sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A banca e as finanças primeiro


No discurso que proferiu no passado dia 25 de Novembro no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, o Papa Francisco exortou os deputados a construir uma Europa centrada na «pessoa humana» e não só na economia. Apelando à necessidade de «devolver dignidade ao trabalho», o Papa assinalou o risco de a preponderância concedida às «questões técnicas e económicas» reduzir o ser humano a uma «mera engrenagem, de um mecanismo que o trata como se fosse um bem de consumo a ser utilizado». E lembrou, uma vez mais, as responsabilidades da Europa para evitar que o Mediterrâneo «se torne um grande cemitério», ao largo de Lampedusa.

Por cá, nem de propósito, um dia antes do discurso do Papa Francisco, os deputados do PSD e do CDS/PP chumbaram a proposta de alteração ao Orçamento do Estado para 2015, apresentada pelo PS, que previa a suspensão das penhoras e vendas de imóveis para compensar dívidas fiscais, quando estivesse em risco «a casa de morada de família» ou em situações de «famílias com membros desempregados» (para evitar, por exemplo, situações como esta). Contemplamos assim, uma vez mais, a «democracia cristã» e a «ética social na austeridade» em todo o seu esplendor.

7 comentários:

R.B. NorTør disse...

Às vezes faz falta uma espécie de "Jon Stewart" por estas bandas. Quando Francisco foi nomeado e começou a alinhar o discurso oficial com a Palavras, o comediante americano comparou o que ele defendia com o que os mais conservadores americanos apregoavam (mesmo assim fazendo a ressalva da diferença que vai dos católicos para os protestantes em causa).

Por estas bandas temos exemplos gloriosos como santos de pés de barro a defender que o aumento do salário mínimo prejudica acima de tudo os pobres. Caramba...

Anónimo disse...

Mesmo.

Luís Lavoura disse...

Hmmm. Portanto um tipo pode ter a sua casa de morada de família e não pagar as suas dívidas? Bonito. Paga a renda ao banco, mas não paga os impostos nem as quotas do condomínio. O banco não fica a arder, mas o Estado e os restantes condóminos ficam.
Se um tipo não em dinheiro para ter casa, emtão deve ficar sem ela. Há muita gente neste mundo sem casa, mas que paga as suas dívidas honradamente. Também há muita gente que vive em casa arrendada. Ou que vive numa casa muito pequena ou muito inconveniente, porque não tem dinheiro para comprar uma melhor.
Agora, deixar um tipo que não paga as suas dívidas confortavelmente instalado no seu sofá, isso não está bem.

Anónimo disse...

Cá por mim também acho muito bem.
Era o que faltava, deixar um tipo qualquer que não paga as suas dividas(não é por não querer é por não poder por estar desempregado e já se lhe ter acabado o subsidio de desemprego que todos sabemos ser generoso e bom demais...)sentar-se sequer no sofá quanto mais confortávelmente.
Não, não (sabendo-se como se sabe que neste país, e não só, abunda trabalho para quem quiser) ele que se levante e vá trabalhar.
Passos Coelho e Cª dixit.
Talvez chegue a hora (dizem que Deus não dorme...) em que quem assim fala adormeça debaixo da ponte.

Anónimo disse...

Qualquer imbecil compreende a desumanidade subjacente ao abandono coercivo de um lar.

Anónimo disse...

Luís lavoura e os processos à moda do sofá. A ética e a moral dita cristã nas palavras agora bem avinagradas da pandilha neoliberal.Que costuma pregar um comportamento assente nas virtudes ditas "humanitárias" para os imorais dos seus amigos e companheirois de saque como a albuquerque e o passos e o portas dos submarinos,Mas que arreganha o dente quando o assunto são os outros, os desempregados e os que são levados na enxiurrada do neoliberalismo e das políticas de direita e de direita-extrema que nos governam

De

Anónimo disse...

O esplendor do pensamento neo-liberal espelhado em papalvos como o Lavoura : ao comum cidadão que tem o azar na vida de estar desempregado e preferir alimentar a familia em vez do banco, é tirar-lhe o tecto de cima.
Já ao banco que andou a brincar com o dinheiro alheio e que depois apresenta a factura aos contribuintes, esse se não leva a prestação leva a casa e pronto.
Palermas como o Lavoura impregnam este pensamento nas fracas cabecinhas sem perceber que pregam uma moral completamente distorcida. Até ao dia em que também em cima deles lhes cair o céu. Aí vai ser ve-los guinchar que nem porcos no matadouro.
Cambada de ignorantes moralistas, humanos indecentes e egoistas. Infelizmente, esta gente vota...