quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Sinais?

Num comício ontem realizado em Rendsburg, no norte da Alemanha, Angela Merkel defendeu que «a Grécia nunca deveria ter entrado na zona euro», associando os actuais problemas com que a Europa se confronta à permissão de entrada daquele país na zona monetária, a par da ideia de que o Pacto de Estabilidade foi, na sua génese, um pacto «fraco». E num esforço acrescido de clareza, a chanceler acrescentou: «temos que mostrar solidariedade, mas é preciso que ela esteja também sempre associada a reformas nestes países». Sim, a solidariedade de quem amealhou 41 mil milhões de euros desde 2010 com a suposta crise das dívidas soberanas.

Na terça-feira, numa entrevista a um diário alemão, o presidente da Federação da Indústria Alemã (BDI), Ulrich Grillo, propunha, qual abutre, que Atenas transferisse parte do seu vasto património nacional para o fundo de resgate europeu, que poderia assim vendê-lo para cobrar dívida e se financiar. A proposta não chega a ser tão obscena como a formulada pelos deputados alemães Josef Schlarman e Frank Schäffler (da CDU e do Partido Democrático Liberal, respectivamente), que em 2010 defenderam que Atenas deveria vender algumas das suas ilhas, para abater dívida pública (situada então em 110% do PIB). Para Grillo, bastaria que a Grécia alienasse hoje parte do seu património nacional, no valor de várias centenas de milhares de milhões de euros, como «é o caso, por exemplo, de empresas do setor da energia, portos, aeroportos ou imobiliárias».

Juntando a estas as recentes declarações do presidente do eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, quanto à necessidade de aplicar um terceiro resgate a Atenas, a nebulosa de afirmações que assim se produz parece mostrar pelo menos duas coisas: que a eurocracia predadora não aprendeu (quererá aprender?) rigorosamente nada sobre a calamidade política, social e económica a que a sua receita de austeridade está a conduzir; e que podem eventualmente estar a ser dados os primeiros passos do processo de expulsão da Grécia da zona euro. Dois sinais a que Portugal deve, obviamente, estar atento. Objects in the mirror are closer than they appear?

4 comentários:

Diogo disse...

«eurocracia predadora»?

Que é isso? E tem a ver alguma coisa a ver com o Goldman Sachs e o Lehman Brothers? Ou com um Monopólio Financeiro Mundial em que os bancos funcionam como meras agências? E em que Merkel e Grillo são meros fantoches?

R.B. NorTør disse...

Eu concordo com o que o fulano alemao diz e até proponho que comecem pelo equipamento militar alemao, os eléctricos alemaes, os cronómetros (nos estádios) alemaes...

Henrique da Luz disse...

Boas Srs,
A dúvida deixou de existir (não a dívida!) O processo de re-autonomização da nossa Região Portuguesa vai acontecer inevitavelmente. A Europa "Comunitária", projecto de valências justas e igualitárias simplesmente deixou de ser objectivo. Antes de se comerem uns aos outros (como sempre na história até 1945) tentarão subjugar os que por inconsciência e incúria (dolo?) com eles alinharam.
Vamos esperar que sejam eles a expulsarem-nos do Euro? ou oferecemos-lhe primeiramente um pacote Madeira&Azores para os paparicarmos mais uns anos? Não há Comunidade nem lá nem cá. Que somos Nós os Portugueses, essa ideia barata? A Linha de Cascais mais a Foz do Porto? Que integridade procuramos, afinal defender?

Anónimo disse...

Penso que a saída da Grécia do
Euro tem uma probabilidade cada vez mais elevada podendo ser certa a médio prazo