terça-feira, 30 de abril de 2013

Depressão

No documento de estratégia orçamental do governo, pode ler-se que a prova de que o crescimento não pode ser guiado pela procura interna foi o facto de termos crescido apenas 8,5% entre 1999 e 2013, enquanto a tal procura interna teria crescido muito mais. É falso, claro, visto que a procura interna, ao contrário do mito, não cresceu neste período, sendo 1999 precisamente o último ano de crescimento robusto. A partir daí, a procura interna oscilou entre crescimento fraco, estagnação e colapso nos últimos anos. Diz-se ainda que a medíocre performance no euro é “a prova de que este regime não funciona”. De que regime falamos? Só se for mesmo do regime monetário e financeiro: lembrar que este país antes do euro registou uma taxa máxima de desemprego de 8,5% e não tinha os níveis de endividamento externo entretanto acumulados. De resto, destaca-se uma ideia no documento: “chegou o momento do relançamento do investimento privado”. O governo prepara-se para cortar 4700 milhões de euros directamente na economia pública, entre 2014 e 2016. Apesar de ainda não se conhecerem as medidas concretas, serão certamente postos de trabalho, salários, prestações sociais, consumos e investimentos que se evaporam, procura que desaparece. Isto terá efeitos profundamente negativos no sector empresarial dito privado, tendo em conta que os responsáveis empresariais dizem repetidamente ao INE que não investem por causa das expectativas de vendas. Chegou o momento da depressão.

2 comentários:

henriquedoria disse...

Eles, os nossos talibans,recusam-e a perceber o que e evidente:
E' A PROCURA, ESTÚPIDO!

Anónimo disse...

Actualmente sem dúvida que o problema é essencialmente de procura mas pelo que percebi o João Rodrigues defende que para haver crescimento económico basta aumentar a procura.
Obviamente que isso é absurdo...
O que queria que tivesse acontecido entre 1999 e 2013? Défices maiores para sustentar aumentos de procura?