O excedente de 2000 milhões de euros no Orçamento de Estado de 2011, que Passos Coelho anunciou na entrevista ao Público do passado domingo (e que resulta da transferência de fundos de pensões dos bancos para a Segurança Social), servirá para «injectar dinheiro na economia», através do pagamento de dívidas do Estado.
Sucede porém que esse «excedente» corresponde (como bem aqui lembrou o João Rodrigues) à transferência para o Estado de responsabilidades futuras com pensões do sector bancário, num negócio cujas vantagens para o erário público são tudo menos certas.
Passos Coelho não esclareceu como (nem quando) o governo irá devolver esse «excedente» à Segurança Social. E não estranhem, por isso, se um destes dias ouvirem os nostradamus do costume a perorar novamente sobre a falência iminente da Segurança Social, a insustentabilidade gerada pelos desiquilíbrios demográficos e a inevitável necessidade de plafonar e privatizar o sistema público de pensões e reformas.
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4 comentários:
Isto vai de escalada em queda cada dia maior. Tiram de um lado e mandam para o outro como se tudo isto lhes fosse permitido.
Os fundos de pensões foram muitos anos de descontos dos beneficiários e pensionistas de um sistema social para garantirem a si e aos seus sócios o pagamento de pensões futuras.
O estado não entrou com nenhum depósito e por consequência não deve tirar aquilo que por direito não é seu.
Ninguém deste governo ou outro nos garante o pagamento de pensões.
Estas farsas e jogos apenas são malabarismos para manter uma aparência que eles não têm.
Será que os fundos vão e não voltam? Parece-me que os funcionários bancários também estão a ser empurrados para um limbo, onde se morre por asfixia.
É curioso que essa mesma preocupação que aqui é levantada no post, era a mesma que o PSD levantara quando esteve na oposição ao governo Sócrates, perante a eventualidade da mesma transferência…Cinismo?
Bem, o argumento desses nostradamus afigura-se-me fácil de rebater: então se os bancos não são capazes de garantir as responsabilidades dos seus próprios fundos de pensões,tranferindo-os para a Segurança Social (Estado), como serão eles capazes de garantir as pensões de todos nós? Afinal, as seguradoras fazem parte desses mesmos grupos bancários, não é verdade?!
Os Bancos transferem assim as responsabilidades futuras com as pensões dos seus trabalhadores para a Segurança Social, aliás um pensamento antigo recordo a questão levantada durante a década de 1980...Os Bancários tinham fundos de pensões próprios, pagavam eles as reformas, tinham e têm Serviços Médicos próprios, transferindo estes valores para o Estado deixam de assumir essas responsabilidades...A não ser que estes valores regressem novamente aos Bancos tal como ficou acordado com a CGD, que fez o mesmo no tempo da extinta Manuela Ferreira Leite...Aliás a Caixa salvou o BNU em inícios de 2000 e teve que suportar os encargos com o pessoal deste Banco, que estava na pré-falência, nos finais da década de 90...Nessa altura foi um verdadeiro maná para os BNUs, que passaram a ganhar muito mais, porque antes de passarem para a tutela da CGD, se autopromoveram entre si indiscriminadamente...Com a agravante de depois da junção dos dois Bancos, muitos dos exAdministradores do exBNU passarem a ser Administradores da CGD e a tutelar a própria CGD em seu proveito próprio!...
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