segunda-feira, 13 de maio de 2019

Não há coincidências no porno-riquismo


Realmente, não há coincidências neste sórdido porno-riquismo, como se ilustra nas duas capas saídas ao mesmo tempo. O porno-riquismo tem tido numa moralmente corrosiva comunicação social, que idolatra os ricos, um dos seus esteios ideológicos, incluindo habitualmente estas duas revistas. A própria Visão, num momento de inadvertida autocrítica, lembra no último número uma capa antiga, com João Pereira Coutinho no seu avião a jato a beber champanhe. Todo um Portuguese dream do capitalismo luso para citar Joe Berardo, o da tortura capitalista no dia a seguir a estes dois últimos números terem saído.

Enfim, lendo estes dois números confirma-se implicitamente que o porno-riquismo é indissociável da financeirização do capitalismo, feita da chamada liberdade circulação de capitais, de crédito e de dívida sem controlo, de especulação, de infernos fiscais, do nexo finança-imobiliário, com turismo e arte à mistura. Esta última, a fazer fé na colecção dita Berardo, é um apêndice cada vez mais desinteressante da especulação financeira. A banca pública, a CGD, obrigada pelas regras europeias e pela colonização ideológica, a comportar-se cada vez mais como um banco privado, faz parte desta economia política imoral.

Sem controlo de capitais, sem uma banca pública dominante, com uma lógica de serviço público, ao serviço do investimento produtivo, sem socialização, por via fiscal, das mais-valias fundiárias, sem impostos mais progressivos, sem um Banco realmente de Portugal, subordinado às prioridades da democracia, entre outras medidas, na maior parte dos casos proibidas pela integração europeia, tudo isto vai continuar, com estes ou com outros protagonistas. Os apelidos importam menos do que a estrutura que os gera. Também aqui, não há coincidências.

12 comentários:

S.T. disse...

Para quem esteja realmente interessado em perceber o porquê da importância de se ter instrumentos de regulação da criação de crédito OU de se controlar pelo menos parcialmente o sistema bancário OU de se ter uma qualquer forma de incentivar o bom crédito e inibir os usos especulativos do crédito que não contribuem para o PIB.

https://www.youtube.com/watch?v=dB6rGZJJAZw

O Professor Richard Warner é muito didático sobre estas questões de bancos e da sua influência na economia.

Divirtam-se e procurem mais videos dele. Verão que vale a pena. Mesmo aquelas conferências de mais de uma hora. (Só para anglófonos, sorry)

Como bónus, o link para um artigo sobre o pensamento neurótico de um dos maiores super-ricos do planeta, Jeff Bezos.

https://medium.com/@caityjohnstone/bezos-reveals-his-ugly-vision-for-the-world-hes-trying-to-rule-5bb9d117b819

Tomem bem consciência do carácter alucinadamente distópico da visão do futuro desta cabeça.

S.T.

Anónimo disse...

Se gostarem e quiserem mais uns linkezinhos, não se acanhem, é só pedir...

S.T.

Jose disse...

Os políticos sempre a pintar de cores propícia o presente e o futuro.
Os bancários a trabalharem para chorudos prémios.
Os 'reputados' a jogarem por conta dos bancos e os diligentes a mendigar apoio bancário.
É o capitalismo abrilesco, onde Estado de Direito significa teia de leis inconsequentes perante a irresponsabilidade e a imoralidade.

Jaime Santos disse...

Curioso o facto de a socialização pretendida pelo João Rodrigues se limitar à via fiscal. É o que se chama atirar a pedra e esconder a mão quando o pretendido é a estatização, só que não se diz com clareza para não espantar a caça... Começamos pela banca... Mas basta ir ler o programa político do PCP para deixarmos de ter dúvidas...

Realmente, também neste discurso ideológico não há coincidências, a falta de sinceridade e o cinismo sempre fizeram as delícias do leninismo. E quem assim fala ainda vem falar de moral...

Mas vejamos, quais as consequências da dita estatização? Bom, a Venezuela, onde os porno-ricos já deram à sola e o resto da população vive na absoluta miséria...

S.T. disse...

Ok, vossas mercês não pediram, mas aqui fica o link para o filme inteiro "Princes of the Yen":

https://www.youtube.com/watch?v=p5Ac7ap_MAY

Como se fez o "milagre japonês" do pós-guerra.
O segredo afinal chamou-se "window guidance quotas".

São todos muito liberais, mas só depois de se guindarem a posições de domínio que lhes garantem a supremacia duradoura.

S.T.

Pedro disse...

Maravilha ó José.

Quando a porcaria dos teus teus empreendedores faz aquilo que faz melhor - porcaria - chama-lhes abrilescos para disfarçar.

Isto depois de vocês andarem décadas a vender o peixe podre das privatizações. Que os privados é que são "eficientes" e vão "desenvolver imenso o país e tal. Vê-se...

Então a família Espirito Santo era abrilesca à brava.

A direita é mesmo de vómito.

Pedro disse...

Depois de ver os nossos "empreendedores" não é preciso ser do PCP, nem sequer de esquerda, para querer a estatização de sectores estratégicos.

Nem que seja como precaução contra semelhantes mafiosos.

Jose disse...

A idiotia esquerdalha, que não constrói uma cooperativa ou uma unidade colectiva de produção com um mínimo de sucesso, ou uma empresa estatal fora de serviços de monopólio ou sustentados por impostos, acha-se capaz de vilipendiar quem cria e mantém empregos na actividade de empresas assediadas pela burocracia e sugados de impostos.
E serve-lhes de bandeira o complexo político-bancário-especulativo, que metendo a mão quanto pode, proclama um dinamismo económico feito de fogachos ruinosos.

Anónimo disse...

A direita não é contra o Estado. Apenas quer separação de poderes e economia.
Israel foi construído pelo Estado, que integrou e deu uma razoável condição de vida a centenas de milhares de Judeus que vieram viver para o novo Estado, a maioria possuindo pouco mais do que a roupa que tinham no corpo, e muitos oriundos de países Africanos muito pobres. A despeza militar chegava quase a 50% do orçamento de estado. Foi já na década de 80, finda a guerra com o Egipto, e perante alguma normalização da vida do país, que a inflação disparou para os 500 por cento, e a bancarrota esteve iminente. Foi então pedido um grande emprestimo aos USA, mas estes puseram como condição a abertura da economia á iniciativa privada que era quase inexistente á época. Como Israel era um país muito instável não era uma questão de abertura ideológica, mas sim a necessidade de financiar os privados (as pessoas no fundo).

Nessa altura, perante a imposição Americana de privatizações, e diminuição de despesa publica, o primeiro ministro Peres, combinou com o governo, que aquelas politicas não seriam apresentadas como uma opção Isrealita, mas sim uma imposição Americana sem a qual não haveria dinheiro. As reformas, dolorosas por certo para alguns, fizeram-se, O dinheiro veio.O resultado final em termos económicos é conhecido de todos…

Pedro disse...

Sugado de impostos para sustentar badamecos empreendedores privados sou eu, ó jose.

Para além de ser directamente roubado por eles, tanto como trabalhador como como cliente.

Então os teus banqueiros privados são umas verdadeiras p...

Não só os sustento com os meus impostos como sou chulado como cliente.

Já pago até para lhes emprestar dinheiro, para levantar o meu dinheiro, aquilo é "comissões" por tudo e por nada e já estão outra vez a tentar fazer pagar pelo uso do multibanco - maquineta que já só lhes dá lucro.

Qualquer dia as tuas p... até cobram por passar á porta de um banco.

Pedro disse...

Claro que a direita não é contra o estado. Até quer viver á custa dele.

Só fica fula que o estado apoie os mais desprotegidos, porque acha que tirando umas esmolas, o essencial dos apoios estatais devem ser para quem já seja rico.

Á medida que se vai cortando nos apoios sociais vai sobrando dinheiro para o estado financiar bancos privados e os gestores maravilha, como o Bava e o Mexia se atribuirem a si próprios "prémios" pornográficos por razão nenhuma.

Jose disse...

Aguardemos, sentados, que o Pedro se liberte; que por si ou em associação com outros sofredores se faça à vida.
Para já recomendo-lhe que troque de colchão e se liberte de comissões.
Não lhe recomendo a emigração porque os paraísos para não explorados são uma miséria pegada.