«A comunicação do primeiro-ministro na rentrée de 2012 brutaliza a lógica económica e a justiça social. A iniciativa dispara sobre alvos vazios mas produz ricochetes sérios. Primeiro, as medidas apresentadas agravarão os problemas que visam resolver. Segundo, as medidas são uma aberração ética. Pela boca de Passos Coelho saiu uma fórmula em que a ineficácia e a inequidade se auto-reforçarão. Trata-se de uma irracionalidade económica e de uma imoralidade social. Utilizar a baixa da TSU como ferramenta para crescimento e exportações numa conjuntura de recessão é algo tão errado do ponto de vista técnico que parece justificar uma averiguação judicial por negligência propositada tal como quando médicos incompetentes são condenados por más práticas que levam à fatalidade do paciente.»
...Sandro Mendonça, em «Disparar à vontade»
«Um terço é para morrer. Não é que tenhamos gosto em matá-los, mas a verdade é que não há alternativa. se não damos cabo deles, acabam por nos arrastar com eles para o fundo. E de facto não os vamos matar-matar, aquilo que se chama matar, como faziam os nazis. Se quiséssemos matá-los mesmo era por aí um clamor que Deus me livre. Há gente muito piegas, que não percebe que as decisões duras são para tomar, custe o que custar, e que, se nos livrarmos de um terço, os outros vão ficar melhor. É por isso que nós não os vamos matar. Eles é que vão morrendo. (...) Com um terço da população exterminada, um terço anestesiado e um terço comprado, o país pode voltar a ser estável e viável. (...) Não vou ficar em Massamá a vida toda. O Ângelo diz que, se continuarmos a portar-nos bem, um dia nós também vamos poder pertencer à élite.»
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José Vítor Malheiros, em «O sonho de Pedro Passos Coelho»
«É o nosso silêncio que permite esta política. O primeiro-ministro apresenta-nos nos fóruns internacionais como gente mansa que aceita com um sorriso nos lábios toda a austeridade a que nos obrigam. Transformámo-nos nas cobaias das políticas neoliberais. Garantem-nos que não há alternativa. É o momento de remediarmos o erro e dizermos: tudo é alternativa a esta política ditada pela troika, porque este rumo apenas conduz ao desastre. Como escrevia um dramaturgo e poeta alemão de que Merkel não deve gostar: “Depois de falarem os dominantes/ Falarão os dominados/ Quem, pois, ousa dizer: nunca/ De quem depende que a opressão prossiga? De nós/ De quem depende que ela acabe? Também de nós/ O que é esmagado que se levante!/ O que está perdido, lute!”»
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Nuno Ramos de Almeida, em «Cale-se, senhor primeiro-ministro»
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