O meu artigo de opinião desta semana no Diário Económico, em resposta à questão "O que há para refundar no Estado português?":
Há muita coisa a refundar no Estado português. Primeiro que
tudo, haveria a refundar, no sentido de reafirmar, o contrato social em vigor
desde a instauração da democracia – o qual permitiu, como contrapartida da
solidariedade fiscal dos contribuintes, que o país realizasse avanços tremendos
ao nível da saúde, longevidade, educação, cultura e qualidade de vida. Haveria também
a refundar, no sentido de realizar efectivamente, a figura do Estado como
pessoa de bem, erradicando práticas ilegais como a contratação de falsos
recibos verdes ou os atrasos sistemáticos nos pagamentos a fornecedores. Haveria
ainda a refundar, no sentido de erradicar, a predação do Estado por interesses
particulares através dos compadrios que nascem da promiscuidade entre o poder
político e económico. E haveria a refundar, no sentido de recuperar, os
instrumentos de política económica (industrial, orçamental e monetária/cambial)
que temos vindo a perder e que, no mundo real e ao longo da história, foi o que
permitiu que as economias desenvolvidas chegassem onde estão.
Infelizmente, não é nada disto que o primeiro-ministro tem em mente. O que o seu apelo à refundação anuncia é a fase seguinte do processo de afundamento da economia e da sociedade portuguesas. Perante um serviço da dívida que é uma bola de neve e não cessará de aumentar, a opção no OE 2013 para tapar o sorvedouro consistiu no brutal aumento da carga fiscal. No próximo ano, quando for visível para todos o carácter contra-producente dessa opção, ser-nos-á imposto como inevitável o desmantelamento de parte substancial das funções sociais do Estado, a fim de realizar na prática o ideal do Estado mínimo que povoa o imaginário neoliberal. Só que essa receita, como sobejamente revela a análise comparada das trajectórias de desenvolvimento na história real, representa a certeza de um país em vias de subdesenvolvimento capturado por uma oligarquia. Em vez de refundação, se não se inverter o caminho, teremos mais e mais afundamento.
1 comentário:
A propósito...
“… refundar, no sentido de realizar efectivamente , a figura do Estado como pessoa de bem…”
“… refundar, no sentido de reafirmar, o contrato social em vigor…”
Na linguagem do POVO:
“
Partir a tromba aos eleitos que não respeitam os compromissos eleitorais e, correr com eles da DEMOCRACIA,
Dar um enxerto de porrada , aos que em nome do POVO, tiram ao POVO… para dar a meia dúzia de parasitas, “
Se não respeitam os PRINCÍPIOS da DEMOCRACIA, não têm direito a invocá-LA.
Teremos um COLOSSAL trabalho,
para implementar estas duas medidas mas, rapidamente, teremos acesso aos mercados…
da JUSTIÇA ,
da SOLIDARIEDADE,
da EXPECTATIVA…
e da HUMANIDADE !
Numa comunidade, a PALAVRA DADA, tem de ser RESPEITADA.
Aleixo
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