quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
Para fechar e abrir
Tenho defendido que temos de ser apoiantes críticos e críticos apoiantes da solução governativa em vigor. Apoiantes há muitos e alguns andam tão contentes que correm o risco de esquecer que esta solução limitada, dada a correlação de forças, só foi possível devido à histórica regressão verificada e ao encolhimento das expectativas populares, dando o governo sinais contraditórios ao longo do ano, embora desgraçadamente coincidentes a fechar estes dois anos.
Assim, em 2015, o governo fechou mal o ano por causa do Banif; em 2016, o ano fecha com uma chave que é tudo menos de ouro: estou a pensar no uso da TSU para garantir, qual feira, o desnecessário assentimento de patrões medíocres a uma subida do salário mínimo sempre aquém das necessidades, sacrificando neste processo o espírito e letra dos acordos com partidos à esquerda e excluindo a única central sindical que não assina de cruz e que negoceia duramente antes de assinar o que quer que seja, como o caso do salário mínimo já ilustrou no passado.
Há alguma coisa a unir estes dois fechos de ano para lá de más decisões governamentais? Creio que sim: a ausência de instrumentos decentes de política, combinada com a vigilância dos credores externos, no quadro do protectorado europeu, ou seja, alemão. Ter os representantes dos patrões a bordo sinaliza um trajecto para fora, o mesmo que faz com que este governo corra o risco de ser só uma interrupção em matéria de legislação laboral, em geral, e de contratação colectiva, em particular.
E mesmo assim estamos perante um governo que só se livrou de um golpe financeiro por causa da multiplicação de crises que as elites de Bruxelas-Frankfurt tiveram de enfrentar, como bem sublinhou Carlos Carvalhas.
Críticos apoiantes, apoiantes críticos, com nervos de aço: nada que pela esquerda não esteja a ser feito partidariamente. É por estas e por outras que não vejo necessidade, nem de resto a possibilidade real, de espaços políticos de opinião e de intervenção favoráveis a esta solução para lá dos espaços protagonizados pelos partidos que a apoiam.
Deixem-me ser ainda mais claro, concretizando fraternalmente uma chamada de atenção que tinha ficado diplomaticamente implícita num artigo que escrevi: não aprecio a geringonça. Não gosto do nome, irremediavelmente associado à ideia de insegurança (não há como fugir dos significados das palavras), e da coisa, já que duvido que precisemos de um sítio só de boas notícias conjunturais seleccionadas, muitas vezes com duvidosos mecanismos causais em termos de política pública, e de um discurso europeísta em modo de psicologia positiva. É muito mais útil um espaço que, por exemplo, exponha os enviesamentos de uma comunicação social tutelada pelas direitas, que exponha os truques da imprensa.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
16 comentários:
Aquela descida de 1,25% da TSU favorecendo o patronato (medida ainda que “provisória” mas sem fim à vista, e contemplando apenas os trabalhadores abrangidos pelo salário mínimo) é um sapo demasiado grande para engolir e que muitos portugueses também vão demorar a esquecer.
É também o primeiro sério golpe na estabilidade da maioria parlamentar.
Em especial por parte do PCP, tardio como sempre nas suas reacções, mas que não irá esquecer facilmente o grande sapo que António Costa o obrigou a engolir.
Nada ficará como antes depois deste acordo de concertação social. Longos meses levarão o PCP e o BE a digerir e a esquecer tão indigesto repasto.
O PSD que se apresse a mudar de líder e a deixar de vez Passos Coelho e o seu discurso sempre igual, de cortes punitivos (os portugueses viviam acima das suas possibilidades) e da austeridade perpétua redentora.
Passos Coelho com tal discurso é o cimento que cola esta maioria parlamentar.
E apesar do abalo deste episódio da TSU, a maioria parlamentar continuará estável dada a força do “cimento-cola Passos Coelho”.
Nas melhores das hipóteses a Geringonça pôs um travão na destruição deliberada da seita neoliberal Pafiosa, mas Portugal continua no pântano pelo menos desde que o “Melhor de todos nós” pôs-se a andar daqui para fora.
Sendo a Geringonça liderada por um partido que se associou, historicamente, a outros partidos visando a sua própria sobrevivência não se pode esperar grandes convicções em outras áreas que requerem urgente dedicação, tal como é a soberania monetária.
Já não falta muito tempo para que os portugueses carreguem nos ombros 2 décadas perdidas, tornou-se fastidioso e isso faz-se notar todos os dias...
Mais uma vez um texto duma verticalidade exemplar e duma lucidez cristalina
O artigo de Carlos Carvalhas que é linkado é muitíssimo bom.
E vale a pena também ler este artigo de sapir, aqui em tradução portuguesa
http://resistir.info/europa/sapir_18dez16.html
"Não há futuro para a Grécia se permanecer na zona euro, nem tão pouco para os outros países do Sul da Europa"
Porque é a soberania monetária tão importante para a esquerda?
1 - É o único meio de manter 'as lutas' sem estuporar a economia: desvaloriza /luta por aumentos/ desvaloriza...
2 - Pode manter a treta de que a riqueza virá da redistribuição e não da produtividade o que permite manter a política dos coitadinhos sem exigência nem vergonha.
3 - E subliminarmente sempre subsiste o sonho húmido da autarcia, em que a miséria
é caldo da mudança que julgam poder liderar.
"Porque é a soberania monetária tão importante para a esquerda"?
Porque é a soberania tão importante para a esquerda?
Porque é que os que se levantavam a gritar que Angola era nossa se convertem agora em vulgares e sórdidos vende-pátrias a tentar esconjurar a soberania de qualquer sítio que lhes atrapalhe os negócios feitos em alemão?
E sem qualquer pudor avançam os argumentos de qualquer miguel de vasconcelos contemporâneo?
Vejamos a argumentação dos ditos:
- "o único meio de manter lutas estuporar a economia e desvaloriza a luta aumentos desvaloriza"
tradução: mandaram-nos latir em alemão. Temos que latir em alemão. E ai de quem piar porque aí a força bruta cairá como ira divina para não ousarem qualquer contestação
- "pode manter a treta da redistribuição porque a produtividade e os coitadinhos e as pieguices e a vergonha sem exigência"
tradução: a riqueza é para acumular em meia dúzia de mãos. A redistribuição da riqueza é coisa de comunas sem escrúpulos que querem limitar os grandes patrões ao direito ao saque e à exploração dos demais. Porque a produtividade é coisa que interessa a mim, perito da CIP mas tal não passa de uma grande treta. E se continuam assim eu chamo o Passos Coelho que vos lançará uma Fátua contra as pieguices de quem não sai da sua zona de conforto
-" E subliminarmente subsiste o sonho húmido da miséria e do caldo do líder a mudar"
tradução: os sonhos húmidos que tenho são os sonhos húmidos de quem pugna pela exploração do homem pelo homem. São os sonhos húmidos de quem se assume como eu, com direito ao produto do saque e com direito a depositar o dinheiro nos offshores como forma de garantir os meus "investimentos" Eu sei que sou eu e que a miséria é para os outros e que numa tarde ganho o equivalente ao salário mínimo nacional que tanto abomino. A minha piscina serve para mostrar que pode ser enchida com os meus sonhos húmidos e serve também para mostrar que isto de igualdade é mesmo uma treta para entreter o pagode.
Essa história da soberania é mesmo algo que desperta os seus piores pesadelos, não é mesmo herr jose?
Aí em cima alguém fala em produtividade.
Quem assim fala é quem andou a gabar-se de ser um patrão escolhido pela CIP como perito em assuntos laborais.
Alguém supostamente informado. Que diacho, escolhido e pago como tal, não devia poder fazer figurinhas tristes de qualquer aldrabão de feira.
Infelizmente não é o caso.
"Desde 2004 que o salário real não acompanha a variação da produtividade.
Esta diferença aprofundou-se brutalmente a partir de 2010, em resultado da política de austeridade.
Veja-se o gráfico:
http://8.fotos.web.sapo.io/i/o0b123991/20141500_9m32q.jpeg
Ou seja, o perito dos grandes patrões afinal ou não sabe do que fala quando fala em produtividade e na distribuição da riqueza.
Ou sabe do que fala e está a fazer o seu papel ao serviço de quem se apropria da riqueza de quem trabalha
A luta de classes aqui tão bem demonstrada
O Cuco treteiro mete a CIP onde nunca foi nomeada, torce o que não alcança contradizer e retorce-se no incómodo próprio de quem fala de soberania sem nunca a ter conhecido.
No dia em que a vislumbrasse logo procuraria um qualquer apoio à sua indigência autonómica, quanto mais não fosse para latir o que o Marx latiu há uns dois séculos atrás!
Cuco treteiro e CIP.De amores concertados. Mais a soberania, que parece que não é conhecida, e o seu vislumbre. E a indigência autonómica seja lá o que isso for
Eis um extracto condensado da vacuidade e da impotência argumentativa
Com uma excepção óbvia. A referência esbaforida, babosa e raivosa em relação a Marx.
O latir em alemã e a luta de classes incomodaram-no. Atingiram o alvo na perfeição.
Então o perito-patrão que fala nas tretas da produtividade dá de frosques quanto lhe apresentam dados que contradizem o que andou a papaguear?
Então o perito-patrão quando lhe denunciam o ódio contra a soberania nacional e o seu apego aos vagidos alemães dá de frosques e remete-se à soberania, essa desconhecida, e à "indigência autonómica"?
Sem o mínimo pudor e com os tiques todos dum perito-treteiro?
Cuco, imaginares que construístes um argumento é delírio recorrente que não passa disso.
Quem será o cuco?
De qq forma alguém nanifestamente importante na vida de herr jose.
Nao importa. O que importa mesmo é este choro pueril do sujeito do cuco a fazer uma birra e a dizer que não foi construído um argumento...porque herr Jose nao quer
Nem ele nem o argumento nem o cuco.
Apenas este buaaáá marcado por um negacionismo pateta e onanista
( e no entanto.... Parece que as tretas do patrao.perito continuam.
Em fuga e em silencio.)
Enviar um comentário