segunda-feira, 26 de maio de 2025
Vazio despovoado
“Precisamos de recentrar o PS nas pessoas”, afiançou Marina Gonçalves no Público.
Vá lá perceber-se porquê, lembrei-me de uma passagem de um poema de Natália Correia, brilhantemente popularizado por José Mário Branco, “somos vazios despovoados de personagens do assombro”.
A social-democracia é hoje uma das expressões do “governo do vazio”, como escreveu o teórico político Peter Mair, esvaziada que foi pelo consenso euro-liberal com décadas, agora militarista até à medula.
Ainda tinha ilusões europeístas, em 2008, quando escrevia no Negócios, e já assinalava esse esvaziamento. Um exemplo entre tantos outros da sua expressão nacional: dos menores parques habitacionais públicos da UE, em percentagem do parque habitacional, num país com um dos menores níveis de investimento público, em percentagem do PIB.
O fim da linha é esta conversa sobre as “pessoas”, totalmente desprovida de substância social, programática, de tudo. José Luís Carneiro será só a encarnação da “condição póstuma” de um P sem S e em breve sem P, mudo, sem vontade. Nada, zero, fim.
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