O plano de cortes na despesa pública anunciado pelo governo, para além da análise quantitativa feita no post anterior, merece ser também objecto de uma leitura qualitativa, pelo notável exercício de novilíngua que nos oferece.
O que podem significar, por exemplo, as «medidas de racionalização de recursos, nomeadamente quanto ao número de alunos por turma», senão uma degradação das condições de ensino e aprendizagem, dada a redução do número de docentes que comportam? Ou para que pode apontar a «melhoria dos procedimentos inerentes à aplicação da condição social de recursos no acesso a prestações sociais» senão para mais um cruel reforço no corte dos apoios estatais aos mais pobres, quando a austeridade e a recessão se agudizam de forma dramática? Ou, ainda, o que decorre da «racionalização de recursos e controlo da despesa» na saúde senão uma degradação das condições humanas e materiais inerentes à prestação de cuidados, susceptível de colocar em risco respostas atempadas e a própria vida dos cidadãos?
A novilíngua da coligação PSD/PP presta-se bem ao cinismo e à desinformação. O que é a «reforma dos sistemas de prestações de desemprego», senão, essencialmente, um corte nas condições de acesso num momento em que o número de pessoas que deixam de ter trabalho aumenta de forma galopante? Ou em que fundamenta o governo a necessidade de implementar uma «maior disciplina de utilização de fundos públicos» e um «plano de substituição de fontes de financiamento» no ensino superior, quando é notória a asfixia orçamental consecutiva a que estas instituições têm sido sujeitas, apesar de revelarem, em regra, uma gestão financeira exemplar?
São estas as «gorduras» do Estado que era imperioso cortar? Ou estamos, como era previsível, perante um plano de desmantelamento do Estado social há muito concebido, que apenas se encontrava escondido na manga das promessas de Passos Coelho, durante a campanha e na própria noite da vitória eleitoral?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Este Governo de Ladrões precisa de ser ensinado.
Toda a gente que ele mandar para a miséria, e vai ser muita, tem o dever e a obrigação patriótica e familiar de reagir por todos os meios ao seu alcance.
Ao terrorismo de estado, que é o que estamos a assistir por parte deste governo de ladrões e vigaristas, há que pagar na mesma moeda.
há que pagar na mesma moeda.
Quando os despedimentos na Função Pública? Quando?
Onde sestão os cobardes que nos colocaram nesta DEMÓNIO CRÁCIA?????
Isto já não vai com palavras.
Morrer por morrer que ao menos seja com dignidade.
Enviar um comentário