terça-feira, 22 de janeiro de 2019

De mãos atadas


Em linha com a esquerda que não desiste, sectores do Partido Socialista entraram em ruptura com a política expressa nos anos noventa por um antigo dirigente deste partido, que declarava abrir uma garrafa de champanhe cada vez que privatizava uma empresa. Agora, perante a tragédia, exige-se sensatez, ou seja, a nacionalização dos CTT.

Surgem logo vozes dentro do PS a dizer que é complicado, que Bruxelas tem de autorizar, que “estamos de mãos atadas”. Eu sei bem que o eixo Bruxelas-Frankfurt é um obstáculo de monta a políticas que mudem o fundamental em áreas fundamentais e é por isso que considero que a esquerda tem de ser eurocéptica.

Entretanto, quero só notar que o “estamos de mãos atadas” é uma boa metáfora para a soberania furtada, para a impotência democrática, que por todo o continente destrói a social-democracia.

14 comentários:

Anónimo disse...


"De mãos atadas", é bom que António Costa as desate. Não se admite, que uma carta para a EDP rececionada a 11.01.19 o respetivo aviso de receção demore 11 dias a chegar ao meu poder. É obra. Tudo isto se passa na cidade de Lisboa. Já para não falar no extravio frequente de correspondência, na demora inusitada no recebimento de correio mesmo que prioritário. Não venham com desculpas esfarrapadas, se foi possível a outros países da UE fazerem a reversão dos correios do privado para o público, nós também o podemos fazer. Aja vontade politica e deixarmos de ser "bons alunos".....

Anónimo disse...

“Estamos de mãos atadas” - não é João Rodrigues que o diz mas pessoas do PS.
É preciso fazer muito bem as contas do custo de desatar as mãos, por mais difíceis que estas sejam.

Jose disse...

E que tal mandar m uns tantos funcionários públicos postos nas milhentas sinecuras estatais dar uma ajuda nos correios? Não seria mais barato do que criar mais um buraco estatal.

Jaime Santos disse...

A principal causa da perda de soberania, João Rodrigues, goste-se ou não, são as nossas enormes dívidas, a pública e externa. Enquanto esses problemas não forem resolvidos, não vale a pena culpar Bruxelas. Portugal andou o sec. XX todo a pagar os desmandos da crise que levou à derrocada da monarquia, no final do sec. XIX, e que comprometeu todo o nosso desenvolvimento.

Eu gostava que você e todos os outros soberanistas de Esquerda dissessem, preto no branco, aonde é que Portugal vai continuar a financiar-se se seguir a linha de um Varoufakis. Veja lá quão soberanos são neste momento os venezuelanos, mau grado a vergonha de termos o PCP a felicitar um ditador como Maduro. Se é essa a soberania que você nos promete, não muito obrigado.

A política de desenvolvimento nacional não funcionou em lugar algum, na ausência de um controle das finanças públicos e, bem entendido, dos desmandos do sector bancário (até os nórdicos foram confrontados com isso).

Quanto à nacionalização dos CTT, mais do que as autorizações de Bruxelas, eu quero saber de onde vem o dinheiro para pagar tal coisa. É que sabe, o confisco está proibido pela CRP de 1976. Já não estamos no tempo da 'Economia de Abril', que aliás levou à primeira intervenção de FMI em Portugal. Para que conste...

Quanto à morte da social-democracia, fruto sobretudo de erros próprios, não precisamos que quem sempre a combateu venha agora chorar lágrimas de crocodilo por ela. Resta-nos talvez o consolo de que pelo menos ela serviu a seu tempo para ajudar a matar o totalitarismo nazi e depois o soviético...

S.T. disse...

A iliteracia económica de Jaime Santos evidencia-se logo na primeira frase.

Como soe dizer-se, "à primeira cavadela, minhocas!" LOL

Não foram "as nossas enormes dívidas" que causaram a perda de soberania monetária.

Foi exactamente o inverso! Foi a perda de soberania monetária que causou a acumulação da dívida privada. E a dívida pública resultou em grande parte da conversão de dívida privada em dívida pública.

E neste diagnóstico todo o economista que mereça o sal que come estará de acordo!

Foi a mediocridade das elites partidárias do bloco central de interesses que nos meteu neste atoleiro.

Quanto ao século XX em termos económicos a sua sobre-simplificação é incorrecta e até insultuosa para a democracia.

Miséria de cabeça a sua, Jaime Santos!

S.T.

Paulo Marques disse...

«Eu gostava que você e todos os outros soberanistas de Esquerda dissessem, preto no branco, aonde é que Portugal vai continuar a financiar-se se seguir a linha de um Varoufakis.»
Não é a linha do cobarde Varoufakis, mas vai buscá-lo ao mesmo sítio que todos os países, o seu banco central, por oposição a lado nenhum agora. Os números da dívida falam por si sobre o mercado único.
O que eu gostava era que os eurófilos explicassem, "preto no branco", como é que não só Portugal, mas muitos países da EMU, quando é que o empobrecimento vai deixar de ser uma medida de sucesso e como é que isso é sustentável. Ao menos o clima agradece.
Quanto a ditadores, ao menos esse deixa os opositores que fazem atentados vivos e a concorrer a eleições, ao contrário dos muitos que os "muito responsáveis" apoiam.

Unknown disse...

E que bem vivia o povo com o dinheiro dos empréstimos que o rei contraía...e, com o Botas, que luxo! A dívida a descer e toda a gente a comer à mesa do Alfredo da Silva, do Sommer...

Jose disse...

« E a dívida pública resultou em grande parte da conversão de dívida privada em dívida pública.»

Topem-me o treteiro!!!

Unknown disse...

Financiamento haverá sempre. Veja lá, até a juros negativos: o financiamento é uma necessidade, até para quem empresta! O que não há é quem empreste a vassalos. A soberania é essencial.

S.T. disse...

Treteiro? Eu?

Por acaso Sua Excelência a aventesma José acaso nega o que qualquer economista sabe e constata?

Usar dinheiros públicos para tapar as falcatruas dos compadres no BPN o que será?

E fazer cortes orçamentais que precipitaram a recessão e o desemprego o que será?

Os Subsídios de desemprego originados por tantas falências de empresas saíram de onde?

Os NPL (crédito mal parado) relativo ao imobiliário e construção e que obrigaram à recapitalização da CGD foram originados por quê? E quem pagou a recapitalização da Caixa?

Propagar, e o que é pior, aplicar balelas como a austeridade expansionista que resultados teve?

Já sabemos que pouco temos a esperar do Sr José em matéria de raciocínio económico, mas convém que o cavalheiro não se estique. Se não sabe não diz parvoeiras.
S.T.

Jose disse...

Por outro lado, tenho de ir ver o que significa LTRO.

Jose disse...

... e OMT.

Jose disse...

Topem-me o treteiro!

O Estado mantém leis permissivas(imaginem um link para a evolução do 35º do CSC) e regulações de fachada, deixa os amigalhaços dos seus gestores (boys partidários) à solta na economia e depois DECIDE pagar pelos seus erros e a dívida era tão privada como a do meu cartão de crédito?!?!?


E a austeridade que permite agora a treteira mas expansionista geringonça? Queixinhas!

S.T. disse...

O problema do troll relapso direitolas José é que não tem qualquer credibilidade e se limita a debitar chavões sem qualquer fundamento.

Depois os outros é que são treteiros... LOL

O que eu afirmo tem respaldo em inúmeros trabalhos de economistas credenciados e por exemplo neste pdf:

http://scholar.harvard.edu/files/jfrieden/files/friedenwalter2017.pdf

"As debts went bad in the debtor nations, debtor-country banks risked illiquidity and
insolvency. To prevent a financial meltdown, governments ended up assuming many of the bad
debts of their banks—converting private into sovereign debts."

"Quando as dívidas se tornaram incobráveis nas nações devedoras, os bancos dos países devedores entraram em risco de falta de liquidez e insolvência. Para evitar um colapso financeiro, os governos acabaram por assumir muitos dos incobráveis dos seus bancos - convertendo débitos privados em dívidas soberanas".

"expansionista geringonça"? LOL

Como? Onde? A apresentar excedentes orçamentais quando ainda não se recuperou do "output gap"? Estão cá a gozar com o preto... Não? LOL

S.T.