O PS faz 45 anos. Parabéns. O Público dedicou-lhe várias páginas ontem. Em primeiro lugar, deu destaque aos acordos em modo bloco central de Costa e de Rio. Em segundo lugar, deu destaque aos secretários-gerais que fizeram carreira lá fora, como Constâncio: da preparação da revisão constitucional de 1989 ao BCE é todo um percurso que muito terá beneficiado o país, sobretudo nestes anos de chumbo do euro, em que a natureza ruinosa das privatizações também ficou clara para todos. Em terceiro lugar, o jornal trazia vários artigos de opinião de responsáveis políticos do PS. Destaco a opinião do eurodeputado Francisco Assis e do muito mais influente Augusto Santos Silva.
Assis confirma que quer ver a social-democracia europeia morrer nos braços de Macron, tal como já aconteceu em França, destacando algo que é verdadeiro: a convergência europeia entre Macron e o governo do PS. E, note-se, ambos já convergiram com Trump, indicando como o enquadramento neoliberal dos abertos e dos fechados é uma fraude intelectual que se destina a esconder as várias faces do imperialismo nos dois lados do Atlântico.
Santos Silva, no fundo ideologicamente alinhado com Assis, confirma que não se aprende nada, recusando “renegar” e “enterrar” “a renovação e a modernização operadas no final do século XX”, ou seja, a “Terceira Via”, até porque a crise da social-democracia não passaria por estes processos, mas antes por vagas “condições objectivas”, incluindo as que estariam associadas aos processos de “financeirização”. Corbyn, implicitamente rejeitado por Santos Silva, é a face da ampla recusa subjectiva desta trajectória, de resto bastante sórdida, como o enriquecimento imobiliário do criminoso de guerra Blair simbolicamente atesta.
A financeirização do capitalismo, ou seja, o aumento do peso dos actores, mercados e agentes financeiros, é um processo já estudado. Creio que se podem dizer duas ou três coisas sobre a responsabilidade dos modernizadores (ou destruidores...) da social-democracia no seu decisivo aprofundamento cá dentro e lá fora.
Em primeiro lugar, lembremos como, no mundo anglo-saxónico, Blair e Clinton aceitaram as reformas neoliberais anteriores e as aprofundaram, contribuindo para instalar um nexo, no capitalismo maduro, entre finança, globalização, construção, desindustrialização e desigualdade, que se revelaria fatal com a crise. Thatcher, com a sua famosa habilidade, declarou que Blair era a sua melhor herança.
Em segundo lugar, este nexo tem uma história nacional que começa na viragem dos anos oitenta para os noventa, de Cavaco a Guterres, indissociável da integração europeia realmente existente, em particular desde Maastricht: das privatizações bancárias à abolição dos controlos de capitais e a outras formas de liberalização financeira, passando pela chamada independência política do Banco de Portugal e depois pela sua redução a uma sucursal de Frankfurt, a financeirização do capitalismo em Portugal é inexplicável sem o europeísmo feliz de que Santos Silva se há-de lembrar bem.
Em terceiro lugar, todos nos lembramos o que foi feito dos governos de Sócrates, num país transformado, também graças a uma moeda forte, num indicador avançado do fenómeno da estagnação, sem instrumentos de política, maciçamente endividado em euros, ou seja, em moeda estrangeira, e logo vítima da grande crise da financeirização.
Em quarto lugar, todos temos a obrigação de saber que o aparente fôlego actual do social-liberalismo nesta periferia assenta em grande parte numa nova fase da financeirização, à boleia da especulação imobiliária nos grandes centros urbanos, em parte alimentada por poupança externa incapaz de encontrar nos seus países de origem oportunidades de investimento suficientemente lucrativas e por um sector bancário ainda por reformar, com maciços apoios públicos nacionais (mais de 17 mil milhões de euros no período 2007 - 2017) e com controlo cada vez mais estrangeiro. A regressão estrutural já diagnosticada continua, igualmente à boleia do turismo, garantindo força acrescida a uma coligação patronal reaccionária, porque dependente de relações laborais precárias e de baixos salários.
Entretanto, as juras recorrentes de fidelidade à integração europeia são a face subjectiva desta realidade objectiva, oleada por decisões de política que responsabilizam e que estiveram, e ainda estão, associadas à perda de soberania.
Se depender de Santos Silva, influente ideólogo e dirigente político, resta-nos aguardar, com nervos de aço e programa alternativo de desfinanceirização, os próximos episódios da (auto)destruição da social-democracia. O caminho entre a pasokização e a syrização é estreito, mas existe. É o caminho do socialismo.
Parabéns, uma vez mais.
sexta-feira, 20 de abril de 2018
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22 comentários:
Caro João Rodrigues,
Podia ter escrito o que escreveu e deixar de lado a hipocrisia que não havia necessidade. De resto, desde quando é vexa adepto da social-democracia ? E, não sendo, porque lhe lamenta o coma?
MRocha
«a financeirização do capitalismo, ou seja, o aumento do peso dos actores, mercados e agentes financeiros»
Nada mais natural. O sistema bancário e financeiro é ainda o sector de actividade em que os políticos temem envolver-se.
Longe vão os tempos em que o nível de capitais próprios era o principal indicador de prestígio e credibilidade nos mercados. Agora é o caminho seguro para a sanha distributiva e regulamentar.
Caro João Rodrigues
Parabéns pelo excelente texto. Este PS está cada vez mais parecido com o que sempre foi, até porque muitas das figuras chave são exactamente as mesmas, e vêm já de longe: são hoje os Vieiras da Silva, os Capoulas, os Santos Silva, os Costa, integrando outros Centenos e Zorrinhos. Queria lembrar-lhe a afirmação de Santos Silva (Público, 8-9-2002),lapidar e inesquecível, de que “o PS não deve afirmar-se nem pró nem contra o capitalismo: foi nessa recusa que se formou o socialismo democrático”. Deve estar em letras de ouro na sede do Rato. Como diz, e muito bem, é o "caminho do socialismo" em que não haverá capitalista convicto que não se reveja.
Filipe Diniz
Uma pessoa quase se sente orgulhosa por estarem dispostos a afundar com o navio, mas depois aprende a fazer contas e repara que não é por serem nobres no seu sacrifício, é por serem ratos que querem rapar tudo até ao fim.
Enfim, pode ser que a gente sobreviva, que é que se há-de fazer?
"O caminho entre a pasokização e a syrização é estreito, mas existe."
Gostava de lembrar aos leitores que o eleitorado típico do PS é um eleitorado que nasceu antes do 25 de Abril, aqueles que nasceram depois do 25 de Abril tendem não só a não jurar fidelidade a partidos como tendem em não ir votar!
Espero que me tenha feito entender...
Óptimo sumário do que tem sido a nossa vida "europeísta" João!
Mas, para quem acredita no progresso humano, não deixa de ser fastidioso (e até deprimente) ver toda a regressão já sofrida como aquela que está prometida...
E depois ainda tenho que levar com a propaganda do "milagre económico" reproduzida por Cataventos e Poucochinhos!
Sanha distributiva?
E josé levanta-se afobado:
Chamaram?
Nível de capitais próprios era o principal indicador de prestígio bla bla bla bla bla bla
Ahahah
Voltámos aos tempos das odes aos Donos disto tudo e da tralha adjacente?
Parabéns sim ao autor deste post.
Um excelente artigo, duma enorme lucidez e com a frontalidade que é habitual
Pelo que não se percebe o reparo de M Rocha.
Sem ponta de hipocrisia e lamentando o caminho levado por uma ex social democracia que objectivamente se atirou e atira para os braços do neoliberalismo predador sem escrúpulos.
A sombra de Blair e o pó-de-arroz de Macron aí estão, como inegáveis exemplos
Sem duvida que devemos estar TODOS contentes por não se ter feito ainda a Reforma às Leis do Trabalho.
Os meus mais sinceros parabéns por Portugal estar nos lugares cimeiros dos países com maior desigualdade social.
A felicidade por cada vela soprada significar uma greve dos mais variados sectores em que muitos deles já nem reivindicam melhor salário mas sim melhores condições de trabalho.
Um bolo que foi "cosido" por retalhos de esperança nas bases de uma Esquerda que acreditou serem mais as coisas que as unem dos que as que as separam e que tem vindo a constatar que na distribuição das fatias continua a banca a levar a maior.
Portanto, para concluir, os meus mais sinceros parabéns ao PS europeísta pelo nosso ordenado mínimo ainda ser dos mais mínimos da Europa.
ps- A Costa não basta retomar o velhinho punho na bandeira em contraponto da espinhosa rosa, apenas que não se esqueça que para tornar reais os versos "Grândola Vila-Morena" ou inverter o "autoritarismo" actual dos FMI's, BCE e Corporativismos afins personificado então no livro de Orlando da Costa "A como estão os cravos Hoje?" terá que mexer com a finança e, se assim o fizer, não estará só nessa luta, rapidamente irá perceber que a seu lado, seremos muitos muitos mil a lutar para que chegue finalmente Abril.
A.R.A
Por aqui se reflectem a todo o tempo as razões do fracasso dos 'governos dos trabalhadores'.
Essa tropa maioritariamente só pensa em rotinas garantidas e sopas a horas.
Nos inícios da industrialização o drama operário era colocar industriosos trabalhadores agrícolas com múltiplas competências a executar tarefas monótonas em ambiente confinado.
O ideal de vida tornou-se nisso mesmo, algo que corresponda a um menu limitado, regulado, inamovível e garantido p'ra vida.
Dado que o PS, de Mário Soares a António Costa, nunca alinhou em frentismos esquerdistas, compreende-se o seu azedume, João Rodrigues.
Teria sido tão bom para a manutenção da 'Economia de Abril' se o PS não tivesse existido e não tivesse combatido as tentações totalitárias do PCP, não era?
Quanto à morte da social-democracia, não é quem sempre a combateu quando não a reprimiu que pode agora vir dar lições ou chorar lágrimas de crocodilo por ela. Conselhos desses, passamos bem sem eles, muito obrigado...
Mas se realmente os socialistas são os mauzões de que aqui se fala (e as posições de um Santos Silva são afinal as do Governo) aonde é que está a proposta de uma moção de censura sobre o Governo do PS? Não entendo, diz-se cobras e lagartos do que existiu e existe, mas coragem para se ser consequente, nem vê-la... Deve ser isso que significa máxima flexibilidade tática e máxima rigidez estratégica.
Talvez afinal o regresso da Direita ao Governo permita que também entre nós a social-democracia desapareça de vez...
As suas crónicas, João Rodrigues, provam uma coisa. Falar-se grosso é normalmente sinal de impotência.
Aconselha-se pois muito tempero para se continuar a conseguir engolir sapos...
"Por aqui se reflectem a todo o tempo as razões do fracasso dos 'governos dos trabalhadores"
Mas que treta é esta?
Não deve estar bom da cabeça
Ah, este é o mesmo que dizia (em 2012, para lamber as botas à troika e a Passos) que Portugal fora governado pela esquerda desde o 25 de Abril.
Essa tropa extremista maioritariamente só pensa em rotinas garantidas e sopas a horas. E o saque garantido pela sua sanha predadora
Não era melhor o jose passar a ler direito o que por aqui se escreve em vez de fazer estas leituras tristes sobre os "governos dos trabalhadores"?
E deixar-se deste linguarejar quase ridículo, mas seguramente de ignorante a exercitar a veia fadista, sobre "o drama operário" e os "industriosos trabalhadores" e os "agrícolas com múltiplas competências" mais as tarefas monótonas em ambiente confinado?
Só para chegar ao ideal de vida, ao seu ideal da vida, ao que sonha como ideal da vida para os demais, ao que desenha que os outros sonhem como ideal da vida ou qualquer outra idiotice a cavalgar neste ideal de vida?
Que menu argumentativo limitado, este. Ainda por cima com capacidades mnésicas péssimas. Quando defende os paraísos fiscais e a fuga de grandes passarões ao fisco, o que o coitado está a fazer é defender o seu menu ilimitado, regulado à imagem do grande patronato inamovível e garantido para a vida.
"Aconselha-se pois muito tempero para se continuar a conseguir engolir sapos..."
Colossal sapo o Jaime Santos vai engolir quando o seu amado €uro colapsar de vez...
Comece a exercitar a garganta para que o sapo não lhe fique entalado!
Jaime Santos confunde estas coisas. E azedume não é a palavra para qualificar esta excelente posta de João Rodrigues.
Talvez JS confunda o seu próprio azedume com o azedume alheio?
E já se disse não sei quantas vezes a JS. Não é por ser ou não ser, por ter sido ou não ter sido, por pensar ter sido ou não pensar em tal, que está vedada a crítica ao que quer que seja, incluindo a "social-democracia".
Francamente. Uma vez pode ser distracção. Repetir n vezes é nem sequer reflectir para lá dos chavões que se empregam. Alguns maus romancistas, maus atletas, maus cantores também recusavam as críticas pelo facto de não serem provenientes do seu "meio". Também se queixariam nesses termos sobre o "dar lições ou chorar lágrimas de crocodilo" ou sobre conselhos que poderiam passar bem sem eles?
Mas há outra coisa lamentável.É confundir a crítica e quem a faz, com as responsabilidades institucionais partidárias. É como se se amarrasse o direito à opinião e ao debate aos seus próprios postulados politico-ideológicos e em nome de "estratégias e flexibilidades e tácticas" se tentasse condicionar o pensamento alheio.
Que é livre, tal como a sua expressão.
E uma última nota, caro JS. Não é bonito essa história sobre o falar grosso como sinal de impotência.
Não é bonito. E ainda por cima quando se lê o que ambos escreveram conclui-se que quem fala mais grosso é indubitavelmente JS
Resposta a Jaime Santos, e sobretudo a todos os militantes do PS, sob a forma de um artigo muito moderado mas também muito claro sobre os erros estratégicos da social-democracia europeia e porquê o PS, embora com algum atraso, se prepara para se enfronhar no mesmo triste destino dos seus colegas europeus, benza-o deus não o lamba o gato.
Note-se que o artigo ainda não considera os últimos desenvolvimentos relativamente a Portugal e ao PS.
Boa leitura!
http://fpif.org/why-the-center-left-keeps-losing-elections-in-europe/
S.T.
Caro co-anónimo, a hipocrisia dos socialistas assim ditos (para enganar parvos)remonta publicamente a 28 de Abril de 1974.
Ponde os vossos olhinhos nos bons exemplos:
https://braveneweurope.com/chantal-mouffe-corbyn-represents-the-implementation-of-a-left-populist-strategy
S.T.
Aqui em espanhol:
La crisis de la socialdemocracia europea está confirmada. Después de los fracasos de Pasok en Grecia, del PvdA en los Países Bajos, del PSOE en España, del SPÖ en Austria, del SPD Alemania y del PS en Francia, el PD viene de obtener el peor resultado de su historia en Italia. La única excepción a este desastroso panorama se encuentra en Gran Bretaña, donde el Partido Laborista, dirigido por Jeremy Corbyn, está en pleno crecimiento. Con casi 600 mil afiliados, el Laborismo es hoy el mayor partido de izquierda en Europa.
¿Cómo hizo Corbyn, quien sorpresivamente fue elegido como líder del partido en 2015, para lograr esta proeza?
Después de un intento de desplazarlo por parte de la derecha del partido en 2016, el momento decisivo en la consolidación de su liderazgo fue el fuerte crecimiento del Partido Laborista en las elecciones de junio de 2017. Mientras los sondeos les daban a los conservadores una ventaja de 20 puntos, el Partido Laborista ganó 32 escaños, logrando que los tories perdieran la mayoría absoluta. La estrategia desarrollada en esas elecciones es la clave del éxito de Corbyn.
Esto se debe a dos factores principales. Primero, un manifiesto radical, en línea con el rechazo a la austeridad y las políticas neoliberales por parte de importantes sectores de la sociedad británica. Después, la formidable movilización organizada por Momentum, el movimiento creado en 2015 para apoyar la candidatura de Corbyn.
Inspirado en los métodos de Bernie Sanders en Estados Unidos, así como en las nuevas agrupaciones radicales europeas, Momentum ha aprovechado numerosos recursos digitales para establecer vastas redes de comunicación que les han permitido a los militantes y a muchos voluntarios saber en qué distritos era necesario ir a contactar a los electores puerta a puerta. Fue esta movilización inesperada la que llevó al error a todos los pronósticos.
Pero fue gracias al entusiasmo que despertó el contenido de su programa que todo esto fue posible. Con el título For the many, not the few (para la mayoría, no para unos pocos), utilizó un lema que ya había sido usado por el partido, pero dándole una nueva significación para establecer una frontera política entre un “nosotros” y un “ellos”. De esta manera, se trataba de repolitizar el debate y de ofrecer una alternativa al neoliberalismo instaurado por Margaret Thatcher y continuado por Tony Blair.
ovarse. Es la conversión de la socialdemocracia al neoliberalismo lo que está en el origen del descontento de sus electores.
Cuando se les ofrece a los ciudadanos la perspectiva de una alternativa y tienen la posibilidad de participar en un debate agonístico real, ellos se muestran ansiosos por hacer oír sus voces. Pero esto requiere abandonar la concepción tecnocrática de la política, que la reduce a la gestión de problemas técnicos, y reconocer su carácter partisano."
"Las principales propuestas del programa fueron la renacionalización de los servicios públicos, como los ferrocarriles, la energía, el agua o el correo, el freno al proceso de privatización del Servicio Nacional de Salud (NHS) y del sistema escolar, la abolición de los aranceles de inscripción en la universidad y un aumento significativo de los subsidios sociales. Todo apuntaba a una clara ruptura con la concepción de la tercera vía del Nuevo Laborismo.
Mientras este último había reemplazado la lucha por la igualdad con la libertad de “elegir”, el manifiesto reafirmó que el Laborismo era el partido de la igualdad. El otro punto destacado fue la insistencia en el control democrático, por lo que se puso el acento en la naturaleza democrática de las medidas propuestas para crear una sociedad más igualitaria. La intervención del Estado fue reivindicada, pero con el rol de crear las condiciones que permitieran a los ciudadanos tomar el control de los servicios públicos y gestionarlos. La insistencia en la necesidad de profundizar la democracia es una de las características centrales del proyecto de Corbyn. Esto resuena muy particularmente en el espíritu que inspira a Momentum, que aboga por establecer vínculos estrechos con los movimientos sociales. Y explica la centralidad atribuida a la lucha contra todas las formas de dominación y discriminación, tanto en las relaciones económicas como en otras áreas, como las luchas feministas, antirracistas o LGBT.
Es la articulación de las luchas sociales con las que se relacionan con otras formas de dominación lo que está en el corazón de la estrategia de Corbyn y es por eso que puede ser calificada como “populismo de izquierda”. El objetivo es establecer una sinergia entre las diversas luchas democráticas que atraviesan a la sociedad británica y transformar al Partido Laborista en un gran movimiento popular capaz de construir una nueva hegemonía.
Es claro que la realización de un proyecto como éste significaría para Gran Bretaña un cambio tan radical, aunque de sentido opuesto, como el realizado con Margaret Thatcher. Ciertamente, el combate por reinvestir al Laborismo todavía no se ganó y la lucha interna continúa con los partidarios de Blair. Los oponentes de Corbyn despliegan múltiples maniobras para intentar desacreditarlo, la última consiste en acusarlo de tolerar el antisemitismo dentro del partido.
Las tensiones también existen entre los partidarios de una concepción más tradicional del Laborismo y los partidarios de la “nueva política”. Pero estos se están imponiendo y las relaciones de fuerza juegan a su favor. En comparación con otros movimientos como Podemos o Francia Insumisa, la ventaja de Corbyn consiste en que está a la cabeza de un partido grande y cuenta con el apoyo de los sindicatos".
Bajo su conducción, los laboristas lograron devolverles el gusto por la política a aquellos que la habían abandonado con Blair y atraer a cada vez más jóvenes. Esto prueba que, contra lo que afirman muchos politólogos, los partidos políticos no han devenido formas obsoletas y que, al articularse con los movimientos sociales, pueden renovarse. Es la conversión de la socialdemocracia al neoliberalismo lo que está en el origen del descontento de sus electores.
Cuando se les ofrece a los ciudadanos la perspectiva de una alternativa y tienen la posibilidad de participar en un debate agonístico real, ellos se muestran ansiosos por hacer oír sus voces. Pero esto requiere abandonar la concepción tecnocrática de la política, que la reduce a la gestión de problemas técnicos, y reconocer su carácter partisano."
Chantal Mouffe
Obrigado pela tradução espanhola. Por vezes esqueço-me que nem todos lêm fácilmente o inglês.
É um bom texto e Corbyn é bom tipo, e as repetidas tentativas para o denegrir são prova da sua valia e do pavor que as forças neoliberais lhe têm.
S.T.
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