sábado, 21 de novembro de 2020

Ideológicos são os outros

Escreve Ricardo Reis no Expresso: "O grande perigo vem dos ideólogos que querem aproveitar qualquer crise para mudarem permanentemente a sociedade e a economia na direção das suas utopias pessoais." 

Concordo. Este foi um dos motivos pelos quais fui tão crítico do modo como a UE e o governo PSD/CDS quiseram usar a desculpa da última crise para proceder a transformações radicais - nas leis do trabalho, nos serviços públicos, nas privatizações, no arrendamento, na protecção social, na fiscalidade - ao sabor da suas utopias liberais, para as quais não estavam mandatados. 

A minha posição sobre isto não mudou. Outros há para quem a legitimidade democrática é preocupação que surge quando o vento não sopra de feição. Para algumas mentes, já sabemos, ideológicos são os outros. O que eles defendem é só bom senso. As if.

7 comentários:

JE disse...

Três parágrafos bastam

Paulo Marques disse...

Never let a good crisis go to waste.

Jose disse...

«a UE e o governo PSD/CDS».. o PS estava onde nesse processo? A gozar de bancada.

Quanto à nota sobre o arrendamento, aguardam-se detalhes.

JE disse...

Será preciso explicar as coisas todas a este jose?

"do modo como a UE e o governo PSD/CDS quiseram usar a desculpa da última crise para proceder a transformações radicais - nas leis do trabalho, nos serviços públicos, nas privatizações, no arrendamento, na protecção social, na fiscalidade - ao sabor da suas utopias liberais, para as quais não estavam mandatados"

Este fragmento de um parágrafo tem um destinatário concreto. Um governo que ficou tristemente célebre pela venda ao desbarato do que era nosso, pelo roubo de salários e pensões,pelos negócios promíscuos com os frequentadores de offshores, pelo afundamento dos serviços públicos, pelo favorecimento dos rentistas, pela submissão completa ao eixo imperial colocado no centro da Europa. Um sórdido governo, conduzido por sórdidos personagens, virado para os seus interesses sórdidos

E que teve o bate palmas e os sons histriónicos de jose, que esperançado com esses tempos de revanche, não se continha e proclamava com aquele brilho nos olhos de quem sonha com novas noites de cristal
"2012 – o ano do fim dos direitos adquiridos!"

Faz-se agora de parvo e aponta o dedo ao lado

Enquanto inquire preocupado sobre as suas rendas

Lowlander disse...

O Ricardo Reis nao foi a luminaria que disse em Setembro ou Outubro de 2008 que a crise ia durar so um mes?
Alguem me pode ajudar a avivar a memoria aqui?

Lowlander disse...

Demorou mas consegui finalmente encontrar a referencia que procurava.

Contrariamente as datas anteriormente avancadas, "afenal" foi em Agosto de 2007 que o Ricardo Reis nos ofereceu uma das suas mais especiais perola de sabedoria economica, o babete usado para a reter para memoria futura, foi o Diario Economico - "daqui por um mes, esta crise estara esquecida" - devo confessar ser notoriamente dificil encontrar no google ou sequer arquivos online do diario economico o magnifico artigo, mas e referido em numerosos blogues de esquerda e direita...

As minhas desculpas pelo lapso anterior com as datas.

Recordando o saudoso Joao Pinto e Castro:

https://jugular.blogs.sapo.pt/1411505.html?view=16191665

https://jugular.blogs.sapo.pt/1422483.html

:D

JE disse...

Sobre Ricardo Reis,aqui no LdB num texto de João Rodrigues em Outubro de 2008:

"O Expresso, que escolheu entrevistar apenas economistas de direita, dá também a palavra a Ricardo Reis, um jovem e distinto macroeconomista neoliberal da Universidade de Columbia. Em Portugal ficou conhecido por defender o fim do IRS e por, em Agosto de 2007, ter afirmado com enorme sensatez: «Num mês não se falará nesta crise do crédito». Ricardo Reis diz agora que o Plano de Paulson original era «anticapitalista». Enfim, uma confusão. É o que dá ter o Capitalismo e Liberdade de Friedman como livro favorito"

http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2008/10/as-virtudes-da-rebeldia-intelectual.html