Depois de ter previsto, em Outubro, uma quebra do PIB de 2,2% para 2012, o comité executivo que gere os interesses colectivos da bancarrotocracia, também conhecido por Banco de Portugal, vem agora rever a sua previsão para uns provisórios 3,1%, alinhados com a troika e com os cem mil empregos que serão destruídos. O BdP tenta naturalizar a quebra da procura interna, efeito bem keynesiano da austeridade, mas também, e cada vez mais, da procura externa, efeito da austeridade dos outros, a começar pelo país ao lado, para onde vai um quarto das exportações. Diz que é a correcção dos "desequilíbrios macroeconómicos básicos", como se houvesse algo mais básico a este nível que o emprego, assim revelando como este euro está estruturado para gerar dependência externa nas periferias, que beneficiou bancos tão especializados na expropriação financeira como protegidos nacionalmente pelo BdP, e formas destrutivas e ineficazes de a debelar. Neste contexto, importa também repetir pela enésima vez: o governo pode tentar controlar, de forma mais ou menos incompetente, a despesa, não resistindo ao poder que os bancos têm de transferir despesas para o orçamento, mas acaba por não controlar o défice, até porque não controla a reacção negativa do resto da economia às medidas que atrofiam uma procura de que depende tudo o resto. Entretanto, como consequência desta opção de política económica europeia e com tradução nacional particularmente injusta, ao nível dos hábitos predadores destas elites, teremos certamente novas medidas no mesmo sentido de sempre, que gerarão novas revisões, sempre no mesmo sentido. Tudo isto será patrocinado por Gaspar e apoiado por Costa, apoiado pelos que acham que a crise é uma grande oportunidade para o seu projecto radical antigo, há muito vertido em documentos do BdP, apoiado pelos que têm sempre a palavra “eficiência” na ponta da língua, enquanto contribuem para destruir capacidades produtivas, infra-estruturas colectivas e o processo da vida que lhes está associado.
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
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1 comentário:
O que mais me surpreende por estes dias é o desfilar de discursos económicos que só falam da crise e de mais medidas de austeridade que só irão piorar as nossas vidas. Não se vislumbra uma saída mas, mesmo assim, ouvem-se umas vozes a dizer que em 2013 já estaremos em estagnação económica, isto é, teremos atingido o "fundo do poço" e que portanto estaremos a iniciar a recuperação económica. A minha questão é: em que dados se baseiam as mentes brilhantes que acreditam numa recuperação já em 2013? Se o tecido económico e social for severamente destruído como é que se põe a economia a crescer saudavelmente num tão curto espaço de tempo? Penso que isto não funciona ao ritmo do calendário eleitoral...
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