quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

É a procura

Com uma economia europeia estagnada, não me parece que haja grandes oportunidades de investimento e, portanto, o resultado desta operação [o chamado alívio quantitativo do BCE] no consumo e investimento, sem estímulos públicos orçamentais, será muito limitado. A experiência do Japão, país onde o QE foi primeiro tentado, é eloquente em relação aos efeitos limitados do programa que serviu sobretudo para manter um sistema bancário semi-falido.

Sensata declaração do Nuno Teles num artigo de Sérgio Aníbal no Público. Entretanto, para os que acham que a variável cambial não conta, vale pena ler a análise de Manuel Caldeira Cabral sobre a depreciação recente do euro e os seus efeitos na promoção da procura externa nacional. Se é assim com o euro, imaginem com moeda própria. Bom, parece que também o governo está com sorte. Sim, a esquerda que quer salvar o euro anda toda entusiasmada com os desenvolvimentos recentes na frente europeia, mas são os neoliberais que continuam a ganhar o essencial neste contexto estrutural. De facto, e na melhor das hipóteses, os estímulos do BCE e um certo alívio na frente orçamental, num contexto de tépida recuperação, servirão para facilitar ainda mais a vida aos que querem prosseguir com o processo de reformas estruturais em curso, ou seja, com a economia política da regressão. É que os que querem prosseguir com tal linha estão bem defendidos por toda a tralha política e institucional europeia.

9 comentários:

Anónimo disse...

"Não se trata de atribuir todas as culpas de tudo o que aconteceu aos países do Sul da Europa às opções de política monetária, que lhes foram particularmente negativas. Outras instituições fizeram outros erros, e estes países fizeram os seus próprios erros."

"No caso português o mais estranho e surpreendente é que, mesmo com a valorização do euro que aconteceu, se tenha conseguido nesse período aumentar as exportações e reduzir, mesmo que de forma insuficiente, o défice da balança de bens e serviços."


Excelente a entrevista de Manuel Caldeira Cabral, lúcida e equilibrada. É pena que não seja mais relevante na área do PS.

Luís Lavoura disse...

A variável cambial conta, é claro, mas é um jogo de soma nula - aquilo que uns ganham é perdido pelos outros. Se a Grécia desvalorizasse o dracma exortaria mais, mas Portugal exportaria menos. Então Portugal teria que desvalorizar o escudo, o que faria a Grécia perder exportações. E assim por diante. Seria uma guerra na qual no fim todos sairiam perdedores.

Unknown disse...

É a pura verdade. A consolidação orçamental é eficiente com crescimento, sendo "facilmente" aplicada.

Anónimo disse...

bem...já se sabe que a refinaria de sines teve muito efeito nessas exportações e explica boa parte do milagre...quanto ao resto, estou como o autor do post...qualquer fraquito alívio, conjuntural mas não estrutural será plenamente megafonizado pelos media que são hoje esmagadoramente subservientes como mais uma grande vitória (que como sempre o tempo ditará como efémera) da estratégia económica liberal

Anónimo disse...

O Euro é um projecto que não tem futuro.

A solução não é a Europa. O problema é a Europa.

Veremos o que vai acontecer mas acredito que a situação que o Euo está condenado a desaparecer.

E quem vai perder mais vai ser a Alemanha que vai ficar com um marco supervalorizado e com as imparidades todas das dívidas dos periféricos.

Portanto resta esperar que o castelo de cartas vai cair.

Jose disse...

A palavra de ordem é sempre a mesma:
Aliviem-nos, coitadinhos de nós que estamos a andar para trás..quem vier atrás que feche a porta!

Anónimo disse...

Voçê é um idiota(útil ou inútil) José,na "melhor" das hipóteses é um ignorante,na pior é um seguidista do poder(alinhado e corrupto)estabelecido. Afonso

Ricardo disse...

http://www.publico.pt/economia/noticia/o-que-esta-em-causa-na-reuniao-do-bce-1682854 já sabemos que vai até um bilião de euros no final de 2016,a quem vai servir realmente é a grande questão.

Anónimo disse...

De facto a palavra de ordem dos "acumuladores da riqueza" é :

"aliviem-nos aos coitadinhos,porque é nosso o poder da riqueza e o dever de continuarmos a explorar os demais"

"Quem vier atrás encontrará as portas já fechadas, mas sempre pode esmolar por caridade.Desde que se porte bem, que se prostre à governança e que nunca pergunte porque motivo as desigualdades são cada vez maiores.

Porque senão serão tratados como bestas.E então e vou citar textualmente as palavras do jose:
"Às bestas serve-se a força bruta se forem insensíveis a outros meios"

De