sexta-feira, 11 de março de 2022

Querido Diário - tão bom, uma maioria absoluta durante a guerra


Jornal Público, 11/3/2002

Foi há 20 anos, durante a campanha eleitoral em que PS e PSD, cada um por si, pediam uma maioria absoluta. António Guterres tinha se demitido, cansado, depois da vitória eleitoral autárquica a 16/12/2001, em que Santana Lopes ganhara em Lisboa de forma muito polémica e, segundo o Ministério Público, pleno de irregularidades eleitorais praticadas por autores desconhecidos. O PSD galvanizava-se. E Durão Barroso, à frente da lista do PSD, anunciava já uma guerra de "consequências graves e imprevisíveis". 

Na altura, usou o argumento negativo para pedir uma maioria absoluta - que não conseguiu. Meses mais tarde, serviu de mordomo, nas Lages (Açores), para uma cimeira para o qual não foi convidado (pouco tempo depois seria, sim, convidado para presidente da Comissão Europeia), que lançaria uma nova doutrina americana, uma nova missão para o oriente, apoiada por uma coligação de forças pertencentes à NATO (ver a Carta dos Oito, embora sem a França nem a Alemanha) numa guerra - fora do conceito "defensivo" da NATO - responsável por centenas de milhares de mortos e de milhões de refugiados. 

A comunicação social ocidental acompanhou, entusiasmada, a "guerra ao terror" (como se nota nestas páginas do jornal Público).

 

Jornal Público, 11/3/2002

Uma guerra que, afinal, iria estar na base - como se depreende dos dados da Europol - não da instauração de democracias políticas, mas da sua instabilidade; não do fim, mas do crescimento exponencial das iniciativas terroristas em diversos países ocidentais nos anos seguintes que, por sua vez, justificariam mais acções militares e, por arrasto, uma militarização das sociedades, que quadra cada vez melhor com as necessidades de segurança interna decorrentes de um ambiente em que se abrem desigualdades sociais crescentes, sobre um elevado nível de desemprego e de exclusão, fruto dos efeitos cumulativos de uma política neoliberal globalizada. No fim, o Iraque ficou como ficou. Já nem se fala do Afeganistão. E Médio Oriente então, a situação é cada vez mais explosiva, mas pouco acompanhada pela comunicação social ocidental

Desigualdades, guerra e segurança interna andam tão bem de braço dado.    

 

2 comentários:

Mozgovoy disse...

E não aprenderam nada...
O Iraque, o Afeganistão e, principalmente, a Líbia foram o começar de uma torrente de refugiados que alimentou a fogueira do crescimento dos movimentos racistas e xenófobos de extrema-direita na nossa muito democrática União Europeia. Agora, e não contentes com os resultados da sua boa obra anterior, os nossos queridos governantes europeus estão apostados em inundar a UE com refugiados ucranianos. Depois do mal, a caramunha...
No meio desses refugiados ucranianos, não faltarão ladrões, assassinos e violadores que o Senhor Volodymyr Zelensky (ou melhor, o seu dono) fez o favor de pôr fora das cadeias para que combatessem (está bem está...) as hordas russas, bem como não faltarão neonazis dos Batalhões Azov, Aidar, Tornado e do Right Sektor que tenham a inteligência (há quem tal chame ao instinto de sobrevivência) de atempadamente compreenderem que isto de combater as Forças Armadas Russas não é a mesma coisa que sequestrar, torturar e assassinar civis desarmados.
Depois do explosivo crescimento da direita cripto-fascista, do que necessitávamos mesmo era de que essa direita fosse engrossada por neonazis ressabiados com a "traição" da OTAN/UE à sua vontade de exterminarem nuclearmente os Untermenschen russos.

PS - Ao contrário das armas de destruição massiva que o cicerone dos Açores disse ter visto com os seus próprios olhos, começam a vir à luz do dia algumas informações (intrigalhadas dos facinorosos russos, certamente...) acerca das bem reais pesquisas laboratoriais que os EUA e a OTAN faziam na Ucrânia em prol da expansão e do desenvolvimento da democracia e dos "valores" ocidentais entre o ignaro povo russo.
Uma iminente invasão genocida do Donbass, o palhaço Zelensky a afirmar o seu desejo de possuir armas nucleares e pô-las nas mãos de - segue-se um claríssimo pleonasmo - neonazis russófobos e laboratórios vastamente fundados pelos EUA e a OTAN a pesquisarem vastamente agentes biológicos e químicos (com as melhores das intenções democráticas, não duvidemos...) ali ao lado da Federação Russa... Mas por que raio invadiu a Federação Russa a Ucrânia? Mistério...

Anónimo disse...

Quando e que esse SENHORE: DURAO BARROSO E companhia sao chamados o tribunal pelas mentiras e crimes que cometeram contra a HUMANIDADE no Afgasnistao Libia e no Iraque?