“Num momento de crise, por trás de qualquer liberal moderado há um fascista”. Álvaro Garcia Linera é um grande intelectual marxista com ampla experiência política, ou não tivesse sido vice-presidente de Evo Morales. Não é assim de surpreender que identifique bem a natureza do inimigo, a partir do contexto nacional onde opera e para lá dele.
É por estas e por muitas outras que é um indicador da potência do vírus liberal ver hoje gente de esquerda referir-se de forma apologética às “democracias liberais”, ou seja, às democracias limitadas, incluindo pelo capitalismo realmente existente. A democracia não precisa do liberal a empatar.
O liberalismo foi e é desconfiado em relação à democracia e isto na melhor das hipóteses. Há toda uma história da democracia vinculada às lutas plebeias para superar o elitismo liberal e as suas múltiplas formas de exclusão, formais e informais. E em momentos de crise, essa desconfiança liberal pôde e pode ganhar colorações bem mais sinistras.
Se é verdade que esconjurar a potência plebeia, para usar uma expressão cara a Linera, também pôde levar liberais a aderir ao reformismo social-democrata em alguns países do centro, também é verdade que, por um lado, nas periferias tal não aconteceu e que, por outro lado, tal já não acontece nos países centrais há muitas décadas. Por isso, mais vale não confiar...
15 comentários:
Obviamente que os liberais escondem mais do que mostram, uns por desconhecimento outros por puro cinismo, esta gente defende coisas indefensáveis como se de civilidade se tratasse. Em si não são um problema porque se apoiam no poder instituído, são incapazes de pensar em algo que não se resuma na agressão ao outro para beneficio próprio. Os distraídos e os pouco capazes acham possível ser respeitados quando insistem em andar "em cima do muro", insistem em ver si algo que não existe.
Eu gostaria muito de comentar este texto.
Infelizmente, ao que parece, o vosso blog deixa mais passar comentários de direita e provocadores, como de «Jose» e «Jaime Santos», do que progressistas.
Nos blogues de direita, os comentadores de esquerda são marcados e censurados.
Porque não fazem o mesmo com comentadores de direita e provocadores, como «Jose» e «Jaime Santos».
Afinal, vocês deixam estes provocadores comentar todos os dias.
Isso não faz sentido.
O anónimo das 21:02 prefere integrar corais a envolver-se em dialécticas.
É uma opção inútil e imprudente quando o dogma não está servido pelo poder.
Tem toda a razão, mais vale não confiar nos liberais, porque eles não se vergarão a quem quer proclamar uma qualquer democracia popular. Terão que lidar com eles.
Porque se a democracia não se faz sem o povo, passamos bem sem o popularucho da coisa, proclamado por uma qualquer casta que nos quer obrigar a aceitar certas 'amplas liberdades' que francamente não queremos e de que não precisamos.
Aliás, dado que democracia já quer dizer em grego 'o governo do povo', a pergunta que fica é para que serve o popular junto a ela? É mais um daqueles exemplos orwellianos de double-speak, imagino, em que uma coisa quer dizer isso e também o seu contrário...
Como dizia recentemente alguém, o socialismo para ser democrático, tem que pôr a democracia à frente do socialismo. Coisa que, entre outros, Morales e sus muchachos, Linera incluído, não fizeram.
Não dão por isso lições de democracia a ninguém, mau grado o carácter ditatorial e detestável daqueles que ocuparam o poder na Bolívia.
Nunca me atreveria a dizer de um comunista que é um Nazi pintado de vermelho, como disse o líder alemão social-democrata Kurt Schumacher, mas se o João Rodrigues quer secundar Linera e chamar fascista a quem se reclama da tradição liberal, que obviamente detesta, está no seu direito.
Mas parece-me, apesar de tudo, que a memória de Schumacher, mesmo se errado e injusto, merece mais respeito do que a figura do Vice-Presidente Linera.
A democracia diz-se liberal quando se afirma nela, antes de tudo, a soberania da Lei perante a soberania do Povo, que é, nas mãos de qualquer demagogo de Esquerda ou de Direita, o caminho mais direto para a tirania da maioria ou, mais frequentemente, da minoria.
Mas isso é uma coisa que o João Rodrigues tarda em perceber, como tarda em perceber que mau grado a hipocrisia dos liberais, o demo-liberalismo é o único sistema que evoluiu no sentido de permitir o exercício da cidadania a mais e mais gente. Todos os outros redundaram em liberticídio...
P.S, Caro anónimo das 21:02 (são sempre anónimos, incapazes de assinarem com o seu nome, como o José, aliás): Não sou de Direita e acho, além disso, que ninguém deve ter a pesporrência de definir testes de pureza sobre o que é ser-se de Esquerda. Agora, que gosto de provocar, tem toda a razão, tenho francamente muito pouca pachorra para a hipocrisia de quem acha que ditaduras só são as de Direita.
A Esquerda tem nas suas mãos muito sangue e um pouco menos de soberba sobre aquilo que deve ser o futuro não lhe ficaria nada mal. Particularmente da parte de pessoas que nunca reconheceram plenamente a natureza totalitária dos seus predecessores políticos e que depois se atrevem, como eu disse acima, a vir dar lições de democracia aos seus adversários...
Quanto à sua sugestão de censura, deixo-a ao critério do blogger, claro. Mas olhe que ignorar-me é capaz de ser uma estratégia mais sensata... É que se me censurarem, provam o meu ponto...
É inacreditável o espaço que vocês dão a pessoas imbecis e de direita, como Jaime Santos, exprimirem as suas ideias.
Enquanto ideias de esquerda são transmitidas nos vossos artigos, os comentários de direita prevalecem.
Tal como disse o anónimo das 21:02, nada disto faz sentido.
MB
Caro João Rodrigues,
A entrevista a Álvaro García Linera é de facto muito interessante e merecia uma análise quase linha a linha.
Não sendo possível, escolho a resposta à que é (para mim) a pergunta mais interessante:
"MAS’s vote fell from 62 percent in 2014 to 47 percent in 2019 ... How come such significant sections of the population ... stopped supporting you?"
Na resposta, também ela merecedora de uma análise linha a linha, AGL afirma:
"Venezuela had the virtue of creating a defense structure within its revolutionary process, parallel to the state".
Uma estrutura de defesa paralela ao Estado?! É esta a solução? É este o conceito de democracia que AGL defende? O que resulta desta frase é nem mais nem menos do que a defesa de um caminho para o totalitarismo.
Numa democracia madura, que não se pode confundir com a simples realização de eleições (como AGL defende), o poder político não se pode eternizar e não se pode cair na tentação da personalização dos lugares de decisão. É necessário haver renovação: como Lula da Silva muito bem apontou, "Evo Morales errou ao tentar 4º mandato na Bolívia" (https://exame.abril.com.br/mundo/lula-acha-que-evo-morales-errou-ao-tentar-quarto-mandato/).
AGL apontou muitas razões para a erosão do apoio eleitoral. São todas plausíveis. Mas esqueceu-se de mencionar uma outra possível: inevitavelmente, o poder cristaliza-se e desgasta-se. Evo Morales foi presidente da Colômbia desde 2006 a 2019 (3 mandatos consecutivos), e ao fim desse tempo o MAS não foi capaz de criar alternativas para apresentar a eleições (como AGL, por exemplo). E não se preparou e não concebe sequer a possibilidade de ter de passar tempo na oposição.
Numa democracia a solução não pode passar por criar estruturas de defesa paralelas ao Estado. Fazer isso é ceder à tentação do caminho mais fácil. Mas que depois se revela trágico.
Uma vez, disse a um conhecido meu que o liberalismo é a ideologia económica do fascismo. Hoje em dia tenho dúvidas se é assim, ou se é o fascismo a ideologia política do liberalismo. Este liberalismo de que falo leva de muitos autores o prefixo de ultra. Aceito. Mas o liberalismo real está, neste dealbar da década de 2020, muito mais próximo do fascismo do que da social-democracia.
Já agora, para os democratas-liberais-a-caminho-de-ser-fascistas-só-ainda-ninguém-os-avisou, tudo o que é da social-democracia para a esquerda é comunista ou está lá quase. Agora fascistas? Isso não, não existe. Aliás, nem são de esquerda, nem de direita, dizem. Só liberais acossados pelo socialismo.
Com o caso da Bolívia (e vários outros), não há como ser arrogante. Defender o golpe é só reaccionário e fascista. Tudo aquilo que lá acontece, aconteceu como em tantas outras situações, em que se deu largas à destabilização e ao terror para anular politicamente os projectos políticos que põem o liberalismo real no devido lugar. Como aliás sucedeu cá em Portugal, num processo (o do terrorismo bombista) que, ao contrário do que se diz, nem o 25 de Novembro interrompeu.
Por falar em "esquerda" e hipocrisia lá vai:25 de Novembro de 1975 – a derrota do golpe social-fascista do PCP!
Numa senil tentativa de se apropriar das comemorações do 25 de Novembro de 1975 e do que esse episódio da história de Portugal representou, o deputado de extrema-direita Telmo Correia, que representa o CDS/PP na Assembleia da República, veio propor ao governo que “faça um levantamento das personalidades envolvidas no 25 de Novembro (de 1975)”, que não tenham recebido a Ordem da Liberdade, a fim de lhes ser atribuida essa distinção “em vida ou até a título póstumo”.
Numa tentativa de alienar a história, Telmo Correia defende que urge homenagear “todos” aqueles que estiveram envolvidos no movimento militar que pôs fim ao “período revolucionário” em 1975, colocando no mesmo saco, forças de esquerda, esquerda militar e os chamados “moderados” – termo eufemístico para designar a direita – com o propósito de “colar” ao movimento militar do 25 de Novembro, o seu partido, o então CDS.
Mas, não foi assim! O CDS havia-se eclipsado, pois o que representou o 25 de Novembro de 1975 foi uma reacção dos democratas e patriotas a mais uma tentativa de golpe do partido revisionista de Álvaro Barrerinhas Cunhal – o PCP – e seus apaniguados, em tomar o poder, que já partilhava com outros sectores da burguesia, para impor uma ditadura social-fascista – socialista nas palavras, mas fascista nos métodos e acções.
Uma ditadura que pretendia replicar em Portugal o que existia na União Soviética da altura, social-fascista e social-imperialista, isto é, o capitalismo de estado a favorecer a nomenculatura do partido revisionista no poder, uma burguesia de novo tipo, a burguesia de estado.
O então MRPP teve na altura uma participação decisiva, nomeadamente no levantamento de barricadas em pontos estratégicos que visavam impedir a progressão no terreno do sector das forças armadas fiéis aos revisionistas do PCP.
Mas, o contributo mais decisivo dos comunistas do MRPP foi dado no plano da discussão política e ideológica ao desmascarar os falsos comunistas do PCP junto dos operários e das massas populares, demonstrando-lhes que o revisionismo no poder é o social-fascismo no poder.
Acções que, em nosso entender, muito contribuiram para o sucesso do 25 de Novembro e das forças democráticas e patrióticas que se opuseram, de forma firme e resoluta, ao golpe social-fascista em preparação, embora com a consciência de que o caminho a seguir é o da revolução que permita à classe operária e às classes suas aliadas por termo, de vez, à escravatura assalariada a que está sujeita pelo sistema capitalista.
25NOV2019
LJ
Tão democratas estes liberais, desde que se trate de quem concorde com eles, estes anjos apolíticos que permitem o exercício da cidadania, desde que esta não tenha poder.
A democracia não existe num vácuo neutro.
Sofre as pressões externas e internas de interesses estranhos e minoritários mas com um desproporcional poder de fazer passar as suas mensagens e ideologias.
Óbviamente os ultraliberais defendem um tipo de democracia que mascare estes interesses e facilite o desvirtuar da democracia pela manipulação e pelo embuste. E quando tais métodos falham, pela força.
Por isso, toda a democracia que pretenda ser asséptica está condenada ao fracasso e à capitulação.
Está cada vez mais à vista, por esse mundo fora em geral, e na Europa em particular, que não existe nenhuma muralha da china entre a ideologia dita liberal e as ideologias de extrema-direita.
Dito de outra maneira, o fascismo é, tão só, a carta na manga, ou o "joker", das classes dominantes.
Vocês, neste espaço, deixam energúmenos fascistas, do género «Jose», «Jaime Santos» e «Estevesayres», avançar com as suas opiniões.
Eu julguei que a melhor maneira de calar o fascismo é não o deixar intervir.
Se continuarem a deixar, estes seguramente que mantêm as suas provocações.
Qual a ideia de deixar o comentário nojento e fascista de «Estevesayres» no meio de um debate sobre a Bolívia?
Das duas uma: Ou incompetência de quem não verifica os comentários; ou simples ideia de deixar a mensagem passar (a última pressupõe que o autor do artigo aceita muito bem o comentário).
Já alertei para este facto, aqui, num comentário anterior que foi censurado. Se continuarem a censurar os meus alertas e a permitir que comentários fascistas, de «Jose», «Jaime Santos» e «Estevesayres» sejam publicados, ficarei com pior ideia do vosso blog.
Mais uma vez multinick pimentel ferreira a poluir o espaço de debate.
A atirar para o lado, como verdadeiro rebolucionário da treta, mas não só. A assumir-se como um provocador néscio e rasca:
24 de novembro de 2019 às 21:02
25 de novembro de 2019 às 08:51
25 de novembro de 2019 às 11:48
26 de novembro de 2019 às 09:32
Repare-se como o dito pimentel ferreira multinick em anonimato, se atira mais contra o blog e os seus autores do que contra os verdadeiros fascistas que se escondem atrás dos neoliberais
O algodão não engana
Já sabíamos que joão ferreira pimentel tinha a pior ideia deste blog.
Um tal "pedro" , um escroque racista que foi aqui identificado como pimentel ferreira himself, passava os dias aqui a dizer a mesma coisa.
Tudo para que não se denuncie o golpe fascista em trânsito na Bolívia.
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