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Os resultados estão à vista: «Lisboa é a zona de toda a Europa com maior presença das auto-estradas» e «Portugal é o terceiro país com menos comboios por habitante» (Pedro Sales no Zero de Conduta). Não admira que os transportes públicos tenham «perdido utentes de uma forma abismal a favor do transporte particular: entre 1990 e 2004 o uso do comboio diminuiu de 11,3% para 3,8%; o uso de autocarros diminuiu de 20,5% para 11,1%; o uso do automóvel subiu de 54,6% para 68,7%». Juntem a isto um crescimento suburbano caótico, que respeitou o direito de cada «pato bravo» a «fazer a casa que quer, onde quer» e temos algumas das razões que explicam o facto do peso dos combustíveis no orçamento dos portugueses ser o segundo maior da Europa - 5,2% para uma média Europeia de 3,3,% (Sérgio Aníbal do Público e do economia.info).
O investimento público, servido por um planeamento estratégico adequado, deve dar finalmente prioridade absoluta às necessidades de todos os que andam de autocarro, de comboio, de metro ou de eléctrico. Podemos ser «falhados», mas geramos externalidades positivas para o conjunto da comunidade: ar mais respirável, tempos de deslocação mais curtos, menos acidentes, mais oportunidades para interacção social. A decência de uma sociedade também se vê pela qualidade e pela popularidade dos transportes públicos. A actual conjuntura oferece uma oportunidade de ouro. É preciso combater a especulação e aumentar a transparência na formação dos preços dos combustíveis, mas é sobretudo preciso investir nos transportes públicos e nas energias renováveis. Keynesianismo ecológico.
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