sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Colonialismo legal



Se o poder da finança e a dívida são temas centrais da política presente, a solidariedade com o governo Argentino é imperativa. Como se sabe, a Argentina reestruturou a sua dívida e libertou-se da ancoragem cambial com o dólar há dez anos. Os bons resultados são conhecidos.

Contudo, ainda que a maior parte dos credores tenha aceitado o corte de 70% que o default argentino implicou, uma pequena parte destes  - sobretudo hedge funds que nunca emprestaram um cêntimo ao Estado argentino, pois compraram os seus títulos no mercado secundário ao preço da uva mijona - exige nos tribunais, um pouco por todo mundo, o pagamento integral dos seus títulos. No mês passado, um barco militar argentino foi arrestado no Gana, devido a um processo entreposto por um hedge fund, no que podia ser considerado um acto de guerra. Agora, depois de anos de luta judicial, uma decisão nos EUA pretende obrigar o pagamento integral a dois hedge funds norte-americanos, no que é um enorme imbróglio pois em caso de recusa do governo argentino de pagar a estes abutres, os fundos reservados a quem aceitou a troca de dívida poderão ser mobilizados para estes. Uma confusão legal com enormes implicações para processos de reestruturação futuros.

Face a este "colonialismo legal" é obrigação, sobretudo à esquerda, mobilizar para o que está a acontecer e prestar solidariedade com o povo argentino, mais que não fosse porque mais cedo do que tarde isto vai tocar aos países do Sul da Europa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Todos os dias em todas as latitudes assistimos a mais e mais atropelos, tudo parece mais importante do que o ser humano, a normalidade com que nos é apresentada a absoluta indecência é reveladora do mundo em que vivemos. Toda e qualquer luta contra este estado de coisas tem de implicar uma visão alargada e unificadora, em altura alguma nos podemos descentrar do nosso objectivo, é da globalização que falo, a dos povos, a que tem sido negligenciada, a que queremos que nos caracterize.

Anónimo disse...

Eu empiricamente sei que as desigualdades sociais so' se corrigirao quando todos nos tivermos uma escolaridade de nivel universitario e a solidariedade ser olhada como um bonus na coecao social.. A questao de se falar que nao ha' emprego para toda a gente, e' uma abordagem errada de se ver o problema. Claro que nem todos podem ser diretores na piramide da ascencao profissional. Mas elevara os salarios minimos,