segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O centrismo pode estar à frente mas não é alternativa

No Reino Unido, o Partido Trabalhista está com dificuldade em estabilizar a sua liderança nas sondagens após anos de austeridade Conservadora (ver esta análise). Embora dispondo de moeda própria, o problema deste centro-esquerda é idêntico ao que se verifica na restante Europa, a assimilação da teoria económica ortodoxa e a cumplicidade com a finança. Segue a tradução de alguns parágrafos de um artigo de Lord Skidelsky, biógrafo de Keynes:
“Juntando tudo isto podemos dizer que a economia está hoje ligeiramente maior do que em 2010 – embora ainda 3,5% menor do que em 2008 – mas com menor produto por trabalhador e com menor rendimento para a maior parte das pessoas. E, a um nível de 8%, o desemprego mantém-se inalterado há três anos.

O que o Partido Trabalhista deveria estar a defender é que tudo isto resulta da política errada e até cruel de redução do défice cuja lógica é bem ilustrada pelas afirmações do Primeiro-Ministro de que “não podemos gastar o dinheiro que não temos” e do Ministro das Finanças de que “temos de aprender a viver com os meios de que dispomos”.

Isto faz todo o sentido quando os recursos da nação estão a ser plenamente utilizados, mas é teoria económica disparatada quando se está perante um grande desemprego. Porque, nesse caso, os meios ao dispor do governo incluem esses recursos por utilizar. Se estivessem a ser adequadamente utilizados o governo teria mais dinheiro para gastar. Gastando mais, criaria os meios para os empregar.

Por isso, nas suas propostas eleitorais os Trabalhistas deviam apostar na promessa de reverter a política de redução do défice. Infelizmente compraram aos Conservadores a estória da austeridade, apenas discordando nos detalhes, sobretudo no ritmo da redução do défice. Isto é uma capitulação intelectual. Os líderes Trabalhistas ficaram tão aterrorizados com a possibilidade de serem acusados de despesismo que têm tido medo de argumentar que gastar mais dinheiro agora é a maneira mais segura de pôr a economia a crescer e reduzir o défice.”

1 comentário:

Alvaro disse...

Artigo de Lord Skidelsky?

Por mim parece-me que o Lorde refere-se é a Portugal... ou será que estamos todos na mesma?