domingo, 26 de fevereiro de 2012

Coisas práticas

Não há nada que seja mais prático do que uma boa teoria e na macroeconomia não acho que haja melhor do que o chamado pós-keynesianismo. Este artigo académico é um contributo para uma análise realista, que recusa moralismos, dos principais problemas da Zona Euro, na linha do que temos vindo a tentar popularizar há já algum tempo. Uma análise que não agrada aos grupos dominantes no centro europeu, a elites periféricas dependentes e ao capital financeiro que as controla, já que se centra nos desequilíbrios, entre centro e periferia, gerados por uma moeda que não serve para estruturas económicas tão heterogéneas e por políticas de competitividade desenhadas para transformar a União num jogo de soma nula ou negativa, transferindo todos os custos dos ajustamentos para o mundo do trabalho.

O papel da liberalização financeira, associado a esta desgraçada integração, assume também particular relevância. É o que se sabe: os mercados financeiros liberalizados, e ainda por cima sem enquadramento de nota na escala da moeda, são especialistas em gerar desequilíbrios e em destruir capital. Um padrão que os países do Sul global, que se aventuraram na liberalização financeira, conheceram e que as periferias europeias replicaram: afluxos de capitais, bolhas especulativas oleadas por um endividamento numa moeda que não se controla, sobreapreciação cambial, défices externos entranhados, crise, problemas de financiamento e programas de ajustamento impostos pelos credores.

Esta ineficiência, o cortejo de crises, desde que passámos de um bem-sucedido regime de “repressão financeira”, assente em controlos de capitais, do pós-guerra aos anos oitenta, para um ineficiente regime de “liberdade financeira”, justificam uma atenção redobrada aos controlos de capitais, que não só não foram totalmente abandonados como até têm sido recuperados na teoria e na prática de muitos governos por esse mundo fora. Este artigo oferece um “estado da arte” sobre o tema. Mais tarde ou mais cedo, vamos ter de reintroduzir, à escala nacional ou outra, dependendo do arranjo monetário então vigente, controlos que têm a vantagem de ser imensamente flexíveis, de permitir descriminar entre vários tipos de fluxos económicos, gerindo-os em função de uma estratégia de desenvolvimento que vê nos “mercados” um apêndice útil, porque subordinado, num menu institucional bem mais variado.

4 comentários:

São Canhões? Sabem mesmo a manteiga... disse...

pois mas imprimir 6000 milhões de notas de 500 extra resolvem o problema?

perdoam-se as dívidas de todos os estados a 50%

a grécia é um caso único e irrepetível por ir borda fora?

só a itália é digna de resgate?

é por causa das coisas práticas

que estamos nisto....em Maio faz 2 anos

Anónimo disse...

Um "artigo académico" escrito em word é sempre um preocupante sinal da capacidade académica do autor...

Anónimo disse...

Econoprofecia

Como é que se pode confiar num economista que é dos mais citados nas críticas às políticas de austeridade quando o mesmo defende que os salários em Portugal devem ter uma quebra de 30%? Não se pode, é óbvio. Deixar a economia ao cuidado de um certo tipo de economistas é absolutamente suicidário.

Anónimo disse...

"Deixar a economia ao cuidado de um certo tipo de economistas é absolutamente suicidário."

suicidário é deixar a sua fonte de informação a cargo de "jornais" como o Sol e o JN..

abraço,
F.