sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Escola pública e igualdade de oportunidades (I)

É de leitura imprescindível a brochura recentemente publicada no âmbito do Projecto aQeduto (uma parceria entre o Conselho Nacional de Educação e a insuspeita Fundação Francisco Manuel dos Santos), sobre a relação entre «chumbos», aprendizagens e perfis socioeconómicos dos alunos. Para quem ainda está convencido que os contextos socio-territoriais e o enquadramento familiar pouco contam nos processos e resultados educativos (lembram-se deste estudo, por exemplo?), a análise é demolidora. Até pelas comparações internacionais que permite estabelecer.

Um dos gráficos deste estudo vale por mil palavras, mostrando que a maioria (87%) dos alunos portugueses que chumbam no teste PISA de Matemática provêm de famílias de estratos sociais, económicos e culturais abaixo da média. Isto é, 9 em cada 10 alunos com resultados inferiores nos testes são oriundos de famílias de classe baixa e média-baixa.


Mas o estudo chega a outras conclusões fundamentais. Portugal é líder no chumbo de crianças no início do percurso escolar, com 23% dos alunos a repetir pelo menos uma vez até ao 6º ano e com 20% a chumbar no 3º ciclo. Aliás, Portugal é um país que se chumba muito, com cerca de 35% dos alunos com 15 anos (1 em cada 3) a ter já chumbado pelo menos uma vez no seu percurso escolar, verificando-se que os alunos que nunca repetiram obtêm resultados médios acima da média (530) e os alunos repetentes resultados médios muito baixos (411). O que equivale, segundo a OCDE, a mais de dois anos de atraso na escolaridade. Ou ainda a conclusão de que chumbar não melhora as aprendizagens: em vez de recuperar, os alunos tendem a distanciar-se dos seus pares.

Percebe-se pois o efeito nefasto das políticas seguidas nos últimos anos, orientadas para degradar, encolher e dualizar o sistema educativo português, contrariando o papel da escola pública como instrumento essencial de promoção da igualdade de oportunidades e de ruptura com as lógicas de seleção, exclusão e diferenciação. Lógicas que dificultam a mobilidade social, reproduzem as diferenças de estatuto socioeconómico e aprofundam as desigualdades.

35 comentários:

António Sousa disse...

O estudo refere qual é a percentagem de alunos que passaram e que provém de famílias de estratos sociais e económicos abaixo da média? Também é um valor muito importante.

Nuno Serra disse...

Caro António Sousa, aexpressão gráfica desses alunos corresponde às bolinhas azuis no primeiro quadrante.

António Sousa disse...

Hmm.. Creio que não. No primeiro quadrante estão os alunos que tiveram nota positiva no PISA e que têm score positivo no ESCS. Concretamente eu refiro-me à percentagem de bolinhas azuis à esquerda do eixo vertical que são efectivamente os alunos com ESCS negativo e que não chumbaram, independentemente do valor do PISA (isto porque há bolinhas azuis quer no 2 como no 3 quadrante).
Posso estar enganado mas pela representação gráfica parece-me que a percentagem de alunos que passou e que tem ESCS negativo é tão ou mais elevada do que a percentagem de alunos que passou e que tem ESCS positivo, o que de certa forma obriga a conclusões mais ponderadas e não tão demolidoras como o Nuno apresenta.
Não estou a desvalorizar, mas a estatística não me parece ser assim tão clara: Qual é a distribuição dos alunos segundo o ESCS, é que se 70% dos alunos utilizados nas "contas" têm ESCS<0 então o estudo possui assimetria de dados? Os dados estão normalizados? De que forma?
Há uma tradição em Portugal que é a de simplificar os dados e os gráficos que se apresentam sempre como forma de provar um certo ponto de vista. Acho que é muito bom usar dados e inferências estatísticas mas também penso que se por um lado criticamos os dados que os "oponentes" nos apresentam, não devemos por outro menosprezar a explicação dos "nossos" dados sob pena das nossas observações, e consequentemente das críticas que tecemos, caírem em saco roto.

Jose disse...

NINGUÉM «está convencido que os contextos socio-territoriais e o enquadramento familiar pouco contam nos processos e resultados educativos»

Do que só alguns estão convencidos é que não é preciso expor e agir sobre essa gente – alunos e pais – e que a solução é declará-los iguais e trata-los como iguais a todos os outros, que o milagre da igualdade logo se produzirá.

É uma espécie de bênção ideológica que mantém a tenacidade nos brutos e a arrogância nos estúpidos.

Anónimo disse...

"Percebe-se pois o efeito nefasto das políticas seguidas nos últimos anos, ..."

Algumas perguntas:
- O estudo, embora publicado agora, não se refere a 2012?
- Que efeito têm as políticas "políticas seguidas nos últimos anos" nos resultados de 2012?
- Sendo os resultados de 2012 (momento de avaliação), não são eles o resultado políticas seguidas nos anos anteriores (momentos de formação)?

Jose disse...

«a conclusão de que chumbar não melhora as aprendizagens: em vez de recuperar, os alunos tendem a distanciar-se dos seus pares.»

NINGUÉM espera que, por si só, chumbar contribua para a aprendizagem do chumbado… mas seguramente não permite que os que não chumbam tenham que levar um ignorante ou calino a acompanhar os que não são seus pares.
E acrescenta-se que à corporação de professores – regida por comunas sempre oportunistas – interessa que os bons alunos temperem as médias e assim os livrem de ter turmas especiais e esforço acrescido para os problemáticos.

fernanda disse...

Para mim é claro como água que o grande elevador social é o acesso a um ensino de qualidade e nem são preciso gráficos para o comprovar, embora ajudem a convencer os mais empedernidos. Basta raciocionar. Por isso, se uma sociedade quer diminuir as gritantes desigualdades que nos afligem, tem de apostar todas as fichas numa escola publica exigente na avaliação e de qualidade em todo o processo ensino aprendizagem. e deixar-se de fantasias como é essa mixórdia do cheque ensino para se poder optar oelo privado. Afinal mesmo com cheque ensino quem é que pode fazer essa opção?!
O que o anterior governo fez foi sucatear a escola publica para a desqualificar e depois apoiar os privados. Julgam que são muito espertos, mas só enganam os tolos; infelizmente ainda são muitos.

Unknown disse...

O que me parece também devastador é a quantidade de alunos com ECS<0, impressionante e preocupante.

RF disse...

Os "chumbos", na escola pública de hoje, ocorrem, apenas (ou quase em exclusivo), sobretudo no básico, quando todas as estratégias para fomentar o sucesso ao dispor das escolas foram esgotadas sem que se obtivessem resultados. O chumbo é consequência e não causa do insucesso. Que o factor socio-económico explica enquadra os resultados dos alunos é óbvio. A ilação que retiro e a de que é necessário investir na escola pública: diminuir o número de alunos por turma, reduzir o horário de trabalho lectivo e não lectivo dos alunos (para que possam trabalhar com os alunos com a frescura desejável), ter mais aulas de apoio, responsabilizar mais os pais, recorrer a assistentes sociais, etc., etc. A redução administrativa das reprovações não encara o problema de frente, confunde a causa com o efeito, é totalmente danosa para o trabalho nas aulas, sobretudo para os alunos desfavorecidos: se não há qualquer consequência prática resultante do sistemático não cumprimento dos deveres de aluno, se assim a perturbação e a indisciplina aumentam, quem julgam que é mais prejudicado entre dois alunos afincados, mas um de uma família pobre e outro de uma família da classe média (admitindo que não tem o filho num colégio privado), o que não tem apoio em casa nem explicações ou o que tem?
Escreve um homem de esquerda, de extrema-esquerda mesmo, que é professor (precário e que já passou por períodos longos de desemprego) e que, nessa qualidade, sabe do que fala. A linha entre esquerda e direita passa certamente pelas políticas educativas. Porém uma autêntica política de esquerda é aquela que favorece uma escola pública de qualidade (e não um faroeste de facilitismo e indisciplina que não forma nem permite aos jovens configurar o seu projecto de vida) e faculta aos alunos instrumentos simbólicos e os dota de capacidades interpretativas e interventivas que permitam que se tornem sujeitos críticos que quebrem de vez as cadeias da dominação.

Pedro Abrantes disse...

Claro que o importante é criar condições para que se aprenda mais o que exige váriss medidas integradas. Entre elas, o combate à precaridade docente é uma das mais importantes. Mas a reprovação tanto é consequência do insucesso como causa do tal faroeste de indisciplina e não o contrário. Basta conhecer as escolas dos países que não reprovam e as escolas dos países que reprovam.

RF disse...

Para Pedro Abrantes

No ensino vocacional e no ensino profissional quase não há chumbos... Se pudesse entrar numa sala de aula dessas modalidades de ensino, talvez compreendesse melhor a minha posição. Parte do problema do insucesso tem que ver com factores sobre os quais podemos agir com políticas educativas. Mas a outra parte tem que ver com problemas sociais e económicos a montante, que estão fora da escola e que acabam por invadi-la.

Jose disse...

Faço votos que a ladainha obscurantista e delirante que a esquerda tem sobre a educação seja a primeira a cair. Oremos!

Anónimo disse...

Um muito bom post de Nuno Serra.Tão claro que faz sair à luz do dia a tenacidade nos brutos e a arrogância nos estúpidos. Estes gostam de baptizar o outro como ignorante ou calino e têm-se em conta,coitados,como superiores aos seus pares. Reconhecem-se pelas missas obscurantistas que pregam e pelas suas ladainhas ao jeito das beatas delirantes.
O delírio extremista vai ao ponto de crismarem os professores de "comunas" mostrando a verdadeira raça de que são feitos.
O fundamentalismo pesporrento passa de facto por aqui tal como um anquilosamento surpreendente.Mas a vertente ideológica essa é claramente assumida. Também em forma de votos e de orações.

Jose disse...

Desde que DE passou à clandestinidade fez um notável esforço de disfarçar a desonestidade com que inverte os argumentos a que nada sabe contrapor-
Em vão. O bestunto nada de diferente produz.

Anónimo disse...

Temos a Escola Publica e Privada que o sistema dominante determina que tenhamos e o resto e´ conversa. Todos os estudos por muito valor que tenham esbarram sempre no mesmo obstáculo – O Sistema Dominante — Roma-- Lisboa--Bolonha —
Os subministros do governo português tem de fazer o seu trabalhinho de casa em obediência as regras “comunitárias ”
Os Pais, Mães e Professores, Associações e Sindicatos deste pais, ao se deixarem enredar pelo Sistema Dominante, foram ao encontro do seu Algoz. Não vai a haver pitonisa que chegue. De Adelino Silva

Anónimo disse...

Os pesadelos particulares de adeptos do salazarismo e dos seus "métodos de ensino" feito de matraca e de porrada não interessam nada para o debate. Apesar de merecerem uma saudável gargalhada é bom continuarmos com o debate.
Um anónimo aí em cima tenta esconjurar os resultados do estudo para os anos anteriores a 2012.Foge-se ao tema central apontado aqui e que é irrefutável:
"o efeito nefasto das políticas seguidas nos últimos anos, orientadas para degradar, encolher e dualizar o sistema educativo português, contrariando o papel da escola pública como instrumento essencial de promoção da igualdade de oportunidades e de ruptura com as lógicas de seleção, exclusão e diferenciação. Lógicas que dificultam a mobilidade social, reproduzem as diferenças de estatuto socioeconómico e aprofundam as desigualdades."
Para além de se registar o facto dos dados englobarem já o ano e 2012,relembra-se aos mais distraídos que a posse do XIX governo se deu em Junho de 2011.E que toda a governação de Passos Coelho/Portas/Crato desde essa data só veio agravar as coisas. Como qualquer observador independente o reconhece. Independente e minimamente honesto

paulocosta disse...

Nasci e criei-me na Angola colonial. Naquele tempo, mais de 95% dos alunos que frequentavam o liceu eram brancos e, pelo contrário, na escola técnica da minha terra, branco, só o filho do dono de um café.
Opções?!
Se houve área onde o governo anterior se revelou ideológico, foi na educação. Não tardaria muito e teríamos uma escola para alguns, os azuis, prosseguirem os estudos superiores e outra escola, para os vermelhos serem, pomposamente, "técnicos". Tanto poderia ser pela modalidade escola privada versus escola pública, como pela modalidade liceu versus escola técnica.
Quem é que iria para um lado e para o outro? e quem é que seria doutor e teria bons empregos, hã?
Isto das cores lembra-me os corantes e o rigor dos laboratórios.

Jose disse...

O Paulo Costa está fora do mercado: 'doutores' em caixas de supermercados e picheleiros a fazerem bons ordenados é o dia de hoje.
Só mesmo a cegueira de acreditar que a escola igual faz a igualdade de oportunidades é que pode ignorar que só a escola diferenciada dá as melhores oportunidades a uma inevitável diferenciação .

Anónimo disse...



por falar em "arrogância nos estupidos" não te sabia tão vaidoso e frequentador assiduo de espelhos

Anónimo disse...

pobre sabujo zé

mais uma vez não consegue disfarçar como tudo o que cheira a pobre, trabalhador ou assalariado lhe mete nojo, asco e ódio
para ele isto é tudo escumalha "calina e ignorante" que não merece nada e é este ódio que o faz por conseguinte odiar a "esquerdalha" que tenta alisar as desigualdades que ele acha que devem existir. Para ele quem é rico, seja por mérito, corrupção ou direito divino é um eleito, um mais esperto que essa multidão de indolentes e que merece esse lugar no Olimpo sem que nada o deva apoquentar - sobretudo pagar impostos que vão de certa forma parar às mãos dessa massa anónima que o dito sabujo zé tem por vil, nojenta, ignorante e preguiçosa.
ao pobre zé só o desperta este ódio e ele apoiará sem quartel todos os que lhe aplaquem este ódio, sejam eles fascistas, neo-liberais ou outros, desde que zurzam na "gentalha"
Normalmente este tipo de ódio nasce num ou mais dos seguintes 3 vectores/possibilidades:
1 - sabujo zé nasceu em berço de ouro e por conseguinte foi educado para pensar que o seu lugar na hierarquia social é inamovível e que todos os que estão abaixo não merecem respeito pois se não são ricos é por exclusiva culpa própria
2- sabujo zé nasceu pobre mas por força de muito trabalho e lambe botismo conseguiu subir acima das suas raízes e entrementes passou a odiar os seus outrora pares pois ganhou horror às suas origens e na verdade defende os ricos porque sonha um dia vir a ser um
3- sabujo zé labutava placidamente pela sua vida quando um dia encontrou um homem, desses dos pouco nobres ofícios,na sua cama com sua mulher e desde aí não pode com essas fracas e brutas gentes

Anónimo disse...

O esforço de rigor na análise que Nuno Serra tenta introduzir no debate, socorrendo-se de estudos científicos, é depois demolido por 'achismos' deste tipo:
"Para além de se registar o facto dos dados englobarem já o ano e 2012,relembra-se aos mais distraídos que a posse do XIX governo se deu em Junho de 2011.E que toda a governação de Passos Coelho/Portas/Crato desde essa data só veio agravar as coisas. Como qualquer observador independente o reconhece. Independente e minimamente honesto"

Ou seja. Tem mais impacto nos resultados de um estudo relativo a 2012 os anos iniciais de um governo do que os 40 anos que lhe antecederam! Este enviesamento é contraproducente por vários motivos:
- Desvia a atenção das questão estruturais que estão na base deste problema grave para questões meramente conjunturais (por muito negativas que possam ser);
- Não permite reflectir porque é que após 40 anos de políticas genericamente 'pró escola pública' ("paixão pela educação", ...) o resultado afinal é este;
- Perpetua a falácia de que o problema é de resolução fácil e clara: basta reverter o consulado Crato e já está.

"Para quem ainda está convencido que os contextos socio-territoriais e o enquadramento familiar pouco contam nos processos e resultados educativos ... a análise é demolidora"
Partindo desta conclusão, que me parece incontestável, a grande questão que estes resultados colocam é:
até que ponto pode efectivamente a escola "contrariar" de forma significativa as condicionantes socio-económicas da família do aluno?

Temos 40 anos de experiência e houve melhorias significativas no sistema educativo e bnos resultados que ele produz. Mas, independentemente de termos de continuar a melhorar, não teremos já atingido os limites do que é possível fazer de significativo na escola? Não será altura de olharmos para o que está de fora?

Anónimo disse...

A educação e o ensino são muito importantes para os povos de tal forma que não há bicho careto governista, em qualquer governo, em qualquer instituição jornalística que não meta o bedelho, tal e´ a importância que tem. Ainda por cima da´ milhões..!
Muito antes de Abril já a educação era o marco de todas as políticas do Saber – Só para as Elites – Por isso e´ compreensível que se a queira vender/comprar, fazer da educação um comercio “Livre”como outro qualquer.
Nestas circunstâncias todos os pontos de acordo e desacordo vão dar a´ mesma encruzilhada. A Escola Publica ainda não foi desmantelada por que as elites ainda não se entenderam quanto aos quantitativos a dividir… Alias, a industrialização da educação já foi montada há algum tempo! De Adelino Silva

Anónimo disse...

Os achismos deste tipo:
"Mas, independentemente de termos de continuar a melhorar, não teremos já atingido os limites do que é possível fazer de significativo na escola? Não será altura de olharmos para o que está de fora?"
são de facto achismos doutro tipo.
Porque o que se tenta escamotear é que o governo Crato levou as coisas a um nível tão mau que o que se impunha era a reversão imediata dos crimes educativos do governo anterior.
O resto é conversa mole a chover no molhado.Porque quem afirma isto:"Tem mais impacto nos resultados de um estudo relativo a 2012 os anos iniciais de um governo do que os 40 anos que lhe antecederam!" não sabe ler ou treslê o que leu. O que se disse foi mesmo isto:"E que toda a governação de Passos Coelho/Portas/Crato desde essa data só veio agravar as coisas. Como qualquer observador independente o reconhece. Independente e minimamente honesto"
Ou seja . Parece que se tenta branquear um governo e governantes socorrendo-se duma aldrabice...quem disse que tinha mais impacto?
A partir daqui vem mesmo a chuva no molhado porque os motivos apresentados assentam numa falácia. Nada portanto a dizer sobre os tais motivos.
Já o mesmo não se pode dizer dos "limites alcançados" e do "olhar para fora". Mas isso são achismos particulares que agora não interessam muito esmiuçar

Anónimo disse...

( já agora...essa da "paixão pela educação"..que idade terá? 40 anos?
E os 40 anos pela "escola pública"? De certeza?
Quem disse que era fácil de resolução o problema?
Isso é uma linda forma de manipular os dados e as afirmações

Anónimo disse...

"a escola diferenciada dá as melhores oportunidades a uma inevitável diferenciação ".
Eis o programa de acção de toda uma direita caduca e retrógrada, apostada num ensino dual e num darwinismo social utilizado pelos doutrinadores germânicos do século passado.
Por isso é que o relvas singrou.Teve as melhores oportunidades para a sua inevitável diferenciação.

Anónimo disse...

"Exlique, utilizando no máximo 427 palavras, por que motivos são necessários exames nacionais como instrumento de classificação escolar.

R: Em primeiro lugar, os exames nacionais são a única forma de assegurar uma bitola igual para todos, independentemente das condições em que realizam o seu percurso escolar.
Significa isto que serão colocadas a um estudante de uma escola empobrecida, sem meios, sem ginásio, com falta de professores, psicólogos e auxiliares, filho de uma família pobre e destroçada pelo desemprego e pela exclusão, sem dinheiro para pagar explicações ou sequer acesso permanente à internet, exactamente as mesmas perguntas e condições de tempo e de exigência que a um estudante que estuda num colégio privado ou numa escola pública da elite, onde existem todos os meios materiais e humanos, que faz parte de uma família com recursos, capaz de pagar computador portátil, internet, livros e manuais escolares, explicações, e ainda as aulas de rugby. Portanto, só com exames nacionais podemos garantir que a classificação substitui a avaliação, assegurando consequentemente que os mais elevados níveis de escolaridade e do conhecimento ficam reservados aos segundos. Todos sabemos que a ideia de que devemos tratar de forma diferente o que é diferente só se aplica a direitos e não a deveres.
Em segundo lugar, os exames nacionais são a única forma de encontrar um mecanismo de classificação (que não é o mesmo que avaliação), que elimine a subjectividade do professor que acompanha o estudante sujeito a classificação.

Esta questão não é de menor importância na medida em que a a contextualização educativa no plano sócio-económico beneficia os estudantes que integram meios sociais degradados. Ou seja, não podemos permitir que os professores tenham em conta o contexto social em que o percurso escolar é desenvolvido por um determinado estudante. Para uma classificação adequada é preciso eliminar a subjectividade do professor e diminuir o peso da chamada "avaliação contínua" - resquícios dos delírios de Abril - na medida em que esses processos não são úteis para a selecção dos estudantes. A selecção é, afinal de contas, todo o objectivo deste processo de treino e formação que dá ainda pelo nome de "processo de ensino-aprendizagem", um outro resquício do folclore pedagógico socialista.

Em terceiro lugar, o exame nacional é um bom instrumento para nivelar e avaliar o sistema, combatendo o empolamento das notas feito pelas escolas, principalmente as privadas e de assim, combater assimetrias entre os procedimentos avaliativos de cada escola.

Este motivo é o mais sólido, na medida em que, apesar de poder ser utilizado como quase indestrutível argumento, quem chumba por regra é o estudante mais pobre, raramente o mais rico e nunca, mesmo nunca, o sistema que supostamente está a ser avaliado"
Miguel Tiago

Jose disse...

O discurso esquerdalho sobre a escola é fundado sobre a questão da igualdade e opera sob a única forma como sabem tratá-la, escondendo a desigualdade!
Propõem uma escola pública que assegure uma mistura que gere uma mediocridade em que a desigualdade se esbata.
Regulamentam o ensino para que a mediocridade prospere no professorado e na avaliação e elegem a evangelização da igualdade como critério maior da missão de ensinar, agora mascarada de ‘ensinar a aprender’.
Mas o que mais os conforta, a par de repudiar a desigualdade, é denegrir o ensino vocacional para manter viva a renúncia às qualificações operárias, reflectindo a aspiração pequeno-burgueses de um qualquer lugar de escriturário como um passo maior no caminho da ascensão social.
Verdadeiramente nada fazem para promover essa ascensão social.
No essencial cuidam tão só por se autogloficarem por uma falsa sensibilidade social que em final é nefasta aos fins que enunciam.

Anónimo disse...

"Discurso esquerdalho"?
Começa mais uma vez de forma esclarecedora quem depois envereda por coisas como as abaixo indicadas.
Não se deve repudiar a desigualdade.E isso é um crime de lesa majestade porque isso pode colocar em dúvida o direito à desigualdade duma sociedade de classes. A estratificação social é para manter a todo o custo. O darwinismo social, tão caro aos ideólogos do terceiro reich, mais uma vez a aparecer escondido com o rabo de fora.

Não deixa de ser curioso ouvir falar em "qualificações operárias" quando nuns comentários anteriores o mesmo sujeito fala tão depreciativamente de tais operários. Relembra-se a frase:"O Paulo Costa está fora do mercado: 'doutores' em caixas de supermercados e picheleiros a fazerem bons ordenados é o dia de hoje"

Aspiração pequeno -burguesa o tanas. Aspiração da grande burguesia de dispor duma mole de trabalhadores paga ao preço da uva mijona sem direito ao conhecimento e sem direito a mais nada, senão à venda ao desbarato da sua mão-de-obra. Ascensão social (?) que é coartada logo no nascimento e que continua com o ensino ( como o demonstrado por alguns comentários aí em cima e sobre os quais o silêncio confrangedor mostra que a fuga e o atirar para o lado é a estratégia de quem defende o ensino dual e assume tretas como "evangelização" e o direito do mais forte a governar).Porque aqui do que se trata não é só do ensino mas do que se pretende com este e do modelo de sociedade que temos e que buscamos.

Porque a citada mediocridade tem pés de barro patéticas e esclarecedoras.
Veja-se aqui a "literacia" de quem fala tão desbragadamente naquela
https://www.blogger.com/comment.g?blogID=4018985866499281301&postID=1859308220991266424&bpli=1
Por favor não se riam porque o caso é sério

Jose disse...

DE, a parvoeira vai em acelerado...

Anónimo disse...

(Os pesadelos particulares e individuais podem ser interessantes para o próprio, mas sinceramente não interessam nada para o debate. )
A questão, a que versa a relação entre «chumbos», aprendizagens e perfis socioeconómicos dos alunos, é demasiado importante para se deixar "arrefecer" nalgum comentário lateral a tentar esconder iliteracias alheias.
Tal como a conclusão de que "chumbar não melhora as aprendizagens: em vez de recuperar, os alunos tendem a distanciar-se dos seus pares."
São aspectos irrefutáveis muito acima do bruá-bruá incómodo com que se tenta apagar o carácter marcadamente ideológico da governação neoliberal.Ideológico no sentido da extrema-direita, com acentuação do processo de clivagem entre o que é condição para o progresso da Humanidade e o que são os interesses dos mercados, encostados à selectividade própria dos admiradores dos conceitos eugénicos.
O tema é sobremaneira interessante e permite um apartar de águas duplamente esclarecedor.
E tal motiva alguns dos rancores explicitados por alguém aí em cima.

paulocosta disse...

A democratização do ensino tem sido muito lenta em Portugal, devido, sobretudo, às resistências naturais, do próprio sistema e do país. O que aconteceu no governo anterior foi que esse processo, não só não conseguiu manter a marcha, ainda que ronceira, como regrediu. Ou seja, as principais medidas educativas de Crato foram sempre no sentido da elitização do ensino: apoios às escolas privadas, exames, licealização de currículos (desvalorização das disciplinas "praticas" e pseudovalorização da matemática e do português), metas "behavioristas", etc., etc. Carateriza muito bem um ensino deste tipo, o lugar-comum "nem todos podem ser 'doutores'", que, somado a outras trivialidades como "exigência", "rigor", "preparação para a vida"..., conduziu-nos à subida das retenções, aos abandonos escolares precoces e à nossa queda estatística (outra: "passar é, sempre, trabalhar para a estatística").

Defender a escola democrática é, também, desmontar as frases feitas que, no uso corrente, representam uma inocente ordem simbólica do mundo, mas que são aproveitadas e utilizadas pelos neoliberais para almejarem dois tipos de homem: azuis e vermelhos.

Um sistema de ensino virado e oleado só para alguns conseguirem ser "doutores" cria casos como o de Relvas. Claro, quem não se riu?

Jose disse...

Ó das 01:50 o Relvas é o exemplo acabado do que é dito ser o ensino democrático: todo o cretino ou oportunista é dr.
E o rol de mestres da treta e Doutores copy/paste?
«...trivialidades como "exigência", "rigor", "preparação para a vida"...,» uma tal bestialidade faz-te, na mais benévola das possibilidades, uma vítima da cretinice abrilesca!!!

Anónimo disse...

O Relvas é o exemplo acabado duma escola dual, onde o dinheiro compra o que quer e as influências arranjam o canudo pronto a sair.
Um sistema de ensino virado e oleado só para alguns conseguirem ser "doutores". Como o Relvas. Relvas que faz parte da elite dos empresários e do aparelho partidário troikista. E é um exemplo acabado do "É o capitalismo estúpido"
De resto o Relvas teve a solidariedade do próprio que agora fala em "cretinice abrilesca" Está registada a piequice com um tal traste. Ou a memória também já anda a pregar partidas na mais benévola das possibilidades, ou o discurso vai mudando de acordo com o tema , a hora e a "missão"
São trivialidades estas que têm paralelo com os impostos e com a carga fiscal. Para uns tantos privilegiados a fuga a estes é uma questão de auto-defesa que justifica até "chapadas nos cornos".
Foi isto que terá dito o Relvas quando foi apanhado com a boca na botija?

Jose disse...

DE, nem com umas chapadas nos cornos terás algum dia cura....

Anónimo disse...

Os fantasmas a atormentar o dito cujo
Do tema sobre a escola pública passa o sujeito das chapadas, em passo de ganso, para a deseducação.
Percebe-se que o Relvas seja um tema que incomode alguns dos seus.

Pena o sujeito dos "cornos" não sair à mãe, senhora assumidamente liberta de tabus e de preconceitos raciais