quinta-feira, 12 de junho de 2008
Maus ventos económicos
Um dos ensaios de economia impura de José Reis é dedicado à discussão do que podemos designar por paroquialização da economia portuguesa: «Hoje, a União Europeia tem um peso de cerca de 80% de todo o comércio internacional do país, quer na entrada quer na saída de mercadorias. Mas insiste-se que o facto mais relevante trazido pelo aprofundamento da integração real e formal na União Europeia é exactamente a importância assumida das relações económicas de proximidade, isto é, a iberização da nossa integração europeia. De facto, a aceleração da abertura, realizado no quadro da integração europeia, conduziu a um estreitamento das nossas relações económicas internacionais». O mercado espanhol absorve agora 28% das nossas exportações (contra 15% há apenas dez anos). Paradoxos da, no nosso caso, mal chamada globalização. O Expresso desta semana parece ter considerações pertinentes e preocupantes sobre este tema: «A Espanha vai crescer este ano ao ritmo mais baixo desde 1993. É uma péssima notícia para a economia portuguesa que vende para o mercado espanhol quase um terço das suas exportações (. . .) as exportações caem, as empresas têm menos encomendas e o número de portugueses a trabalhar para Espanha, principalmente na construção, diminui. Até que ponto Portugal conseguirá sobreviver aos maus ventos que sopram da economia espanhola? Vamos importar mais uma crise?».
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3 comentários:
Caro José Rodrigues,
não percebi muito bem qual a "moral" do seu post. Será uma apologia do orgulhosamente sós? "Deixemo-nos de globalizações que isso é tudo muito lindo quando o céu está azul mas depois é desagradável quando o vento vira"?
É apenas a constatação de alguns factos aparentemente paradoxais. Na chamada época da globalização e quando se diz que as distâncias já não contam, as nossas relações económicas internacionais são de maior proximidade. Nada mais. Não há "moral" nenhuma. Não percebo como é que pode tirar essa conclusão do orgulhosamente sós.
Não percebe?
«O mercado espanhol absorve agora 28% das nossas exportações [...] O Expresso desta semana parece ter considerações pertinentes e preocupantes sobre este tema[...]Até que ponto Portugal conseguirá sobreviver aos maus ventos que sopram da economia espanhola? Vamos importar mais uma crise?»
Ou então sou eu que tenho uma mente depravada :-)
Agora a sério. Do seu comentário já percebi onde quis chegar. E acho que posso dar uma achega.
A "revolução" da globalização deu-se mais ao nível dos serviços que dos produtos. A era digital permitiu eliminar algumas barreiras às transacções globais mas tal "alívio" predominou nos serviços. Isto porque os bens ainda sofrem de alguns dos problemas pré revolução digital: Custos de trasnporte, armazenagem, perecimento. Com efeito, ao nível dos produtos a competiticidade de cada país perde-se à medida que as distâncias aumentam fruto dos custos e dificuldades logísticas de fazer chegar os produtos ao seu destino. Assim sendo, acho que houve uma especialização nos mercados mais rentáveis: os mais próximos.
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