João Ferreira do Amaral, em declarações ao Público, toca num ponto a que também já aqui aludi e que quero enfatizar: este OE vai ser uma “tragédia nacional”, com impacto negativo no PIB entre 2,8% e 5,3%, usando os multiplicadores orçamentais do FMI, como fazem Sérgio Aníbal e Ana Rita Faria do Público, mas o governo não está muito preocupado que “a austeridade não resulte, porque depois diz que não pode aumentar mais os impostos e avança para um corte [de resto já em curso], nas funções do Estado.”
Esta é a engenharia política em curso, dado que a retórica das gorduras, a que aludia Álvaro antes das eleições, por exemplo, é uma fraude e que os cortes atingem já e atingirão muito mais os órgãos vitais do Estado social. A austeridade sempre recessiva e regressiva é um horizonte, um pretexto para permitir, enquanto estivermos neste enquadramento europeu, escavacar a segurança social, o serviço nacional de saúde ou a escola pública, erodindo as bases sociais dos serviços públicos, entre as quais está o trabalho organizado, cuja fragilização, pela redução dos direitos laborais e pelo desemprego de massas, é indisfarçável, apesar da relevante mobilização sindical na rua.
Derrotas atrás de derrotas e com mais derrotas pelo meio. Será garantidamente assim enquanto permanecermos enquadrados pelo memorando e pelas instituições que o garantem, por muito que possam mudar as fórmulas políticas internas que suportam governos de desgaste cada vez mais rápido, por muito que ganhem protagonismo os que ainda conservam prestígio entre as elites centrais, como é o caso de Silva Peneda. A questão não é individual, é de programa, das forças sociais que o suportam e da estrutura europeia que garante a sua manutenção. A esquerda que não percebe isto só pode ter o tristíssimo destino do PASOK e da esquerda democrática grega (DIMAR), enredados numa coligação que condena o povo grego, abdicando de tudo o que justifica a existência de partidos que façam qualquer coisa de esquerda, qualquer coisa civilizada, qualquer coisa…
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
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3 comentários:
Excelente texto para tão pobre alerta. Essa esquerda, a quem apela, já deu mostras de estar preparada para a "mesma marmelada"... Aliás, acabo de ouvir o Ulrich dizer que entre os três não há razões de facto para que não haja uma... união de facto!
Blog POLITEIA: «E a primeira alternativa que temos de pôr em prática é a erradicação da OBSCENA VERBA de mais de 9 mil milhões de euros - que está inscrita no Orçamento de Estado - para pagar o serviço da dívida... tem de ser substituída por uma verba incomparavelmente menor.»
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RENEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA
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Há séculos e séculos que o Negócio da Dívida é a mesma coisa:
- sempre que um agiota quer 'deitar a luva' aos bens de alguém... o agiota acena com empréstimos... que sabe que não vão conseguir pagar... porque... o agiota 'trata' de complicar a vida ao devedor!
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Hoje em dia, mega-agiotas não se limitam a acenar a famílias... eles acenam a países inteiros!
-» Nota 1: a Goldman Sachs chegou ao ponto de camuflar a dívida grega... para que depois... mega-agiotas pudessem deitar a luva a activos gregos (e não só...) a preço de '''saldos'''!...
-» Nota 2: Mais, a Goldman Sachs chegou ao ponto de colocar elementos seus nas comissões de privatizações!
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---»»» Os Credores andaram a 'comer' o Estado português, leia-se, andaram a 'comer' os contribuintes portugueses, como OTÁRIOS!!!
De facto, mafiosamente, os Credores complicaram a vida ao Devedor!
Um exemplo:
- quem falou que a dívida estava a crescer demasiado (ex: Manuela Ferreira Leite) foi enxovalhado pelos Media e apoiantes seus foram silenciados (nota: os Media são controlados pela superclasse)... em simultâneo... os Media deram amplo destaque a marionetas/bandalhos: «há mais vida para além do deficit»;
- depois de complicarem a vida ao devedor (leia-se, o Estado português)... eles passaram a cobrar juros mais altos!...
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O CONTRIBUINTE PORTUGUÊS TEM DE REAGIR face às mafiosices dos credores/agiotas!...
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Uma sugestão: Islândia - a revolução censurada pelos Media, mas vitoriosa!
Resumo (tudo pacificamente):
- Renegociação/reestruturação da dívida;
- Referendo, de modo a que o povo se pronuncie sobre as decisões económicas fundamentais;
[uma sugestão: blog «fim-da-cidadania-infantil»]
- Prisão de responsáveis pela crise;
- Reescrita da Constituição pelos cidadãos.
{Obs: Os políticos e os partidos políticos vão ter que se aguentar... leia-se, têm de passar a ser muito mais controlados pelos cidadãos... consultar o know-how islandês poderá ser muito útil: deve-se icentivar atitudes de participação cívica... que não sejam... gritar com megafones, derrubar barreiras policiais, etc}
Acho que só vai haver uma Alternativa de Esquerda quando acontecer ao PS o mesmo que aconteceu ao PASOK!
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