Para assinalar o Dia do Trabalhador, a Pordata, patrocinada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (associada ao Pingo Doce, que continua a realizar neste dia as indignas promoções do 1º de Maio, iniciadas em 2012), publicou um conjunto de infografias com «os números essenciais sobre o trabalho e a economia no país».
Uma dessas infografias é dedicada à produtividade e tem um título que é todo um quadro mental e todo um programa. A fórmula é a habitual: faz-se uma associação direta entre a produtividade e o número de horas de trabalho e, para rematar, apresenta-se a coisa como simples reflexo do «desempenho do trabalhador».
É verdade que se reconhece, nesta publicação, que os portugueses trabalham «muitas horas», contrariando a ideia que muitas vezes se tem, falsa, segundo a qual em Portugal se trabalha menos que na Europa, como o Vicente Ferreira lembrava ontem aqui (assinalando igualmente que «os países da UE em que se trabalha menos horas por semana são os que têm níveis de produtividade mais elevados»). Mas subsiste, de facto, a noção de que a produtividade depende do «desempenho do trabalhador».
Ora como oportunamente assinalou também ontem aqui o Vicente, recuperando a ligação para dois posts do Ricardo Paes Mamede (este e este), são vários, e bem mais relevantes, os fatores que explicam a baixa produtividade em Portugal, entre os quais «a qualidade dos equipamentos e das máquinas utilizadas na produção, as fracas competências dos gestores, os baixos salários, os níveis de educação, o tipo de produtos em que nos especializamos, a falta de investimento em I&D, os elevados custos em setores como a energia».
Aliás, se tivermos em conta que «a produtividade é um conceito que remete para a relação entre factores produtivos e valor acrescentado pela produção» (como bem lembra aqui o Ricardo), percebemos ainda melhor o viés ideológico - e o erro crasso - de associar linearmente a produtividade ao número de horas de trabalho ou ao «desempenho do trabalhador».
Uma dessas infografias é dedicada à produtividade e tem um título que é todo um quadro mental e todo um programa. A fórmula é a habitual: faz-se uma associação direta entre a produtividade e o número de horas de trabalho e, para rematar, apresenta-se a coisa como simples reflexo do «desempenho do trabalhador».
É verdade que se reconhece, nesta publicação, que os portugueses trabalham «muitas horas», contrariando a ideia que muitas vezes se tem, falsa, segundo a qual em Portugal se trabalha menos que na Europa, como o Vicente Ferreira lembrava ontem aqui (assinalando igualmente que «os países da UE em que se trabalha menos horas por semana são os que têm níveis de produtividade mais elevados»). Mas subsiste, de facto, a noção de que a produtividade depende do «desempenho do trabalhador».
Ora como oportunamente assinalou também ontem aqui o Vicente, recuperando a ligação para dois posts do Ricardo Paes Mamede (este e este), são vários, e bem mais relevantes, os fatores que explicam a baixa produtividade em Portugal, entre os quais «a qualidade dos equipamentos e das máquinas utilizadas na produção, as fracas competências dos gestores, os baixos salários, os níveis de educação, o tipo de produtos em que nos especializamos, a falta de investimento em I&D, os elevados custos em setores como a energia».
Aliás, se tivermos em conta que «a produtividade é um conceito que remete para a relação entre factores produtivos e valor acrescentado pela produção» (como bem lembra aqui o Ricardo), percebemos ainda melhor o viés ideológico - e o erro crasso - de associar linearmente a produtividade ao número de horas de trabalho ou ao «desempenho do trabalhador».
8 comentários:
Isso é a Fundação FMS a dar-nos música, com as suas contas de merceeiro, versão Pingo Doce. Mas mesmo essas contas de trailarilolé podem ser úteis. Os trabalhadores, em média, trabalham 36 horas por semana e produzem 23 euros por hora. Quer dizer, produzem 3312 euros por mês (4 semanas). No entanto, em média, só ganham 1170 euros por mês (ilíquidos). Então para quem ficam os restantes 2142 euros que produziram? Ah, pois é…
Segundo a Fundação, parece que só ficam com pouco mais de um terço do que produziram. E o resto?
Não venham cá com mais a cantiguinha de que é para repor o capital (fixo) consumido, que esse nem chega a um quinto do produto.
Fartinhos destes vampiros que sugam os trabalhadores até ao tutano. Desta corja que nem no dia dos trabalhadores os respeita. E de governos que de socialista já nem o cheiro têm.
É o que dá em falar em números para alimentar treteiros
«ganham 1170 euros por mês (ilíquidos)»
14 * 1.002,856/12= 1.170?
ou
14*1.170/11+ 27% encargos = ao que custam, 1.890,00?
«O ganho mensal é o montante que o empregado recebe de facto todos os meses. Para além da remuneração de base, inclui outras remunerações pagas pelo empregador, como horas extra, subsídio de férias ou prémios.»
«Montante ilíquido (antes da dedução de quaisquer descontos) ...»
PORQUÊ e PARA QUÊ?
Passados 47 anos em Democracia, porquê - e para quê - a perpetuação de tanta e tão continuada preocupação com o mais correcto, mais aderente, mais consistente, mais profundo e mais consonante diagnóstico sobre o PORQUÊ do défice crónico da produtividade dos portugueses em relação à média europeia e
nenhuma ou quase nenhuma preocupação com O QUE fazer de viável e com o COMO fazer de modo a que, em X, y ou z anos, sejam, não só, gradualmente, superadas as referidas causas, mas, também, prevenidos os riscos da repetição ou da resiliência dessas mesmas causas?
Temos,
12`1170*1,27/11= custo de um mês de trabalho - 1.621,00
Horas Euro Dólar
1620,981818 151,2 10,72077922 0,83 12,91660147 Custo hora
Olá. Não entendi. Acaso é um industrial?
Acaso o valor acrescentado não se mede pelo que excede os custos?
Enviar um comentário