De acordo com os dados mais recentes do INE, o valor mediano da avaliação bancária de imóveis atingiu no mês passado não só um novo máximo histórico (1.866 euros/m2), mas também a maior variação homóloga (16,9%) desde janeiro de 2011. Isto é, desde que há registos. Este novo aumento insere-se na tendência de aceleração da subida dos preços dese o início de 2024, depois de um período marcado pela redução progressiva dos aumentos.
Há um dado curioso na evolução recente deste indicador. Diz respeito ao facto de, contrariando a tendência registada até ao final de 2023, a variação dos preços - na perspetiva da avaliação bancária de imóveis - deixar de acompanhar a evolução da inflação. De facto, pela primeira vez, a uma estabilização dos valores da inflação em níveis mais baixos (a oscilar entre 2% e 3%) não corresponde uma estabilização dos valores da avaliação bancária, que disparam.
O efeito do aumento da procura na subida dos preços, com o contributo da descida das taxas de juro, surge assim como uma das hipóteses mais convincentes para explicar este desfasamento. Mas entra aqui também o incontornável efeito das medidas fiscais de incentivo à procura adotadas pelo governo da AD (a par da supressão dos escassos mecanismos de regulação do mercado), cujo simples anúncio foi suficiente - segundo os próprios agentes do setor - para uma aceleração do aumento dos preços ao longo de 2024.
Sublinhe-se, uma vez mais, que o problema não se resume, como continuam a tentar convencer-nos, a uma mera falta de oferta, na tentativa de escamotear que as procuras são hoje muitas e diversas, incluindo procuras especulativas internas e externas (que encaram as casas como meros ativos de investimento) e que, pela sua própria natureza, são potencialmente inesgotáveis. Para que assim, também de forma recorrente, continuem a rejeitar-se quaisquer medidas de regulação do mercado, sem as quais não será possível ultrapassar a atual crise de habitação. Aqui e lá fora.
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