segunda-feira, 16 de junho de 2008
Reforma laboral ou os salários como única variável de ajustamento
Casimiro Ferreira é especialista em questões do trabalho e chegou a fazer parte da Comissão do Livro Branco das Relações Laborais, tendo-se demitido devido às orientações nela dominantes. Nesta entrevista assinala a «verdadeira razão de ser desta reforma laboral»: «não é a questão do despedimento, isso é como se diz na gíria atirar poeira para os olhos (. . .) o que está aqui em causa é tão somente a questão da adaptabilidade dos horários de trabalho e naquilo em que a adaptabilidade dos horários de trabalho se relaciona com o trabalho suplementar porque naturalmente num país como o nosso, onde os salários são baixos as horas extraordinárias, como se costuma chamar, servem como complemento de salário. A partir do momento em que se consigam introduzir factores de adaptabilidade na flexibilidade horária ela traduz-se também em flexibilidade salarial. E aí sim, aí baixam os custos de produção. Essa é a verdadeira motivação para a reforma do código». Se a isto juntarmos uma legislação laboral que, como bem defende Casimiro Ferreira, já é, na prática, extremamente «liberal», temos mais algumas pistas para perceber a convergência que, segundo o DN, parece estar em curso entre governo e patrões.
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2 comentários:
Hmmmm, quer dizer que agora os ordenados vão andar ao sabor da lei da procura e da oferta: Menos procura = menos produção necessária = menos horas de trabalho = ordenado reduzido
Já entendo a razão da dita-cuja convergência.
Não foi Manuel Pinho que disse, perante uma plateia internacional, que uma das vantagens competitivas de Portugal eram os baixos salários?
Depois admirem-se se pacatos cidadãos começarem a treinar tiro ao alvo...
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