sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Ainda bem que temos a CGD

Acho que Jerónimo de Sousa tem toda a razão. A nacionalidade do capital não é sempre irrelevante. Agora também acho que a única garantia, em tempos de globalização, de que a propriedade de empresas estratégicas fica em mãos nacionais é o seu controlo público. No caso concreto da fusão acho que a coisa se pode resumir mesmo a «concentração do sector financeiro nas mãos de uns quantos, ainda por cima sem a garantia de que fique nas mãos do capital nacional». De qualquer forma a esquerda faz bem em afastar-se de algumas das formulações mais deterministas e equivocadas de Marx sobre a possibilidade de uma utópica economia mundial capitalista sem barreiras gerar qualquer processo de uniformização das condições de desenvolvimento ou de vida. Sempre achei que nestas questões a esquerda deve mesmo preferir List a Marx.

3 comentários:

timshel disse...

penso que, nesse aspecto, Marx tinha razão

contudo, tal não significa que o "processo de uniformização das condições de desenvolvimento ou de vida" em termos mundiais vá significar uma diminuição das desigualdades, pelo contrário

só que essas desigualdades já não serão tão visíveis geográficamente

daí que só uma regulaçao mundial social e ambiental possa contrariar essa uniformizaçao selvagem em que as desigualdades se acentuam em termos mundiais

nao sera no futuro ja tanto um problema de desigualdade entre paises pobres e paises ricos mas entres cidadaos pobres do mundo e cidadaos ricos do mundo, entre os menos capazes do mundo e os mais capazes do mundo

fiz alusao a esta problematica neste post

http://timoteoshel.blogspot.com/2007/10/o-que-no-deve-ser-globalizao.html
(em que ate vos linkei)

Fábio disse...

Será o mercado do crédito diferente por contarmos com a CGD púiblica?...

Há uns tempos na CGD, quando requeri uma coisinha qualquer, entregaram-me um papel para assinar, em que renunciava ao exercício de anulação do pedido que estava a fazer (e que legalmente poderia exercer, sem qualquer inconveniente, no prazo de 2 semanas). Insurgi-me com a situação, disse à funcionária que a CGD era um banco público e não percebia porque razão me pediam para renunciar a um direito reconhecido na Lei. Ela disse-me que eu poderia compreender que a Caixa não tem interesse em processar um pedido, para depois o cliente voltar atrás... Retorqui-lhe que o argumento dela era absurdo, visto que era precisamente a possibildade de "voltar atrás" que a Lei atribuía ao cidadão-consumidor e que, obviamente, eu não tinha tempo a perder para ir ao banco dar ordens, sabendo previamente que uns dias mais tarde ia dar o dito por não dito.

Uma conversa de surdos, digna do grande capital que despreza o cidadão...

O único interesse da CGD ser pública é o de 100% dos seus lucros cairem na alçada do Estado (isto é, de todos nós), sabendo nós que a venda do banco seria provavelmente danosa para interesse público.

Anónimo disse...

Tenho de discordar num ponto: não é por a CGD ser do Estado que trata melhor os clientes, pois não?

Além disso, caso se verifiquem falcatruas como a que se está a revelar no BCP, quem pagaria a factura não seriam unicamente os accionistas privados, mas sim todos os Portugueses via impostos e OE.