quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
É a desigualdade
Desigualdade esteve na origem da crise, diz dirigente do FMI. Então por que é que insistem em politicas de ajustamento estrutural que só aumentam a tal desigualdade? Enfim, informativas quatro páginas do Negócios de ontem, da autoria de Pedro Romano, sobre este tema crucial. O estudo do FMI, a que o Ricardo já aludiu, é convergente com outros estudos sobre este tema ainda relativamente pouco escrutinado entre os economistas convencionais, em especial nos seus impactos macroeconómicos, mas que sempre fez parte da agenda da economia keynesiana, por exemplo. De facto, o aumento da desigualdade durante o regime neoliberal, com a estagnação salarial da maioria e com o seu maciço recurso ao endividamento, em articulação com a formação de bolhas em vários activos, caso do imobiliário, alimentou e alimentou-se do processo de financeirização da economia que traduziu a excessiva acumulação de rendimento e de riqueza em poucas mãos: a sua valorização através dos circuitos financeiros do crédito e da especulação ocultou o medíocre andamento do investimento produtivo e os problemas de procura. A crise revelou toda a insustentabilidade deste arranjo iníquo e ineficiente. De resto, Romano entrevista também Richard Wilkinson, co-autor do imprescindível O Espírito da Igualdade: a desigualdade económica corrói o laço social.
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