O problema, claro, começa quando as teorias neoliberais tentam, através das políticas públicas, formatar o mundo à imagem dos seus idealismos mercantis, misturados com um autoritarismo tributário de Carl Schmitt: «soberano é quem decide o estado de emergência», quem define a «excepção à regra». Esta última associação é desenvolvida por Philip Mirowski e é aplicada à forma selectiva e dúplice como é vista a intervenção do Estado e o seu controlo. Quando o domínio das políticas públicas é alcançado temos o actual «capitalismo de desastre» de que fala Naomi Klein (já agora, a recensão de Stiglitz ao livro de Klein, publicada no ano passado, está disponível aqui).
É claro que o facto da ciência económica poder ter implicações políticas fortes pode ser uma das explicações para o seu permanente policiamento. Muitos tentam abafar o pluralismo e impedir que os estudantes ou a opinião pública sejam expostos a várias perspectivas. Lembram-se da «purga» de que Stiglitz e outros foram vítimas no Banco Mundial? A várias escalas, em várias instituições e de várias formas estes comportamentos multiplicam-se. As razões do poder são tão frágeis quanto variadas. Felizmente, há sempre quem resista. Em nome da verdade, que só pode emergir do pluralismo, e da autonomia, em risco, das instituições de ensino e de investigação.
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