quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Interrupção?

Os primeiros dados do INE para o segundo trimestre indicam um crescimento de 1,1% face ao primeiro trimestre, o maior crescimento na Zona Euro para o período e quase o dobro da previsão mais optimista, e ajudam a explicar, com a sazonalidade, uma parte dos últimos, e também surpreendentes, dados sobre o desemprego, já aqui referidos. É claro que, comparado com o segundo trimestre do ano passado, a queda é de 2% (o gráfico do INE ajuda a que não se embandeire em arco). Um trimestre não faz esquecer o peso de dez trimestres consecutivos de recuo em cadeia, graças as políticas de austeridade, e não faz esquecer o perigo que estas políticas continuam a representar para os próximos trimestres. De resto, a economia portuguesa terá beneficiado do crescimento da procura externa, o que, por exemplo, num dos nossos principais destinos de exportação, a Alemanha, poderá ter sido devido à maior dinâmica da procura interna puxada pelo aumento dos salários e do consumo público. A estabilização da nossa procura interna também terá ajudado: o que cai muito tem de subir alguma coisa, sobretudo se as expectativas de certos sectores se tornam um pouco menos pessimistas, levando a que certas despesas de consumo não sejam mais adiadas, porque um certo e determinado tribunal decidiu que os cortes nos salários são menos intensos e porque os salários, em geral, deixaram de cair em termos homólogos. Juntem a isto, como sublinha Rui Peres Jorge no Negócios, o efeito Galp, já aqui explorado e que explica um terço do crescimento das exportações em termos homólogos, um mau primeiro trimestre para comparar e menos austeridade e têm as contas baralhadas para um futuro que pode bem não ser a continuação de um trimestre em contraciclo.

5 comentários:

R.B. NorTør disse...

Sem deixar de ressalvar que no fundo nada foi feito de estrutural que evite crises no futuro. Assumindo que isto é o início do contra-ciclo, a questao fundamental do "pós-troika" acaba por ser: "quando volta a troika?".

Anónimo disse...

A recente euforia em relação à economia faz-me lembrar o Dr. Frankenstein, que olha para a sua criação e descobre um portento da ciência, algo de que se deve orgulhar, enquanto os aldeões só vêm na criatura um monstro.

Mário Estevam disse...

aumento de salários de 6,5% na alemanha e mesmo assim só cresceram 0,7% tal é a dose cavalar de neoliberlismo, minijobs e outras precariedades desde o tempo do SPD do Schröeder. Em França estão a recusar temporários para as vindimas porque há muito francês de regresso ao campo como os neoliberais costumam dizer com alegria. Os franceses novos rurais.

Anónimo disse...

É preciso ter cuidado com a estimativa rápida.

Os dados finais podem perfeitamente ser revistos em baixa.

E o 3º e 4º trimestre devem ser maus em termos económicos.

Aliás, a produção industrial e as exportações estão a cair logo o futuro não augura nada de bom para a nossa economia.

E em 2014 voltaremos a ter um ano de recessão.

Anónimo disse...

Nos casos de doença terminal é comum um ultimo suspiro. A sério, é sempre um bom sinal, mas insuficiente para qualquDr análise