segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Camuflar o desemprego (I)
«Quem já não procura emprego há mais de seis meses também é eliminado das estatísticas. E assim com menos 300 mil emigrados, mais de 170 mil a fazer cursos de formação e mais uns largos milhares que já desistiram de procurar emprego, o desemprego comprime-se, compacta-se, é combatido e esmagado. (...) A diretora-geral do FMI há-de começar mesmo a interessar-se pelo assunto e quererá novos dados, quantitativos e qualitativos. (...) Gaspar, de forma propositadamente lenta para ela perceber bem, dir-lhe-á o seguinte: em primeiro lugar, é preciso subir em 1/3 os impostos e cortar em 2/3 a despesa pública. Num segundo momento, é necessário subir os impostos em 2/3 e em cortar 1/3 na despesa. É também importante deixar disparar o desemprego [e dizer] ao povo que emigrar é uma grande oportunidade. (...) A cereja em cima do bolo é colocar o Instituto de Emprego e Formação Profissional a fazer imensos cursos de formação. Como se sabe (a dra. Lagarde não sabe), quem está a fazer um curso de formação profissional deixa de contar para o desemprego.»
Nicolau Santos, Merkel gosta de Passos. Lagarde não
O gráfico lá em cima permite perceber o valioso contributo estatístico que os mecanismos de «ocupação de desempregados» - através da sua afectação a cursos de formação profissional e a «programas de emprego» (que excluem as situações de «integração directa no mercado de trabalho») - têm tido na camuflagem, ao longo dos últimos dois anos, das verdadeiras dimensões do desemprego. De facto, se entre o primeiro trimestre de 2002 e Junho de 2011 o número médio de «desempregados ocupados» rondava os 24 mil (que nunca chegaram a representar mais de 7% face ao número de desempregados apurado pelo IEFP), desde Setembro de 2011 o número de «desempregados ocupados» passou a situar-se, em média, nos cerca de 94 mil (atingindo-se o recorde de 171 mil em Junho passado), que representam aproximadamente 20% face ao número de desempregados do IEFP. O que significa, portanto, que 1 em cada 5 desempregados não é contabilizado enquanto tal, fazendo assim parte das situações de emprego fictício.
E estamos, sublinhe-se, perante um novo padrão na relação entre o desemprego e a formação profissional. Com efeito, se somarmos aos desempregados do INE os «desempregados ocupados» do IEFP e compararmos os valores obtidos com o número de desempregados do INE (excluindo portanto a formação profissional e a integração em programas de emprego), apenas a partir do primeiro trismestre de 2012 se começa a formar um hiato relevante (e crescente) entre as duas séries de valores (como mostra o gráfico seguinte). Um hiato que, como referido, atingiu o valor de 171 mil desempregados, registado no final do segundo trimestre de 2014.
Se à manipulação estatística da formação profissional juntarmos a emigração e a «exportação de desempregados», a precariedade associada a uma parte significativa do emprego criado ou o peso relativo dos desempregados que desistiram de procurar emprego (exercícios a que se têm dedicado, por exemplo, Eugénio Rosa e Mariana Mortágua), percebemos como é frágil e ilusória a propaganda governamental em torno da redução do desemprego e dos «sinais» de retoma da economia. Confirmando, aliás, o fracasso da profecia dos partidos do governo, segundo a qual caberia à iniciativa privada (e ao esmagamento do papel do Estado) o papel de «chave-de-ignição» da suposta retoma (descobrindo-se contudo que mais de metade do novo emprego criado no último ano foi, afinal, subsidiado pelo Estado).
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21 comentários:
Deixe-me ver se eu percebo:
1) As pessoas que profetizaram uma espiral recessiva dizem que os outros é que falharam as previsões?
2) As pessoas que clamaram por uma intervenção do Estado na redução do desemprego dizem que fazer isso é manipulação estatística?
3) As pessoas que olham para um mapa, que com ou sem desempregados ocupados, mostra uma clara descida e inversão de tendência no desemprego dizem que é manipulação estatística?
4) Já agora, pode fazer um post a explicar também como se obtém a evidente manipulação estatística de afirmar que 70% dos estagiários subsidiados pelo IEFP e pelas empresas (sim, pelos dois), permanecem nas empresas depois do estágio?
Agradecido pelos esclarecimentos
henrique pereira dos santos
Deve ser na estatistica porque na vida real quando se acaba o direito ao subsidio, o que se passa é que se troca por outro funcionário para ir buscar a parte do estado, criando-se assim mais um falso emprego, porque isso não é vida para ninguem, ninguem se governa com a miséria que recebe, nem pode ter algum projecto de vida, ahhh mas isso é vida real não interessa nada, o que contam são as mentiristicas...
Gritam pela intervenção do Estado e pela manutenção das sinecuras na função pública.
Mas se o desempregado é mantido em formação - que é onde deve estar até encontrar emprego e até nova profissão - é manobra política.
O direito à sinecura é o ideal do burguês, que não desarma!
Espiral recessiva? Agradeça ao TC.
Bem, já estamos em deflação,deixe vir mais políticas pró-cíclicas.
Não compreendo: um desempregado que se encontra em formação, está desempregado e conta para as estatísticas dos desempregados do INE, mantém-se desempregado e deixa de contar para as estatísticas do INE ou está empregado e não tem que contar para as estatísticas dos desempregados do INE?
Os numeros oficiais do desemprego em Portugal estão muito aquem da realidade por deficiente recolha de dados e erros de procedimento no tratamento estatistico
Esta foi a técnica utilizada por Cavaco Silva na década de 90 para disfarçar a taxa de desemprego.
Bom post, Nuno!
Colocar a nu «políticas» assassinas é sempre de aplaudir.
Que os portugueses, quando apanharem o Gaspar, lhe enfiem estes gráficos pela boca abaixo, ajudado por uma dose razoável de estricnina para ajudar a engolir...
E quem fala do Gaspar...
É natural que o sr henrique santos não perceba.
A propósito das "manipulações estatísticas" e do que está pro detrás das afirmações "credenciadas" de "instituições governamento-partidárias"é bom lembrar de antemão um pequeno pormenor.
Aqui há tempos este senhor dos santos, na defesa da posição de gaspar e da sua propaganda sobre o clima e a sua influência na actividade da construção civil, apontava como prova da veracidade da afirmação idiota e mentirosa do gaspar as seguintes entidades: o Banco de Portual, INE, FMI, OCDE, Comissão Europeia - "todas as entidades com um mínimo de credibilidade da matéria" dizia ele com um tom de jactância próprio das certezas feitas a partir de comunicados de instituições cúmplices com muito pedigree.
Infelizmente para o sr henrique santos ficou provado que tal era falso e que não só o ministro era um aldrabão,como também que "as tais entidades com um mínimo de credibilidade na matéria (desde o Banco de Portugal, ao INE, ao FMI, à OCDE, à Comissão Europeia)" afinavam pelo mesmo diapasão das afirmações sem nexo e sem correspondência com a realidade.
Ficava provado assim que a credibilidade das ditas instituições era uma farsa e que estas se limitam a repetir o que querem passar para a opinião pública. O ministro saía da fotografia como o aldrabão neoliberal sem escrúpulos que é e o sr henrique santos remeteu-se a pesado silêncio.
Aqui:
http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2014/07/clima-e-propaganda.html
Tudo isto para se perceber a "credibilidade" de certos dados de certas "instituições" com o pedigree adequado às instâncias governamento-partidárias
De
Mas vejamos com mais algum pormenor algumas afirmações espantosas do sr henrique santos.
Em relação ao "falhanço das previsões":
Acontece que este tema é duma enorme importância. Mas não é o tema principal do post. Nem sequer é directamente nomeado. O que fundamentalmente Nuno Serra aborda com uma enorme clareza é a camuflagem do desemprego e a manipulação estatística.
Quanto ao falhanço das previsões talvez seja bom falar noutra altura.Ou então estar atento ao que se vai dizendo:
http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2014/09/confessar-involuntariamente-o-fracasso.html
http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2014/08/tem-certeza-senhora-ministra.html
Apetece perguntar se a clareza do texto deixa alguns tão atarantados que se obrigam a virar para um (pseudo) porto de abrigo
De
Mas tal "falhanço das previsões" enquadra-se num processo mais geral:
"Com o neoliberalismo, actual suporte teórico do capitalismo, o pensamento da direita atingiu o grau zero da racionalidade.(Falemos aqui um pouco) sobre um dos componentes da degradação política e ideológica da direita: o solipsismo
"Face ao descalabro das suas políticas a direita desligou-se da realidade, mergulhou no que podemos classificar de solipsismo. No solipsismo, a realidade consiste no que cada indivíduo concebe como tal. A realidade torna-se um produto da consciência: o que se pensa, "é". Está na base das "críticas construtivas" dos propagandistas do governo ao dizerem que o problema deste governo seria a "comunicação". Adoptam o lema salazarista de que "em política o que parece, é". As contradições do sistema eram então "suprimidas" pela polícia política.
A própria base teórica evidencia já uma desconexão da realidade, tomando como real a aparência das coisas. É o caso de assumir como valor o que resulta da oferta e da procura. É o caso do capital fictício dos produtos financeiros, sejam acções, sejam os "produtos derivados", aparência de bens ou serviços que não existem. O rebentamento das bolhas financeiras, as falências bancárias reduzem a nada estas concepções.
Exemplos de fuga à realidade, são as medidas avulsas dos governos e da UE, sejam para o "crescimento e o emprego" sejam para o "aumento da natalidade". Não passam de cosmética para ganhar tempo e iludir a opinião pública, por parte de gente incapaz de reconhecer que a raiz do problema está nas suas próprias concepções ideológicas: "A questão não é sobre as regras que estão definidas e são reconhecidas é sobre a qualidade da execução".
O BES como reincidência, à semelhança do que se tem passado por todo o mundo neoliberal, traz evidencia que para troika, Banco de Portugal (BP), governos, a realidade é-lhes opaca quando se trata da oligarquia financeira. Auditorias, análises, estudos servem para a encobrir e ilibar, culpabilizando socialmente as camadas populares que consumiriam sempre acima das possibilidades.
No caso BES como no BPN as declarações dos governadores do BP e ministros das Finanças são patéticas, a fuga à realidade manifesta-se escondendo-se atrás de formalismos. Outra é a atitude quando se trata de atacar salários, pensões, reformas ou direitos laborais com normas anticonstitucionais!
A austeridade aparece então como um novo mito de Sísifo, tentando ilusoriamente, à custa das camadas populares, transformar o fictício em real. Ora, não é possível encontrar solução para situações das quais não haja compreensão. Dizia Espinosa no seu "Tratado do Entendimento": "Toda a confusão provém de a mente conhecer apenas superficialmente uma coisa que é um todo ou se compõe de muitos elementos (…) essa coisa terá de conhecer-se não parcialmente, mas na totalidade ou então não se conhecerá de todo".
A fuga ao real evidencia-se no falhanço das previsões e dos objectivos das estratégias, na atitude perante a renegociação da dívida. A actual maioria PSD-CDS, os membros do governo criam cenários fictícios, divorciados da realidade económica. Os próprios dados económicos são apresentados como abstracções retiradas dos contextos gerais ou muito simplesmente falseados.
Daniel Vaz de Carvalho
Daqui:
http://resistir.info/v_carvalho/degradacao_ideologica_1.html
(De)
Mas o sr henrique dos santos continua na sua metódica enumeração de "coisas que diz não perceber". Curiosamente denota uma tentativa de se escapulir às grandes questões centrais que o post convoca "
Vejamos o "ponto 2)
As pessoas que clamam pela intervenção do estado na redução do desemprego não querem que esta intervenção se faça para ocultar a realidade, nem para fins cosméticos com intuitos eleitoralistas internos ou para dourar a pílula para troikista ver.
A manipulação estatística é evidente. Como tal deve ser combatida e denunciada. E não embarcarmos em conversa da treta que procura também esconder uma pesadíssima evidência descrita no texto de Nuno Serra.
Cito ipsis verbis:
" Confirmando, aliás, o fracasso da profecia dos partidos do governo, segundo a qual caberia à iniciativa privada (e ao esmagamento do papel do Estado) o papel de «chave-de-ignição» da suposta retoma (descobrindo-se contudo que mais de metade do novo emprego criado no último ano foi, afinal, subsidiado pelo Estado"
É isto, também é isto, este axioma neoliberal feito em frangalhos, que há que esconder a todo o custo
De
Ponto 3)
As pessoas olham para um mapa. Mas as pessoas sabem há muito que não basta olhar para um mapa.Ou melhor têm que estar atentas ao que o mapa mostra, mas também às legendas do mapa.. E o que este mapa mostra é de facto a descida do desemprego mas...à custa da sua manipulação grosseira e sem escrúpulos.
É como se apresentássemos um mapa a falar na diminuição da fome entre as crianças duma aldeia e depois verificarmos pela leitura atenta do mapa que o universo de crianças nessa aldeia era zero...
Que dizer de tais expedientes?
Que dizer mais para sublinhar este facto terrível, transparente e gritante, tal como de resto o mapa serenamente denuncia -trata-se duma manipulação governamental pura e dura:
"De facto, se entre o primeiro trimestre de 2002 e Junho de 2011 o número médio de «desempregados ocupados» rondava os 24 mil (que nunca chegaram a representar mais de 7% face ao número de desempregados apurado pelo IEFP), desde Setembro de 2011 o número de «desempregados ocupados» passou a situar-se, em média, nos cerca de 94 mil (atingindo-se o recorde de 171 mil em Junho passado), que representam aproximadamente 20% face ao número de desempregados do IEFP"
"Se à manipulação estatística da formação profissional juntarmos a emigração e a «exportação de desempregados», a precariedade associada a uma parte significativa do emprego criado ou o peso relativo dos desempregados que desistiram de procurar emprego (exercícios a que se têm dedicado, por exemplo, Eugénio Rosa e Mariana Mortágua), percebemos como é frágil e ilusória a propaganda governamental em torno da redução do desemprego e dos «sinais» de retoma da economia."
De
E que dizer destas "definições"?
EMPREGADO: todo aquele que tenha «efectuado um trabalho de pelo menos uma hora (!!!), mediante o pagamento de uma remuneração ou com vista a um beneficio ou ganho familiar em dinheiro ou géneros».
In «Estatísticas do Emprego» divulgadas trimestralmente pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE).
DESEMPREGADO: um desempregado para ser incluído no número oficial de desempregados é necessário que «tenha procurado um trabalho, isto é, tenha feito diligências ao longo de um período especificado (período de referência ou nas três semanas anteriores) para encontrar um emprego remunerado ou não».
In «Estatísticas do Emprego» divulgadas trimestralmente pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE)
Mete náuseas o conceito de "empregado"
De
Quanto a extraordinárias afirmações do género " o desemprego é mantido em formação" e o " ideal burguês que não desarma"... é melhor apenas registar a sua exposição pública.
Tal como as sinecuras. Não da função pública como nos querem fazer crer desta forma "todos ao molho e fé em Deus".Mas as verdadeiras, com direito a mordomias, os boys postos nos lugares de chefia da dita FP.
Os exemplos são muitos e variados e vão desde um chefe de gabinete de coelho a um ex-governante de coelho, a um motorista de coelho , à namorada do amigo do coelho ou ao amigo do coelho himself, um relvas qualquer coisa ou um qualquer coisa relvas.
Claro que as sinecuras do Ricardo Salgado e doutros trabalhadores incansáveis não são para aqui chamadas...
De
Acrescente a esse último gráfico o acumulado de emigrantes para quem acha que isto está mesmo mesmo a ficar bom...
Solipso DE, se tudo correr bem, cada vez haverá menos empregos.
Ver o desemprego à luz do 'direito ao emprego' é do mais solipso!
O sustento dos desempregados há-de processar-se de acordo com os meios disponíveis e a troco de serviços/deveres, sendo a formação um deles.
Mais solipso ainda é acreditar no direito à felicidade - estudar o que quer, trabalhar no que quer - e outros solipsismos em que a esquerda se solipsa!
A fuga do real bem patente neste comentário do jose.
Vejamos:
Comecemos pelo significado de solipso. Não terá porventura à mão um dicionário para o ajudar ou não costuma usar tal tipo de instrumentos civilizacionais? O egoista jose a tentar esconder-se atrás de outros ele, logo ele, que grita contra os funcionários públicos e os pensionistas, recomendando-lhes um "tratamento adequado"?
Ele que conclama pela inevitabilidade do desemprego e que duma forma um pouco "tonta" define felicidade como um miúdo de escola primária o faz?
E o silêncio sobre o real e sobre a manipulação das estatísticas e a camuflagem do desemprego?
E o silêncio sobre os falhanços da setas , das previsões troikistas, da austeridade?
Questões prementes que não resultam das tentativas de chutar para o lado em busca da génese da felicidade pelo estudo do que se quer e pelo trabalho do que se quer(!)
Logo agora em que o neoliberalismo esmaga empregos e põe em causa a educação, jose foge e concentra-se na sua visão peculiar da felicidade?
Que espécie de fuga também é esta? Sem o querer jose acrescenta dados que ajudam a perceber a degradação ideológica da direita.
O sustento dos desempregados "há-de"...diz jose
há-de ha-de...no futuro radioso do jose, em que os mercados tomam o pulso da sociedade e assumem-se livres e autónomos até chegarem às carteiras recheadas dum ricardo salgado, dum belmiro , dum soares dos santos? (citados tais personagens porque foram já objecto de referências laudatórias espúrias pelo jose)
"Para não se reconhecer os erros dos seus pré-conceitos ideológicos ( dos neoliberais), o quadro social é omitido. As consequências das suas políticas, são tratadas como questões subjectivas :"se tu queres, tu podes". Esta é a base da alienação e voluntarismos como o empreendedorismo. É a forma de manter o sistema capitalista, que seria perfeito como "coisa em si", e "tornar o indivíduo responsável pelas relações de que é socialmente um produto". (Marx)
"Quando se afirma que o "Estado Social tem de ser associado às disponibilidades que o Estado tem", está a dizer-se que as prioridades são as da especulação e da agiotagem fomentada e protegida pelo BCE. Porém, que "disponibilidades" existem ou se criam quando o Estado deixa fugir a riqueza criada no país para paraísos fiscais e entrega ao desbarato a grupos privados empresas públicas lucrativas?"
(citações retiradas do texto de Daniel Vaz de arvalho já referido)
De
Mas a fuga do real e a degradação ideológica da direita é como o sistema heliocentrico.Assume os seus axiomas como imutáveis e inquestionáveis é certo, mas também definitivos.
Curioso ver como o modelo futurista de jose "apresenta" uma legião de desempregados, cada vez mais, como um exército de mão-de-obra a utilizar se tal for o caso ( daí a "formação") pelo que será necessário que tal exército tenha deveres e " serviços" a determinar provavelmente por um remoto descendente desse subserviente capataz de nome mota soares.
Temos a estratificação social sonhada pelo neoliberalismo.Os desempregados, os empregados. E os donos do capital, claro não se questionando a concentração da riqueza em meia dúzia de mãos.
"As intervenções do ministro da "solidariedade social", Mota Soares, assemelham-se a delírios retóricos, enquanto a pobreza não cessa de aumentar. A política liberal é oposta à redistribuição de rendimento. O liberalismo no século XIX, como no século XXI, só trouxe pobreza e desigualdades crescentes. As leis de protecção aos pobres que existiam na Inglaterra desde o século XVI foram revogadas pelo capitalismo triunfante.
A melhoria das condições de vida foi arrancada a ferro e sangue pela luta dos trabalhadores, pelo sacrifício das vidas de tantos heróis anónimos que lutaram contra o arbítrio dos poderosos. Contra o que agora se pretende repor a coberto de hipotéticos "ajustamentos orçamentais".
O neoliberalismo conduz os países à estagnação, ao desemprego, à austeridade "ad eterno". A sua política laboral centra-se na total dependência do trabalhador em relação ao patronato, promovendo o contrato individual de trabalho, procurando anular a contratação colectiva, esteio do progresso social e também económico, direito conquistado pelos trabalhadores já antes do 25 de ABRIL,
O neoliberalismo, é na realidade um neofascismo. Pode pregar-se moral e religião, mas ignora-se um sistema iníquo que produz 30 milhões de pessoas em condições de escravatura, segundo o "Global Slavery Index 2013". Em nenhuma época histórica existiram tantos escravos no mundo, esta a realidade do capitalismo global.
Afirma-se que o desemprego só é "moralmente condenável" se houver uma ação deliberada para o criar. Claro que pode ou não haver uma acção deliberada do capitalista, apesar da legislação abrir a porta a toda a espécie de arbitrariedades. O que há sem dúvida é a acção deliberada de um sistema iníquo. É mais um exemplo de solipsismo.
O relatório OXFAM sobre as desigualdades no mundo fala-nos de um "sistema falseado em benefício de alguns": 1% da população detêm 50% da riqueza mundial, os restantes 99% partilham a outra metade. Nos EUA os mais ricos confiscaram 95% do crescimento após a crise financeira de 2008 e os mais pobres empobreceram. Portugal é dos países com maior nível de desigualdades da OCDE. Em Portugal a parte dos mais ricos duplicou entre 1981 e 2012. Quem andou a consumir acima das possibilidades?"
(mais uma vez Daniel Vaz de Carvalho)
De
O desemprego real em Portugal é dos mais elevados de toda a Europa.
Poderá estar ao nível da África Subsaariana , America Central e alguns Países do Extremo Oriente.
Por outro lado o subemprego de quadros assume grandes proporções.
A agricultura familiar de subsistência e os dinheiros que vêem da emigração têm evitado uma Catástrofe Social
Então, sem entrar em análises políticas pode concluir-se que existe uma tendência para baixa do desemprego...
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