quinta-feira, 15 de maio de 2025

Epílogo de um fracasso anunciado


1. Depois de ter encomendado, no início de dezembro, uma auditoria externa com «caráter urgente» sobre o número de alunos sem aulas - e de a sua entrega ter estado prevista para março, sendo adiada para abril e depois para maio - o ministro Fernando Alexandre admite agora não saber «se vamos ficar a saber» quantos alunos ficaram sem aulas, a que disciplinas e durante quanto tempo.

2. Como referido aqui, nada obsta, antes pelo contrário, que Fernando Alexandre desenvolva novos parâmetros, mais precisos, para monitorizar o número de alunos sem aulas. O que não é suposto, nem aceitável, é que esse objetivo sirva de justificação para não tornar pública a evolução, no início ou final de cada período letivo, do indicador usualmente utilizado, relativo ao número de alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina.

3. Será que o ministro acha que consegue convencer alguém da dificuldade em apurar este indicador, como se não bastasse perguntar às escolas, num dado momento, quantos dos seus alunos não têm aulas a pelo menos uma disciplina? Será uma informação assim tão complexa, nos seus termos e na sua recolha? Ou também neste caso Fernando Alexandre prefere responsabilizar os serviços e as alegadas «debilidades» dos «sistemas de informação»?

4. A aversão do ministro a divulgar o número de alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina também não é explicável, por outro lado, por se tratar de um indicador alegadamente grosseiro. De facto, Fernando Alexandre e a sua equipa não hesitaram em utilizá-lo como referência no «Plano +Aulas +Sucesso» (ver imagem), apresentado em junho, permitindo fixar, justamente, a meta de redução de alunos sem aulas, em 90%, no final do 1º período.

5. Não havendo uma razão atendível, resta de facto admitir que o governo opta por omitir o número de alunos sem aulas para não «condicionar as eleições», confirmando «que as medidas adotadas foram incapazes de dar respostas» à falta de professores. Tanto mais quanto as estimativas da FENPROF e da Missão Escola Pública apontam hoje para um valor a oscilar entre 20 e 30 mil, próximo, portanto, dos 22 mil alunos que não tinham, em maio do ano passado, aulas a pelo menos uma disciplina.

1 comentário:

Lowlander disse...

Repito o que ha muito digo sobre esse individuo "ministrado" baseado nas interacoes que tive com ele em blogues: O Fernando Alexandre continua sendo o que sempre foi - um pulha intelectualmente desonesto.