terça-feira, 10 de novembro de 2020

Há quem, à direita, não prescinda do cordão sanitário


«Uma coisa é os movimentos nacional-populistas, xenófobos e autocráticos assumirem aquilo que são; outra, mais grave, é o espaço não socialista deixar-se confundir com políticos e políticas que menosprezam as regras democráticas, estigmatizam etnia ou credos, acicatam divisionismos, normalizam a linguagem insultuosa, agitam fantasmas históricos, degradam as instituições. A aceitação desta amálgama ideológica por parte das direitas democráticas constitui uma afronta à sua história e o prenúncio de um colapso moral. Trump não é Lincoln, T. Roosevelt ou Reagan. A “democracia iliberal” húngara não é aceitável num Partido Popular Europeu de tradição democrata-cristã. O neofranquismo não é herdeiro da direita espanhola da Transição e o pacto constitucional. O espaço do centro-direita e da direita portuguesa não é o do extremismo, seja esse extremismo convicto ou oportunista».

Do abaixo-assinado no Público de hoje, «A clareza que defendemos», com mais de cinquenta subscritores de direita e centro-direita a exigir, em nome da decência, um cordão sanitário face ao Chega. Na lista de nomes (onde não figuram, sem supresa, João Miguel Tavares ou José Manuel Fernandes, por exemplo), encontram-se, entre outros, Adolfo Mesquita Nunes, Alexandre Homem Cristo, Ana Rita Bessa, Francisco José Viegas, Francisco Mendes da Silva, João Taborda da Gama, Miguel Esteves Cardoso, Pedro Mexia, Raquel Vaz-Pinto e Vera Gouveia Barros. É bom saber que neste campo político há quem repudie, sem ambiguidades nem tibieza, a cedência oportunista do CDS e do PSD (aparentemente esquecido do significado das suas setas), a Ventura e ao Chega.

10 comentários:

Anónimo disse...

Há que estabelecer um cordão sanitário também ao PSD
Não queremos trumpistas rastejantes, escondidos atrás do ódio

Geringonço disse...

"Na lista de nomes (onde não figuram, sem surpresa, João Miguel Tavares ou José Manuel Fernandes)"

Acrescento eu nem, sem surpresa, o director do jornal Público Manuel Carvalho.

É também curioso ver liberais como Adolfo Mesquita Nunes, que defendem o "não há alternativa", virem agora se insurgir contra a aliança da "direita moderada" com o Chega.

Acha o Adolfo que 20 anos de retórica e políticas austeritárias não iam produzir o Chega?
Adolfo é um liberal e um privilegiado mas também é homossexual, é compreensível que não se sinta confortável com a ascensão do Chega, tanto pela histórica perseguição das minorias pela extrema-direita como pela concorrência que o Chega faz ao seu partido saudosista...

Anónimo disse...

curiosamente, também não se vê a assinatura do Nuno Melo... nem do Chicão...

Anónimo disse...

Outro nome que falta é o do geringonçoso João Pimentel Ferreira Estará disfarçado provavelmente
Que chega à abjeção de repetir o que o seu amigo do Chega faz quando qualifica as pessoas pelo tom da pele ou pela sua orientação sexual

Anónimo disse...

Como é possível que ate se virem como animais contra o Adolfo Mesquita Nunes que se demarcou da aliança entre o PSD e o Chega?
... estes tipos da extrema-direita são perigosos

Jose disse...

Ai que perigo para a democracia na Direita!

Já na esquerda é um descanso...desde que se engula todo o dogma e toda a ficção da igualdade identitária, arrebanhado adentro do cordão sanitário.

Anónimo disse...

Este Jose não era aquele que andava a dar brilho ao corpo de Salazar, aquele benévolo de direita que arrebanhava os direitos democráticos como um canalha rouba os mais pobres?

Anónimo disse...

Não exageremos. Muito demarcadores,mas aproveitam para propalar equivalências falsas e intelectualmente desonestas. Convém ler tudo -

"É certo que muitos à esquerda têm cedido a frentismos que anteriormente rejeitavam. Mas a essas derivas não devem os não socialistas responder cooptando os radicalismos de sentido contrário."

Anónimo disse...

Caro Nuno Serra, não me leve a mal, mas o seu entusiasmo parece-me despropositado, primeiro porque, como diz e bem o anónimo das 21:37, o abaixo-assinado faz de facto uma falsa equivalência, o que me parece intelectualmente desonesto, segundo, alguns dos abaixo-assinados têm acesso privilegiado aos media e andam há anos a legitimar, branquear ou desvalorizar o Trump, o Orban ou o Bolsonaro como riscos à democracia, por isso vê-los a assinar aquele texto, ainda por cima um texto tão pouco claro, não me deixa muito descansado. Se são estes os tipos (e nestes termos) que à direita se opõem a movimentos extremistas dentro da direita, então, está visto que não é dali que podemos esperar ajuda no combate ao fascismo. Hipócritas é o que são.

Jose disse...

O Costa criou o frentismo, e é o frentismo que terá pela frente.
Justo e equitativo!

Tem mais o Chega a ver com o PPD (ainda anda por aí embora não o queiram ver) do que a fidalguia do PS tem a ver como o PC.