quarta-feira, 19 de março de 2014

A insustentável ligeireza da ministra das Finanças


«Houve um manifesto em defesa da reestruturação da dívida pública. O Partido Socialista tem defendido que esta dívida, como está, é insustentável (...) e era importante saber qual a posição do governo português em relação a esta matéria. Este é um debate em curso, no qual se espera que o governo português participe, dê um contributo e, já agora, que defenda os interesses dos portugueses, [que] não são claramente servidos nem pelo cenário apresentado pelo senhor primeiro ministro, nem pelo cenário apresentado pelo FMI e pelo senhor Presidente da República, nem pela senhora ministra das Finanças. Porquê? Porque feitas as contas nós verificamos que, mesmo no melhor cenário de todos, houve apenas quatro países, nos últimos dezassete anos, que - num ano - conseguiram cumulativamente essas condições. Quatro países, um ano cada um. De nós espera-se que seja durante trinta anos seguidos, sem desvios. Senhora ministra das Finanças isto não é credível, não é sustentável e espera-se uma resposta do seu ministério e da sua equipa.»



«A senhora ministra disse aqui que era preciso acreditar, que não conseguimos nos últimos quarenta, mas que é preciso acreditar... Senhora ministra, isto não é uma questão de atitude... Importa perceber se é ou não credível, se é ou não sustentável. O quadro que o primeiro ministro apresentou (...) não só viola o Tratado Orçamental como é optimista e irrealizável. (...) Não há nenhum país no mundo que tenha conseguido concretizar o cenário que a senhora ministra das Finanças diz que é credível. A sua resposta não pode ser "temos que acreditar, temos que acreditar que é possível". (...) Cabe ao governo português defender os portugueses, em cada um destes debates [valor do défice estrutural, impacto da deflação no volume da dívida e sua relação com as quebras salariais, ou mutualização da dívida à escala europeia]. E as respostas da senhora ministra das Finanças, o que nos demonstram aqui, é preocupante: é que o governo português não se importa com estes debates. Talvez por isso, na entrevista que o relator do relatório do Parlamento Europeu sobre a troika, em Portugal, tenha dito que, em conversa com a senhora ministra das Finanças, a senhora ministra das Finanças não pareceu muito preocupada com os cortes salariais, não pareceu muito preocupada com o facto de termos tido uma intervenção externa. Até considerou positivo, porque lhe permitiria implementar a sua agenda política.»

A ver, na íntegra, as intervenções de João Galamba na audição à ministra das Finanças. Um debate ilustrativo da incapacidade do governo em apresentar um cenário que responda, de forma credível, às contas do manifesto pela reestruturação da dívida, bem como do alheamento irresponsável do executivo face a importantes questões que estão na mesa da discussão, à escala europeia.

6 comentários:

R.B. NorTør disse...

Apenas um comentário a um dos termos que são usados. O problema não é as previsões serem optimistas. O problema é serem de um optimismo irrealista! É muito mais relevante o comentário que poucos, ou nenhuns, países conseguiram atingir os pressupostos do modelo, do que o facto dele ser mais optimista ou mais pessimista.

Quanto ao resto, apenas se confirmam duas coisas:
1ª - o que se lixem as eleições só valeu para as autárquicas;
2ª - ou muito me engano, ou as próximas legislativas o que vão mostrar é que, todos os desleixes que o João acusa o Governo de ter, serão (re)validados nas urnas pelos portugueses.

O Puma disse...

O voto é uma arma

Anónimo disse...

Mas temos a Merkel a dizer que é tudo possivél para nós, como tal como duvidar?

Jose disse...

Os paladinos do crescimento falam e especulam sobre a dívida e nada dizem sobre crescimento.
E se crescimento, com ou sem dívida, é essencialmente investimento privado nunca o abordam sem referir políticas de crescimento que sempre reduzem a despesa e investimento público.
Em tudo o mais o silêncio é total e mesmo quando falam em aumentar o 'clima de confiança' é em consumo interno e em subsídios à economia que têm o pensamento.

Já despedir os ineficientes é coisa impensável de aceitar para construir essa confiança e e esse crescimento!
Treteiros!!!!

Jose disse...

Errata
'reduzemm'? - errado, aumentam !

Anónimo disse...

Não será possível aconselhar o josé a ler alguns dos muitos textos do Ladrões de Bicicletas antes do coitado debitar tantas asneiras,com ou sem erratas?
É cansativo ouvir uma espécie de papagaio das posições ultramontanas do neoliberalismo mais rasca, enquanto saliva por mais despedimentos e mais miséria.
Não lê,não percebe ou apenas fundamentalismo ideológico saído dos cueiros da escola de chicago?
De