quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Das ideias feitas, «que se arrastam pelos corredores dos media e afins»

«Só conheço uma excepção. De resto, desapareceram os debates sobre economia nos media e, em particular, na televisão. Há jornalistas, comentadores, gestores (muitos gestores, sempre), mas políticos, economistas ou outros, com as mãos na massa, nem vê-los. É que há uma importante lição deste ano que precisa de ser discutida seriamente. Como foi possível, afinal, mudar de política económica, pôr fim à vertigem recessiva da austeridade, e, mesmo assim, assegurar as metas do défice público, impostas por Bruxelas - e bem, até porque o grande disparate do limite défice "estrutural" desapareceu do horizonte. Foi o investimento? Foi a economia? Foi o emprego? Convinha perceber. Quando se perceber, muitas das ideias feitas que se arrastam pelos corredores dos media e afins poderão finalmente ficar de lado. Era bom. Até porque o debate económico esquerda-direita não precisa de ideias erradas para nada. Precisa, isso sim, de mais trabalho, de mais reflexão. Era bom.»

Pedro Lains, Lição do ano.

15 comentários:

Anónimo disse...

A credibilidade das tvs e jornais está em queda livre,e com a credibilidade vão as receitas da publicidade…

O desespero por captar audiências é tão evidente.
E no seu desespero para captar audiências os jornais de “referência” recorrem ao último mexerico, ao que a “celebridade” fez ou não fez, às banalidades do jogador de futebol multimilionário, às banalidades da mãe, da irmã, do amigo do jogador multimilionário e isto tantas vezes escarrapachado no topo da página...

Jose disse...

Pessanga, diz o Lains agora que tem os confrades no poleiro.
Vamos a buscar compreensão para as políticas que a austeridade precedente e os arranjos de poder acabaram por possibilitar e exigir.
Agora precisamos de apoio para sair desta política insustentável de cedências à comunada.
Sempre chegamos ao poder com tretas esquerdalhas mas sabemos bem que só podemos subsistir com apoios da direita e de quem nela se revê.
Bem sabem que não somos própriamente socialistas - o rótulo é de conveniência - e sempre no passado demos o nosso contributo ao pior do capitalismo.
Mas tirem-nos a comunada de cima!
Invistam e criem empregos que, se nos apoiarem, sempre seremos moderados no saque.
Se nos mantêm neste aperto vamos acabar por nos afundar todos.
Ouçam o dos afectos, o nosso ministro para a Presidência!

Anónimo disse...

Pedro Lins desta vez em forma

Anónimo disse...

"Pessanga, diz o Lains agora que tem os confrades no poleiro".

Pessanga? Será que se leu o mesmo texto? Não há qualquer pessanga, o que há é o desmascarar com alguam elegância do processo austeritário levado a cabo por uma turba que procurava na mesma onda regredir socialmente o país. E até ir mais longe do que a troika, esse triunvirato de esquartejadores.

Algo que provavelmente o do pessanga não quis ou não soube entender.





"Vamos a buscar compreensão para as políticas que a austeridade precedente e os arranjos de poder acabaram por possibilitar e exigir".

Anónimo disse...

"Como foi possível, afinal, mudar de política económica, pôr fim à vertigem recessiva da austeridade, e, mesmo assim, assegurar as metas do défice público, impostas por Bruxelas"?

Claríssimo.

Parece que não . Continua o exercício ao lado nestes termos a lembrar seminaristas de outros tempos:
"Vamos a buscar compreensão para as políticas que a austeridade precedente e os arranjos de poder acabaram por possibilitar e exigir".

"vamos a buscar compreensão?"

Não há qualquer compreensão. Nem mais nenhum credo. Os desejos a confundirem-se com a realidade...?
Mas apesar de tudo um aviso à navegação do que é esta gentalha da direita ou "que nela se revê", na linguagem politicamente correcta e cobarde da não assumpção do que se é verdadeiramente

Quanto ao "Invistam e criem empregos" ...tretas de um agente que se descai, já que logo a seguir fala no que persegue, ou seja, o saque. Moderado para uns, mais fundamentalista e trauliteiro para outros , precisamente os que cantaram hossanas à governança neoliberal e que suplicaram por mais troika e na ida mais longe do que a própria troika.

Mas isso sabe bem o sujeito,ele próprio um oficiante encartado do processo austeritário e do saque contra Abril

Anónimo disse...

(Porque continua sem espaço possível esta pieguice de tentar justificar os crimes da governança neoliberal....
Ou de tentar replicar o discurso sebento daquela coisa que por aí se arrasta pateticamente de nome Passos Coelho e que repete feito marioneta tonta o mantra que Pedro Lins desmonta.
Que desmonta desta forma: "Como foi possível, afinal, mudar de política económica, pôr fim à vertigem recessiva da austeridade, e, mesmo assim, assegurar as metas do défice público"?

Então não era a austeridade ou o caos?

Jose disse...

«Como foi possível...»?
Apanhar os cofres cheios, aumentar a dívida e as dívidas, zerar o investimento e cativar verbas...terá ajudado?
Lains não sabe, precisa que se debata...
Nada como um debate para escamotear as evidências.

António Pedro Pereira disse...

José:
Desgraçado, nem tens consciência do que dizes.
E nem vergonha, viste-la um dia passar ao longe.
Cofres cheios de dívidas?
E de benesses e bónus sempre aos mesmos?
É isso em que pensavas quando abriste a cloaca?
Não, não podia ser, pois tu não pensas.
Olha troll, Bom Natal e um 2017 com duas prendas: um cérebro e um saco de vergonha.

Anónimo disse...

Uma simples frase :
"Como foi possível, afinal, mudar de política económica, pôr fim à vertigem recessiva da austeridade, e, mesmo assim, assegurar as metas do défice público?"
leva ao desnorte o das 00 e 00.

E porque se faz tal afirmação? Porque aquele é obrigado a recorrer aquela sujeita , a Maria Luís Albuquerque, a dos Swap e a uma afirmação da dita numa reunião da juventude do PSD. E, convencido como o seu mestre,que uma mentira mil vezes repetida se torna verdade, ei-lo a falar todo contentinho nos "cofres cheios".

Tal como a ex-ministra.

A ex ministra dos Swaps , que de conluio com Portas , Passos e governador do Banco de Portugal , para o governo não assumir responsabilidades deixou implodir o BES , ficando como solução o estropiado Novo Banco ; a ex ministra que arrastou as negociações do Banif durante dois anos e a resolução para depois das eleições deixando ao novo governo a resolução em poucos dias..., a ex ministra que ignorou os avisos sobre a Caixa Geral de Depósitos como denunciou recentemente o Tribunal de Contas.. e com o PSD tudo tem feito para desestabilizar este banco na sua senha privatizadora, a ex ministra que deixou uma pesada factura aos contribuintes portugueses a pagar durante muitos anos ; a ex-ministra que se permitia agora afirmar que a Banca vai mal numa encenação digna de qualquer aldrabão de esquina sem escrúpulos nem vergonha

"A dos cofres cheios"terá ajudado mesmo, ó das 00 e 00?

Anónimo disse...

Mas há mais.

Desapareceu o "pessanga" apatetado com que se pretendia esconder uma evidência muito simples. Foi mesmo possível, afinal, mudar de política económica, pôr fim à vertigem recessiva da austeridade, e, mesmo assim, assegurar as metas do défice público.

Isto não chega e é preciso ir mais além. Decididamente ir mais além. Mas o que agora importa aqui registar é o receio que aí em cima alguém tem do debate, da discussão livre de ideias.

Mas a coisa vai mais funda e é mais perturbadora. É que o receio do debate é tão grande que profere uma frase espantosa afirmando que aquele serve para escamotear as evidências.

O ódio à troca de ideias sempre foi pecha dos defensores da censura e das vias de sentido único. Não é por nada que o sujeito das 00 00 prometia a "força bruta" a quem não seguisse as missas neoliberais. Mas tais jagunçadas não escamoteavam as evidências, Apenas as proibiam.

Agora parece que as evidências são escamoteadas quando se debate, não em família como era da praxe entre os da velha tropa fandanga, mas quando se fala de forma aberta e franca

Parece que o medo pelo ruir dos mantras neoliberais levam ao descalabro intelectual dos seus seguidores

Anónimo disse...

Repesque-se um excelente texto de Junho de 2015 de Nuno Serra em que este desmonta a tese de Maria Luís Albuquerque e se relembra o que foi o crescimento da dívida.

"Numa vaga alusão ao mito de Sísifo, Maria Luís Albuquerque referiu-se recentemente à dívida como um «pedregulho» que Portugal tem às costas e que será necessário carregar ainda por muito mais tempo. Para quem achava, como a ministra das Finanças, que a dívida não tinha aumentado durante o mandato da actual maioria, mas sim «aparecido» (qual «senhora vestida de luz» em cima de uma azinheira), dar finalmente conta dessa enorme massa telúrica, que fermentou nos últimos anos à frente dos nossos olhos, é já - há que o reconhecer - um avanço.

Vale a pena lembrar a forma como o pedregulho ganhou volume, ao longo dos últimos anos. No início da crise financeira (2007/08), a dívida soberana portuguesa rondava os 72% do PIB, atingindo em 2010, com os impactos na economia e no resgate da banca, cerca de 96% do PIB. Quando a maioria de direita chega ao poder, determinada a aplicar o Memorando de Entendimento e a «ir além da troika», a dívida pública continuou a aumentar, passando de 111% do PIB em 2011 para atingir, no final de 2014, o patamar dos 130%. Isto é, uma diferença de cerca de quinze pontos percentuais acima do valor previsto pela troika para esse mesmo ano, e que resulta de uma evolução negativa das duas parcelas de cálculo: o aumento da dívida em valores absolutos (de cerca de 196 mil milhões de euros em 2011 para 226 mil milhões em 2014) e a queda do produto, em resultado das políticas de austeridade".

A memória é uma coisa que deixa lixados os amantes do processo austeritário. Que pena que não se possa escamotear a realidade não é mesmo?

Jose disse...

Nada como inverter as políticas:
- De um crescimento de 1,5% recua-se para 1,3, talvez?
- O investimento na mesma direcção
- O consumo quase na mesma
- a dívida do Estado e as dívidas a terceiros aumentam
Excepções:
-Mais dinheiro para as clientelas
- Mais palavreado para entreter tolos, o futuro a ser construído nos jardins de infância.
- E as empresas públicas de mão-em-mão até que se perca a pista do desastre.

Anónimo disse...

Mais palavreado para entreter tolos é precisamente o que o sujeito das 23 e 29 faz.
Desaparece o pessanga, some-se a patetice propagandista dos cofres cheios e avança-se agora noutra direcção que não passa da mesma.
Nada como inverter as políticas criminosas da governança neoliberal. É mesmo. Para desespero de quem pensou que o ajuste de contas com Abril seria definitivo

"Como foi possível, afinal, mudar de política económica, pôr fim à vertigem recessiva da austeridade, e, mesmo assim, assegurar as metas do défice público?"

Esta interrogação está atravessada no gasganete da direita e da direita-extrema. Porque faz ruir por completo os hinos e os urros e os berros e os caminhos únicos austeritários pregados pelos neoliberais de turno

A cientela boçal e ávida, os ricos cada vez mais ricos, os que colocavam o produto de trafulhices e da exploração desenfreada nos offshores faz o seu papel. Fala em clientelas. Sabemos porquê

Há não muito tempo o mesmo tipo que agora fala em desatre e em tolos e em jardins-de-infância e noutras tretas expunha por todo o lado o direito à sua clientela rebentar com a riqueza produzida.

Anónimo disse...


Verdeiramente espantosa atentativa de branquear a governação de Passos Coelho.
Até parece mentira ouvi-los hoje, quando nos lembramos que eles formavam o governo que fez recuar o PIB mais de 5,5 pontos percentuais, que levou a um recuo brutal do investimento público e privado, que concretizou uma imemorável destruição de emprego e que procedeu a uma gigantesca política de concentração da riqueza, a que se chamou política de austeridade. Que foi precisamente um governo que usou o défice como desculpa para impor as medidas mais negativas, sem sequer cumprir os seus próprios objectivos. Uma governação durante a qual as dívidas, pública e externa, se situavam entre as maiores do mundo.

Isto enquanto foram disponibilizados à banca privada milhões de euros de recursos públicos, desviados 7 a 9 mil milhões de euros por ano para pagamento dos juros da dívida pública, concedidos largos milhares de euros de apoios e benefícios fiscais ao grande capital e se desenvolviam os negócios dos contratos SWAP e das Parcerias Público Privadas. Aliás, foi precisamente o pretexto da falta de dinheiro que justificou a venda ao desbarato de empresas públicas, a degradação dos serviços públicos e o corte nos rendimentos.

A memória é uma coisa lixada mesmo.

Anónimo disse...

"Mais dinheiro para as clientelas"

Lembram-se da história dos contratos de associação com os colégios privados?
Sobre a celebração de contratos de associação, o próprio Nuno Crato se encarregou de anunciar que a celebração destes contratos ia deixar de estar dependente da inexistência ou insuficiência de oferta pública, ao nível do ensino básico e secundário.o A mostrar para que tipo de clientelas era necessário mais dinheiro?

Acontece que quando este governo tentou corrigir o saque ao erário público por parte de meia dúzia de donos de colégios privados e tentou por cobro a tais rendas, o sujeito das 23 e 29 entrou em transe e postou umas largas centenas de comentários, aqui e noutros blogs, em tom semi-desvairado. Em defesa do dinheiro das clientelas.