A coligação foi rejeitada e o congresso do passado fim-de-semana deixou, grosso modo, tudo na mesma. Não basta um discurso "mais social e mais «próximo das classes assalariadas»", se a orientação no governo continua a mesma. Enfim, retrato de um partido agarrado ao poder, em crise, que recusa olhar para a esquerda.
Não é difícil imaginar um cenário futuro, parecido ao alemão, num certo país do canto sudoeste da Europa...
8 euros de salário mínimo (por hora). Garantido por lei.
Partido da Esquerda.
Partido da Esquerda.
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