segunda-feira, 14 de março de 2022

Querido diário - as confusões nacionais de Durão Barroso

Jornal Público, 12/3/2002

Há 20 anos, o jornal Público trazia um artigo interessante de Vital Moreira, que indiciava já ao que vinha este personagem que passou por Portugal. 

Nele, abordava-se a promiscuidade de Durão Barroso com a então equipa dirigente do Sport Lisboa e Benfica (SLB). O clube apoiava institucionalmente o candidato do PSD e este prometia resolver o problema de dívidas fiscais do clube. Este problema que não era apenas do SLB. Na verdade, constituía um imbróglio que atravessou sucessivos governos. Começou nos mandatos de Cavaco Silva em que se deixou os clubes de futebol acumular volumosas dívidas fiscais sem que a lei fosse aplicada. Depois, o governo Guterres tentou desde 1995/96 resolver o problema com um expediente - que ficou conhecido por totonegócio - em que os clubes cediam durante anos receitas futuras por conta das dívidas passadas. Mas este não foi um processo linerar sem isento de críticas (ler aqui). 

Três meses depois da vitória do PSD nas eleições legislativas, a nova ministra das Finanças - Manuela Ferreira Leite - viria a embrulhar-se também no caso. Primeiro, porque escollheu para secretário de Estado dos Assuntos Fiscais quem pelo clube negociara o dossier junto da administração fiscal. E depois porque tomou uma decisão polémica: aceitou as acções da SAD do clube - na altura, de valor muito discutível - como garantia para a impugnação da dívida fiscal, evitando que o clube tivesse de prestar uma garantia bancária. (ver aqui). 

No mesmo jornal, outra notícia dava conta do conselho de Miguel Beleza, economista e ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva, para que PS e PSD se entendessem sobre "questões essenciais" como a reforma da segurança social e os aumentos salariais da Função Pública. 

E na mesma coluna, falava-se das críticas do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) ao pacote fiscal do PSD - vulgo "choque fiscal. Nomeadamente sobre a suposta ideia de que uma baixa da taxa de IRC  conduziria, a prazo, a uma subida da receita fiscal do imposto. 

Isto foi há 20 anos, sabe-se lá porquê mas hoje ainda há quem espere resultados diferentes...


 

1 comentário:

Anónimo disse...

Um bom exemplo da "democracia liberal"... aquela que o Ocidente gostava de implantar na Ucrânia.