terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O debate das desigualdades ainda mal chegou a Portugal

Na semana passa participei no colóquio “Desigualdades em debate 2015”, organizado pelo Observatório das Desigualdades, no ISCTE-IUL. O painel que integrei era dedicado ao livro O Capital no Século XXI, o ‘best-seller’ do economista francês Thomas Piketty, que já originou milhares de páginas de debates em revistas, jornais e blogs no mundo inteiro.

Na sua edição portuguesa, o livro de Piketty tem cerca de 900 páginas, repletas dados e análises relevantes. Sendo impossível sintetizar uma obra deste volume em poucas palavras sem correr o risco de simplificação excessiva, resumiria assim as mensagens principais do livro.

Em primeiro lugar, no desenvolvimento do capitalismo a evolução das desigualdades não seguiu uma trajectória linear. Se no início do século XX os países ricos eram caracterizados por níveis muito elevados de concentração dos rendimentos e da riqueza (por exemplo, 1% da população europeia ocidental detinha 50% do capital), entre o início da primeira Guerra Mundial e o segundo pós-Guerra os níveis de desigualdade reduziram-se de forma acentuada. Desde as décadas de 1970 e 1980 a desigualdade não tem parado de aumentar, mas ainda se encontra a níveis distantes do início do século passado (por exemplo, os 1% mais ricos detêm 25% do capital na Europa).

Em segundo lugar – e esta é a tese central de Piketty – é possível explicar o essencial das dinâmicas de crescimento das desigualdades (até ao início do século XX e nas décadas mais recentes) através da relação entre a taxa de rentabilidade do capital e a taxa de crescimento económico. Mais precisamente, há cinco ideias no raciocínio de Piketty que importa reter:

i) é possível mostrar teoricamente que uma ligeira diferença entre a taxa de rentabilidade do capital e a taxa de crescimento económico é suficiente para que as desigualdades se acentuem ao longo do tempo;

ii) em termos empíricos verifica-se que essa diferença foi substancial durante a maior parte do processo de desenvolvimento do capitalismo;

iii) só a ocorrência de acontecimentos dramáticos relacionados com as duas guerras mundiais do século XX (destruição física de bens de capital, revoluções, descolonizações, nacionalizações, inflação elevada, congelamento de rendas, tributação agressiva de rendimentos e património, etc.) permitiram corrigir (temporariamente) as assimetrias na repartição da riqueza e do rendimento que decorrem de i) e ii);

iv) a combinação de um baixo crescimento demográfico (que implica a desaceleração do crescimento económico) e de uma forte concorrência fiscal a nível global (que conduz ao aumento da rendibilidade dos capitais) fazem antecipar uma tendência para o aprofundamento das desigualdades no futuro; e, consequentemente,

v) são necessárias mudanças institucionais profundas para prevenir que as desigualdades no século XXI regressem aos níveis verificados no início do século XX (tornou-se famosa a proposta de Piketty de um imposto mundial sobre o capital, que exigiria um maior controlo sobre os fluxos de capitais a nível internacional).

O trabalho de Piketty tem suscitado os mais variados tipos de críticas (muitas injustas, outras nem por isso): desde a fiabilidade das fontes e do tratamento dos dados, passando pelo conceito de capital que utiliza, até à ideia subjacente de que é possível regenerar o capitalismo através da fiscalidade sobre o capital, ou ainda a escassez de análise teórica sobre os fenómenos identificados.

Aqui interessa-me menos revistar todas aquelas polémicas do que salientar dois aspectos. Primeiro, o trabalho de Piketty mostra de forma inequívoca que a tendência para o aprofundamento das desigualdades está bem presente nas nossas sociedades, pondo em risco alguns dos valores fundamentais sobre as quais assentam. Segundo, ao contrário do que sucedeu na maioria dos países ocidentais nos últimos anos, o debate sobre as desigualdades ainda é pouco mais do que uma nota de rodapé no debate público em Portugal.

Podemos culpar a dimensão da obra de Piketty, que não facilita a sua leitura e discussão alargadas (ainda que a abordagem não seja muito técnica e o estilo de escrita seja convidativo e acessível). Podemos também argumentar com a falta de dados sobre a distribuição do património em Portugal – e até mesmo a fragilidade dos dados disponíveis sobre os rendimentos. Não podemos, no entanto, deixar de registar que é precisamente num dos países mais desiguais de todo o mundo industrializado que a discussão sobre as desigualdades é mais escassa. Já vai sendo hora de acabar com este paradoxo.

27 comentários:

Jose disse...

Se bem me recordo houve um tempo em que se falava em cogestão e gestão participada e disso ainda há sinais na Alemnaha com o reflexo conhecido na AutoEuropa.
Mas neste jardim, a palavra de ordem é desde há muito 'A Luta' que é puro factor de risco. Acrescente-se um Estado predador, sempre nas bordas da falência.
Um só sinal é dado ao capital : acumula para um dia de chuva.

Anónimo disse...

O comentário sobre o "sinal dado ao capital" é,segundo o discurso monotemático de alguém, apenas tretas.

O capital não precisa de nenhum sinal.O que precisa é de prestidigitadores para esconderem o facto que "em 2016, 49,27% da riqueza mundial estará nas mãos de apenas 1% da população, segundo um relatório da organização humanitária Oxfam, divulgado nesta segunda-feira".

Porque tal sinal não passa duma farsa e os seus sinalizadores mais não fazem do que o jogo do dito capital.Escondendo também notícias como esta:
"Os 80 mais ricos do mundo têm tanto dinheiro como os 3,5 mil milhões mais pobres..."

Já não será "treta" o apelo directo , sem vergonha,colaboracionista até à medula ( mais uma vez ao lado do Capital) em relação ao repúdio face à "luta".
Querem-nos domesticados, obedientes, formatados para aceitar passivamente este status quo.
Como outrora havia "portugueses" que diziam o mesmo face ao domínio de Castela.Ou inquisidores que o mesmo falavam face aos mandamentos prevertidos duma leitura religiosa fundamentalista.Ou esclavagistas que replicavam o mesmo face à riqueza económica que o trabalho escravo traria para os seus bolsos.

Infelizmente para os defensores de tais posições abjectas de submissão e passividade, a verdade acaba por ser entrevista, de forma involuntária é certo. A expressão " a luta é factor de risco" traduz bem o receio que os detentores do poder económico e político têm pela ameaça que constitui o dizer não a este estado de coisas.

Acrescente-se o estado predador que funciona em função dos interesses do grande poder económico e que gere os negócios de acordo com os interesses do grande capital.Como se vê por exemplo neste rincão, em que os interesses dos bancos alemães and so on são defendidos pelos passos e portas e albuquerques e cristas. Basta ver.

De facto a cambada acumula.os outros sofrem

Até quando?

De

Jose disse...

O capital ou se acumula ou se consome, e o resto é treta.
Acumulado no Estado sempre acabou alimentando uma numerosa classe de esfaimados corruptos, que ou prevertem as leis ou atacam as liberdades, e o resto é treta.

António Geraldo Dias disse...

Detrás de la evolución de las desigualdades entre rentas del trabajo y rentas del capital -muy documentada y de plena actualidad- y detrás de las diferencias entre salarios altos y bajos se esconde una estructura de clases tripolar, integrada por capitalistas, cuadros de altos directivos y clases populares. La alianza social entre capitalistas y cuadros, típica del neoliberalismo, es el distintivo de la derecha; la alianza entre clases populares y cuadros, característica del periodo posterior a la Segunda Guerra Mundial, fue seña de identidad de la izquierda."La gran bifurcación. Acabar con el neoliberalismo"

Anónimo disse...

pois Jose...afinal todas as desigualdades a que assistimos não têm nada a ver com tráfico de influências, promiscuidade, corrupção, mercados mal regulados...trata-se de pobres diabos a acumular guito por causa dos esquerdalhas e suas espertezas saloias...é engraçado, contigo tudo tem uma explicação óbvia, fácil e simples...existem desigualdades porque os acumuladores têm medo do futuro...Jose, és uma sumidade, obrigado por teres trazido luz a este assunto

Anónimo disse...

Jose, meu querido mentor, ele não tem acumulado no Estado sabes porquê ? o Estado está quase falido...sabes, quando os "acumuladores" viram dinheiro no Estado acharam injusto, tal cmomo tu, e então foram lá buscá-lo. No início ainda consumiram mas depois, como era muito e eles às tantas já tinham tudo, acumularam, "para um dia de chuva"...entretanto a chuva caia desalmadamente nas cabecinhas de todos os outros

Anónimo disse...

Só os acumuladores têm, aparentemente, direito a ter medo do futuro. O resto da "populaça" deve aceitar obedientemente as desgraças que lhes caem na cabeça, pois que são *merecidas*? É esta a forma como a "casta superior" lava as mãozitas.
Senão metesse nojo, até seria de rir.

Alice

José Cruz disse...

As recentes conclusões da OXFAM, aqui referidas num outro comentário, de que em 2016, 49, 17% de toda a riqueza, estará concentrada em 1% dos mais ricos, só confirma as conclusões do trabalho de Pikety.O aumento das desigualdades é incontornável e todo o modelo de acumulação e concentração do capital, caracterizado pelo aumento da remuneração do capital, acima das incipientes taxas de crescimento do produto, assinalada em síntese pelo
Autor, está em fase com a realidade e com a História.Poucas dúvidas devem existir quanto á detenção de 25% da riqueza por 1% da população, no princípio do século XX, na Europa.E este modelo de elevada concentração da riqueza é a característica dominante do capital, que se mantém constante até aos anos 80, do século passado, sendo acelerada a partir daí , num processo de concentração da riqueza, da posse da propriedade e do domínio dos Estados, que ainda continua.

Anónimo disse...

Brevemente.
Os tais corruptos de que jose fala pertencem ao clube privado a que pertence jose ...os tais acumuladores ou os funcionários ao serviço dos ditos acumuladores.

Nomes? Passos e portas e cavaco e dias loureiro e oliveira e costa e relvas e soares dos santos e albuquerque e cristas e mota soares e vara e ricardo salgado e paulo macedo e catroga e manuel queiró e.
Tudo gente a quem esse mesmo jose defende,pugna e por quem faz campanha eleitoral.Os que tomaram conta do estado e que se servem dele e o colocam ao seu serviço.

As contas dos acumuladores devem de facto ser investigadas para se perceber até onde vai a "acumulaçao".
E agir em conformidade.

Resta o silencio cúmplice com o denunciado perante tal concentração da riqueza.

E o nojo como diz Alice

De

Luís Lavoura disse...

Eu diria que, dado que o crescimento zero foi o estado normal da economia ao longo dos milénios, e uma vez que a taxa de rendimento do capital nunca é nula, então a tendência para o aumento das desigualdades é perpétua. Portanto, foram sempre necessários, ao longo de toda a História da Humanidade, "acontecimentos dramáticos" (guerras, destruição maciça de capital, inflação, etc) para repôr periodicamente a desigualdade em níveis aceitáveis.

Jose disse...

As emoções sempre aceleram quando se fala em riqueza acumulada!
A visão de pilhas de notas, barras de ouro e demais parafrenália da lascívia do avarento provoca azias graves.
Não é esse o mundo dos ricos, é tão só a visão que os pobres têm da riqueza.
Distribuir a quem e como?
Os comunas não têm dúvidas - num ápice a mansão do rico é datcha do camarada dirigente.
Os social-o-que-quer-que-sejam negoceiam, consensualizam, e... só por muita arrogância acabam em Évora.
Cobrem impostos sobre o rendimento, penalizem a propriedade improdutiva (1) e deixem acumular quem ganha e não gasta!
(1) exceptuem-se os imóveis abandonados porque não suportavam a concorrência, dos novos erguidos com subsídios do Estado e duma lei de rendas obscena.

Anónimo disse...

As emoções sempre se aceleram quando se fala em riqueza acumulada?

De certeza. É ver o caracter emotivo do "jose" E a sua preocupaçao na sua defesa veramente emotiva da riqueza acumulada...em meia dúzia de mãos

A prova do carácter emotivo e destrambelhado está nestes mimos:
" a visão da pilha de notas...azia grave"
(para este sujeito ,afadigado defensor da caridadezinha da jonet, a azia grave resultará da sua imagem no espelho.A realidade crua e dura desta insuportável acumulaçao de riqueza é assim arrastada para o canto das coisas néscias da "pilha de notas".
A fome,a miséria, o sofrimento, a miséria, os sem-casa, os sem direito à saúde, os explorados, os deserdados , os que lhes retiraram a dignidade de viver são assim arrolados para o outro canto. É miserável? É)

Depois há a visão dos ricos que parece que é diferente que a dos pobres. A forma quase ofensiva como alguém ousa dizer que é tudo uma questão de inveja choca de forma crua com a realidade.A visão dos ricos vemo-la nós nas diatribes prenhes de ódio como estes defendem o seu saque.Para desgosto de jose assistimos aos diálogos da camarilha dirigente do BES.Para desgosto do jose , o que assitimos é à inveja dos ricos pelo facto de não serem mais ricos.E a agirem em conformidade, usando o tal Estado a seu favor e a falta de escrúpulos e a invocação do direito à pilhagem e à exploração como leit-motivs da sua "acção".

(Os esclavagistas, aqueles abjectos defensores da escravidão, diziam exactamente o mesmo dos movimentos anti-esclavagistas...era tudo uma questão de inveja)

Mas o carácter emotivo do "jose" ( ou Jgmenos,porque a defesa dos "acumuladores" da riqueza justifica o uso dos nicks necessários a tais procedimentos)continua com a forma como acantona "comunas"em datchas e
os "social-o-que-quer-que-sejam " em Évora. Revelador dum pensamento emotivo mas não só.Dum pensamento profundamente perturbado a lembrar os tempos ( defendidos pelo jose) em que os fascismos dominavam a europa

Mas o carácter verdadeiramente emotivo da forma como "jose " vê as coisas também é denunciado pela clasificação emotiva sobre a lei das rendas ,tida como obscena.

Parece que nem a fome,nem a miséria,nem a morte às portas dos hospitais, nem os mais de mil mortos a mais nas últimas duas semanas, nem a governança neoliberal, nem o sqque do BPN ou dos Swap, ou dos submarinos ou de qualquer outra coisa é obscena.

Talvez o verdadeiro carácter emotivo da resposta do jose resida aqui:

"As contas dos acumuladores devem de facto ser investigadas para se perceber até onde vai a "acumulaçao".
E agir em conformidade."

De

Anónimo disse...

Sobre a riqueza acumulada pelos Espirito Santo, ao qual o jose faz finca pé no direito à continuação da sua acumulação.
( dizia o mesmo jose há tempos, a propósito dos rendimentos obscenos de ricardo salgado:
"não sejam invejosos.É apenas o retorno justo do grande capitalista")

"já é estranho e mais estranho ainda é o facto de terem sido precisamente estes os titulares de cargos públicos a assumir publicamente posições de defesa do Grupo Espírito Santo e do Banco Espírito Santo. Cavaco Silva, Maria Luís Albuquerque, Passos Coelho fizeram parte do cortejo de figurões que vieram a público dizer que o BES era um banco sólido. O Banco de Portugal, através de Carlos Costa, seu Governador, também se atravessou e, na véspera do colapso do BES, ainda emitiu um comunicado oficial a dizer que o Banco estava bom para investimentos privados.
...Durante toda a intervenção da troika estrangeira em Portugal, Miguel Frasquilho, director de um departamento do BES, participava nas reuniões à porta fechada entre a Comissão Parlamentar de Acompanhamento do Programa da troika, pelo Grupo Parlamentar do PSD. Poucos meses antes de o caso BES vir a público, mas já depois de se saber internamente que as contas da ESI estavam falsificadas, curiosamente, Miguel Frasquilho abandona o parlamento para se colocar como Presidente do AICEP - isso sucede em Abril.
Pela mesma altura andava Ricardo Salgado a mandar cartas para quem pudesse estender a corda ao império do Espírito Santo. Arnault, José Luís, ex-ministro de Durão Barroso, deputado e dirigente do PSD fez o que pôde. Durão Barroso já tinha tido um cargo indecifrável no BES - com carro, motorista e remuneração não se sabe para quê, nem a título de quê - e agora Arnault, advogado escolhido pela Goldman Sachs para altos cargos no Banco, faz um jeito e consegue um empréstimo para o BES de 680 milhões de euros.
Arnault que alinhou pelo diapasão de Cavaco Silva ao afirmar que "Ricardo Salgado deixou um banco robusto, com capital e credibilidade."
Miguel Tiago
(Cont)

(De)

Anónimo disse...

"O banco estava ligado à máquina há muito tempo. Ricardo Salgado disse na Comissão de Inquérito que nunca o Grupo teve relações privilegiadas com o poder político, mas que se orgulhava de ter formado muitos quadros para a política e de ter recrutado na política quadros muito capazes.

Claro que uns foram para a política promovidos pelo BES, apoiados e financiados, desde cedo, depois de serviços prestados ao Banco. Outros foram para ao BES por terem usado o cargo político ao serviço do Banco. Cavaco foi o candidato a Presidente da República que mais simpatia recebeu sob a forma de euros, aos milhares, dos membros da família Espírito Santo e não se fez rogado quando se tratou de os justificar vindo a público dizer que o investimento no aumento de capital do BES era seguro. Não era seguro, mas os milhares de euros que a candidatura de Cavaco recebera já estavam seguros numa conta qualquer.

A falsificação das contas da ESI tem sido o centro das atenções porque é a única forma que encontram para colocar o problema num acto, num momento, numa pessoa, ou num conjunto delas. No entanto, a falsificação das contas é um pormenor no quadro geral: o BES era um reservatório de capital (dos depositantes) para financiar uma família que desviava milhões para créditos e remunerações a si mesma e aos seus lacaios. Isso não começou em 2008, altura em que supostamente se inicia a ocultação de passivo da ESI.

E todos nos lembramos de que foi pela mão destes banqueiros que a troika entrou em Portugal, recordamos como os governos se curvaram ao longo dos tempos ao magnânimo exemplo de empreendedorismo de Salgado, modelo de patrão e de visionário, levando a cada canto do mundo a bandeira de Portugal. Também recordamos o quanto lucraram com a dívida pública portuguesa e falta apurar quanto desse lucro foi directamente para os off-shores e para as holdings da família, numa burla cuja origem não é a maldade da mafia familiar, mas a natureza de um estado capitalista corrupto, de um sistema financeiro privado hegemónico que controla o Estado na sombra, escondido por detrás da democracia de fachada."

Miguel Tiago

A procissão ainda vai no adro. Apostamos

(De)

Anónimo disse...

Querido mentor Jose
admiro a forma como és contido e sábio nos teus ditos e detectas as emoções dos humanos
mas esperava mais de ti, do grandioso guru que és
sabes...foste prevísivel, querido amigo, e emocional...ese sermão já o ouvi de outros gurus...sempre que se fala das desigualdades eles falam de azia, dos preconceitos e inveja contra os ricos, de como é perigoso cercear a liberdade dos verdadeiros criadores de riqueza e de emprego...ahhh...os pobres, esses iludidos que têm visões estranhas sobre a riqueza, uns invejosos, uns parasitas que deviam era ser responsáveis, trabalhar e ficar ricos também....deixem de chatear quem acumula porque não gasta, hooo Jose, deixa de ser intelectualmente desonesto, não estamos aqui a falar da classe média alta mas sim de 1%,,,,abre-te para a luz, respira e deixa de ouvir tantos discos do selo, já antigo "his master voice"...se continuas assim deixas de ser meu guru

Jose disse...

Porque me crêem emocionado com este tema da riqueza é para mim um mistério!
Tenho a riqueza como algo tão corriqueiro quanto o é a pobreza.
A saga dos Espíritos Santos emociona-me menos do que saber o Sócrates na choldra; e aqui é curioso notar que ninguém fala dele; não seguramente por serem sublimes cidadãos respeitadores da presunção de inocência (cobrem de lama tudo que mexe), mas seguramente benevolentes com o pobre que se quis fazer rico endividando o país, mas que pelo caminho distribuiu benesses aos que se dizem coitadinhos.
Para o rico que aí se quer manter – tolerância zero, há que depená-lo!
DE espuma de raiva e ódio e cada parágrafo é um anátema.
O meu pretenso mentorado, não tem qualquer qualidade para essa posição. O princípio de que o enriquecimento tem um limite (a classe média alta?), é o princípio que garante que a idiotice não o tem.

Anónimo disse...

A questão não é o que o "jose"( ou JgMenos" como a "função" ordena) diz que o emociona ou não.

A questão é o que transparece de facto no que este diz. E o que diz, tal como o que transparece,diz mais do que o jose quer, ou do que pensa que disse.

Claro que a saga dos Espíritos santos comove menos o jose.Esta questão não é, para este,mesmo uma questão de comoção. Já o foi,e daí a sua tentativa inicial de inocentar tais exemplares, como antes era de pleno apoio ao exemplo de capitalismo punjante e desbragado. Agora os do BES tornaram-se um modelo de solidariedade a cumprir com os seus iguais, apanhados na boca da botija e exemplos exemplares do modo de funcionamento do Capitalismo abjecto e sem remissão. E este não é objecto de qualquer comoção do jose ,mas sim de endeusamento próprio de quem pertence ao clube.

O cobrir de lama é um termo curioso por parte de jose. Este que cobre de lama tudo o que mexa contra o poder troikista e o grande poder económico, que cobre de lama os trabalhadores, os funcionários públicos, os sindicatos,que conclama à violência bruta contra quem não obedece às ordens de Bruxelas, vem agora queixar-se que não se faça o mesmo com sócrates. O coitado nem se apercebe que essa história da lama é uma questão muito feia. Mas que a verdade factual sobre o BES já não é uma questão de lama, mas de factos e evidências.

Ora aí também está uma das causas das "emoções " do jose. Ver assim desamscarado o modus faciendi dos que defende, deve deixá-lo à beira dum ataque de nervos.Daí sai a cartada do sócrates. Mais uma manobra para desviar o assunto.
Com um pormenor precioso. Veja-se bem.A apologia dos ricos está tanto no sangue do "jose" que Sócrates não é classificado como tal,como um rico, mas sim como "pobre que se quis fazer rico". Ou seja, não pertence ao clube selecto dos tais defendidos pelo jose e tem o pecado original de ser pobre. Ora se virmos bem , desde cavaco até passos , passando pelo portas e grande parte do poder político em funções ao poder económico estava de facto longe da riqueza. Enriqueceu a servir o dono.

Daí que jose possa juntar mesmo sócrates ao seu ramalhete pessoal.

Temos assim que a ode ao rico seja um leit motiv do discurso de "jose".E com esta , juntamente com a treta da "inveja" esconde o que se debate. A concentração da riqueza em meia dúzia de mãos. Com o sacrifício de quase todos os restantes.

Quando se demonstra abertamente que a forma como se enriquece demonstra a venalidade do sistema, jose de facto "espuma de ódio e raiva".A sua invocação do princípio da idiotice e as suas tentativas um pouco tontas de a mensurar, demonstram apenas aquilo que já se disse aqui. O que no fundo o perturba é também isto:
"As contas dos acumuladores devem de facto ser investigadas para se perceber até onde vai a "acumulaçao".
E agir em conformidade."

Poder-se-á especular o motivo para. Mas francamente parece-me pouco próprio e deixo a lama para quem de facto quotidiamente a utiliza

De

Jose disse...

Essa argumrntação tipo "Na janela com a vizinha" traz sempre efeitos nefastos à elevação do discurso.
Mas, haja esperança, pareceu-me ter DE vislumbrado que pôr a governar os pobres tende a acabar em roubalheira!

Anónimo disse...

A objectividade obriga a manter o rumo do debate.
Que é o da concentração da riqueza e o aumento das desigualdades.

E obriga a voltar a sublinhar o "nervosismo" patenteado ( agora à custa da vizinha) por quem defende desta forma os "acumuladores".
E o enorme incómodo daquele pelo exposto sobre os donos disto tudo, , exposto desta forma tão crua e acertiva.

Os derivativos também passam agora para uma tentativa de discussão sobre os o governos dos pobres e dos ricos.Sim, eu sei, é anedótico.
Escamoteando aquilo que é duma transparência cristalina.Que o poder político foi aprisionado há muito pelo poder económico .E que quem de facto governa é o grande poder económico.Ou seja, os muito ricos.

Alguns repetiram até à exaustão duima forma que tem tanto de patético como de tolice, a noção que a banca e que o grande poder económico não era responsável pela situação.
A realidade dos factos contradiz tais "bojardas" a começar pela própria alcunha de DDT que um dos mestres do Capital usava e abusava.

A realidade é tramada.

Agora até se socorrem da vizinha, num esforço malabarista que tem tanto de curioso como de revelador

De

Jose disse...

«o poder político foi aprisionado»

Quando muito deixou-se aprisionar.
Tem leis, exército e polícia e é aprisionado??

É estúpido ignorar que se há corruptores é porque há corruptos, e pelo que sei são os corruptos que promovem a corrupção e não o contrário.
Falem com o prisioneiro 'político' de Évora para mais promenores.

Anónimo disse...

Vamos a "promenores"

Que dizer de quem avança com argumentos do género " têm exército e polícia", donde não podem ser aprisionados?

Mas o poder político que está ao serviço do grande poder económico vai depois usar a polícia e o exército para disparar contra os seus senhores?

Então já alguma vez se viu o exército e a polícia ( mais as leis) serem utilizadas sem ser de acordo com o poder que vigora?

Só em processos revolucionários como de certa forma aconteceu no 25 de Abril, em que parte das forças armadas avançou e em conjunto com as massas populares tomou conta da policia, eliminou a sinistra pide... mandou pela borda fora o poder político e o poder económico.Os donos de portugal transitoriamente afastados...há por aí um documentário muito interessante...

A corrupção tratada a golpes do exército e da polícia...passos e portas a sairem com blindados à rua para deter os seus donos..mas a que propósito? Se eles pertencem às mesmas élites e cumprem aquilo que há a cumprir?

Já denunciado aqui o apoio a cavaco por parte do BES e a ordem dada ao governo para a entrada da troika...chamem os chaimites então para impedir a corrupção, dirá algum, a tentar fazer passar a inteligência por debaixo da canga e da tralha

Depois é francamente confrangedor essa "absolvição" dos corruptores atribuindo a responsabilidade da corrupção aos corruptos...

Primeiro...desconhece jose o ordenamento jurídico português?

Desconhece jose que o corrupto é a maior parte das vezes um corruptor, como o demonstra o caso exemplar do BES/GES
O nome aos bois:"Durão Barroso já tinha tido um cargo indecifrável no BES - com carro, motorista e remuneração não se sabe para quê, nem a título de quê - e agora Arnault, advogado escolhido pela Goldman Sachs para altos cargos no Banco, faz um jeito e consegue um empréstimo para o BES de 680 milhões de euros".Um corrupto e um corruptor:

Jose já tentou esconder da forma descrita acima a concentração da riqueza e o chocante aumento das desiguldades.Tenta agora proteger os corruptores desta forma digamos que...canhestra.

-Desconhece jose que a origem disto tudo "não é a maldade da mafia familiar, mas a natureza de um estado capitalista corrupto, de um sistema financeiro privado hegemónico que controla o Estado na sombra, escondido por detrás da democracia de fachada."

O remeter para o preso "político" ( uma provocação à medida do dito jose) pedindo mais "promenores" é apenas a confirmação que jose está reduzido a "isto" . Aponta não para o dedo ,mas para Évora na esperança que o seu sistema, aquele por quem andou e anda a pugnar, os corruptos e corruptores que defendeu e defende( defendeu cavaco e barrosos e relvas e ricardo salgado e portas e toda a restante governança)sejam apagados da informação e da análise objectiva.
Sócrates por mais que isso custe a jose, governou para a direita,com a direita e à direita.Sócrates que foi elogiado pela fina flor dos banqueiros e dos restantes corruptores. Da imensa maioria dos exploradores.
Agora assistimos ao que assistimos.
Embora seja de relevo a tentativa da lama viscosa lançada por quem há pouco falava com um ar de "beatice" beata , da lama lançada por outros

A limpeza de processos é também uma questão de carácter e de ética

Como qualificar de forma "decente" isto?

De

Jose disse...

A 'natureaza' do sistema para quem nega a 'natureza' do homem é das deliciosas contradições de uma comunada que mais não pugna que por um sistema que a coloque no lugar dos corruptos de hoje para aí se estabelecer na dupla função de corruptos e corruptores.
Porque entendem que o poder económico é corruptor, e inevitavelmente é bem sucedido na sua acção porque a natureza do poder político é ser corrompido, não vêm melhor solução que agregar num mesma camarilha o poder económico e o político.
É o dois em um da lógica obstrusa ao serviço da pretensa superioridade moral da comunada!

Anónimo disse...

Mais uma vez a contradição patente entre o que diz e o que disse.

A acrimónia presente nesta última frase do jose, próxima da má educação e parente de posições ideológicas extremistas torna mais clara a sua afirmaçao anterior:
"Porque me crêem emocionado"?

Mais uma vez a tentativa da objectividade:
jose defende da forma como o faz a concentração da riqueza e o aumento das desigualdades e pugna pela "absolvição" dos corruptores atribuindo a responsabilidade da corrupção aos corruptos...

Um retrato tão esmagador ( nem vale a pena falar noutros "apartes") que a jose só lhe resta "isto"
Apelar à natureza do homem (antes falava incrivel e ignorantemente em "ciência do comportamento animal"). E falar em corruptores e em corruptos desta forma tão...escolástica, convocando a "natureza" do poder político ( a do poder económico "esqueceu-se")

Para que jose perceba que a questão vai muito mais fundo que estas pequenas encenações, eu vou repetir:
"não é a maldade da mafia familiar, mas a natureza de um estado capitalista corrupto, de um sistema financeiro privado hegemónico que controla o Estado na sombra, escondido por detrás da democracia de fachada."

Agora ele pode levantar as lógicas obstrusas que quiser...porque o que sobra mesmo é a tenacidade do jose quando lhe desmascaram os (muito)ricos, o grande poder económico e os que o servem desta forma inquestionável.

O choradinho ( a pieguice) sobre a "inocência" dos banqueiros e dos seus pares já teve melhores dias

Parece que há mesmo luta de classes

De

Jose disse...

Apraz-me notar, apesar da fumaça verbal uma vez mais exibida, que a evidente abstrusidade fez seu caminho através da couraça dialéctica que agasalha a réstia de racionalidade preservada em DE, que sempre exorciza o ‘darwinismo social’ para, quando lhe convém, vir falar de «a natureza de um estado capitalista » naquela imbecil concepção de que a natureza do homem (haja o pudor de não a referir como ‘a bondade natural’) fosse um mero reflexo dos sistemas económicos.

Anónimo disse...

O debate das desigualdades ainda mal chegou a Portugal.

Mas é tão ternurento este afã do jose quando pisam os calos à concentração da riqueza e aos corruptores que defende desta forma tão ...cúmplice

Agora embrulha-se e tenta agregar a natureza do estado capitalista à sua defesa do darwinismo social.

Vejamos, o b-a-ba do conhecimento ensina que os diversos sistemas económicos têm características diferentes ,têm diferentes naturezas.Há produção teórica de portugueses notáveis sobre exactamente essa "natureza das coisas" que o jose deveria saber.
Derivam de factos objectiváveis e o conhecimento faz o seu trajecto na abordagem do objecto de estudo.

A concepção que jose , mais uma vez de forma assaz emotiva ,classifica como "imbecil", é o resultado directo da sua aversão "emotiva" a tudo o que belisque os detentores do poder.Mas é no caso presente uma forma de discussão que tenta apagar o que se discute e que usa todos os pretextos para dar saída ao debate quando o debate está no pé em que está.

(Embora tal exercício devesse merecer mais cuidado ao jose para não se contradizer desta forma tão patética . Ora citando o próprio jose:
"A 'natureaza' do sistema para quem nega a 'natureza' do homem " transformada no comentário seguinte em "a natureza do homem fosse um mero reflexo dos sistemas económicos.

Ou seja a natureza que não o era apareceu logo presto como reflexo de.

Vai longe jose ou pensará que estamos em blogs manhosos e medíocres? )

Percebe-se que a ignorância abunda em quem alterna entre a "bondade natural", a "natureza do homem" e a "ciência do comportamento animal" (jose dixit).


Explicitemos o Darwinismo social recorrendo à vulgar wikipedia:" é a tentativa de se aplicar o darwinismo nas sociedades humanas. Descreve o uso dos conceitos de luta pela existência e sobrevivência dos mais aptos, para justificar políticas que não fazem distinção entre aqueles capazes de sustentar a si e aqueles incapazes de se sustentar. Esse conceito motivou as ideias de eugenia, racismo, imperialismo , fascismo, Nazismo e na luta entre grupos e etnias nacionais".

Helas, infelizmente para o jose, esta questão faz parte dum outro tipo de "coisas".Faz parte das mistificações pseudo-científicas que conduziram ao mais abjecto da humanidade.

Jose defende os acumuladores de riqueza e os corruptores ( são os ricos que corrompem,está explicado)
Jose agora anda à pesca. O problema e dele,desde que não se esqueça as posições ultramontanas defendidas por ele.

E desta máxima:

Torna-se cada vez mais premente que as contas dos acumuladores sejam investigadas para se perceber até onde vai a "acumulaçao".
E agir em conformidade.

De




Jose disse...

DE, vais para o canto de castigo por uns tempos.

Esse teu linguajar manhoso e medíocre exige-me periódicos retiros para zonas mais salubres.

Anónimo disse...

Isto não é um argumento.

É sim uma prova do vero carácter emotivo do jose quando o santo nome dos banqueiros e do grande poder económico é posto em causa

E uma prova que os processos derivativos estão esgotados.Porque os de argumentação já há muito se foram.

O mais do resto é talvez o desespero pela derrota das forças austeritárias na Grécia.

Pode assim ir jose para o seu retiro no blog do zé manel ou no do seu amigo cunha. A mediocridade não gosta de se ver assim desmascarada e prefere mesmo sítios como os citados

De