Analisando o gráfico com maior cuidado, percebe-se porém que os dados se limitam (convenientemente?) ao período entre 2007 e 2010, no qual se registou de facto um aumento tendencial do número de beneficiários (coerente com o eclodir da crise).
É que, desde então, nomeadamente a partir da aprovação do PEC 1 (em Março de 2010), a diminuição do número de beneficiários do RSI tem sido violenta e constante (como mostra o segundo gráfico, elaborado a partir dos dados disponíveis na página da Segurança Social).
Esta redução resulta, numa primeira fase, da pressão populista e infundada dos partidos de direita sobre o governo anterior (e que este lamentavelmente acolheu) e, numa segunda fase, já com os arautos demagogos do «combate ao subsídio à preguiça» e da «remoção das zonas de conforto» na condução suicida do país, como os números do desemprego ontem divulgados demonstram.
De facto, perante o valor recorde de desemprego a que se chegou (desde 2008 a taxa praticamente duplicou) e com cerca de 25% dos portugueses em risco de exclusão social, seria de esperar que o RSI aumentasse em número de beneficiários, servindo assim de almofada mínima protectora ao agravamento das condições de vida. Não é todavia isso que nos dizem os dados, tal como não é isso que nos mostra o «gráfico encolhido» que o governo colocou no seu portal.
4 comentários:
Estes que aproveitam toda e qualquer oportunidade para abusar de alguém são aqueles em quem temos de acreditar que estão a fazer o melhor para todos nós.
Para quem acreditava que o Subsídio de Desemprego e o RSI eram apenas fruto da preguiça, o restringir do acesso e das regalias deste corresponde, desde a subida da direita ao poder, ao aumento do desemprego. E assim cai mais uma falácia.
bom, então, cerca de 25% em risco de pobreza... e os que já lá estão nessa pobreza, e diria mesmo miséria, porque têm rendimentos inferiores a 350 euros, quantos são?
posts pouco claros e artigos com números pouco analizados, para não dizer investigados.
Taxa de risco de pobreza (INE): Proporção da população cujo rendimento equivalente se encontra abaixo da linha de pobreza definida como 60% do rendimento mediano por adulto equivalente.
Ver aqui:
http://observatorio-das-desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=indicators&id=113&lang=pt
e aqui:
http://metaweb.ine.pt/sim/conceitos/Detalhe.aspx?cnc_cod=7160&cnc_ini=13-02-2009
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