terça-feira, 24 de junho de 2008

O que significa «menos Estado»?



«Menos Estado» poderia significar menor despesa pública e portanto menos impostos. Mas, diz o Eurostat, nos últimos dez anos, nos países da zona Euro, o peso da despesa pública no total da despesa passou de 51% para 48%. Redução insignificante portanto. O peso dos impostos teve de manter-se também. Mas será que isso significa que está tudo na mesma? Nos mesmos dez anos, diz de novo o Eurostat, o peso das aquisições públicas ao sector privado (publicamente divulgadas no jornal da UE) passou de 1% para 3% do PIB. E isto é só uma pequena parte das compras do Estado. «Menos Estado» afinal pode querer dizer outra coisa: mais provisão privada paga pelo Estado.

Tudo isto para ilustrar o que parece ser uma faceta do neoliberalismo real: a transformação do «monstro». Era produtor e agora é cada vez mais pagante de produtos e serviços do sector privado. Na medida em que se reconhece que a provisão privada de alguns destes bens tem de ser regulada, além do preço de aquisição há que contar agora também com custos de regulação. O «monstro» fica mais magro, mas nem por isso mais barato. E a comunidade, há alguém capaz de garantir que fica melhor servida?

4 comentários:

Diogo disse...

O «monstro» é cada vez mais caro, cada vez menos produtivo e cada vez mais saqueado. Um excelente exemplo é o complexo militar-industrial norte-americano.

Dias disse...

Por cá, tendo como pano de fundo a lengalenga do “menos Estado…”, sujeito a acções de esvaziamento e inoperância, o “monstro” está prestes a ser devorado pela elite dos empreiteiros cotados em bolsa.

Anónimo disse...

http://palermicedebacalhau.wordpress.com/2008/06/25/menos-estado-porque-nao/

Anónimo disse...

Parabéns por este artigo.

Dado que não tenho familiaridade com termos mais tecnicos utilizarei alguns mais leigos.

Parece-me que nos ultimos anos desvirtuou-se completamente o papel distributivo do Estado. Em vez de arrecadar aos mais ricos e redistribuir pelos mais pobres parece que arrecada de todos para distribuir por muito poucos que desta forma ficam bem ricos.