sábado, 24 de setembro de 2011

Crónica de um fracasso anunciado

«Importa perceber que o nosso endividamento externo, e o de outros países da periferia da zona euro, foram alimentados pelo crédito concedido pelos países mais competitivos do centro e norte da Europa. Sem moeda própria, integrado numa zona monetária formatada pela doutrina neoliberal mais fundamentalista, Portugal deixou de ter condições institucionais para executar políticas favoráveis ao seu desenvolvimento. Uma década de crescimento anémico dentro da zona euro conduziu o País a uma situação de endividamento externo grave. Hoje estamos sujeitos às políticas tradicionalmente impostas pelo FMI aos países endividados. (...) Olhando para o definhamento da nossa economia, o rápido empobrecimento de muitos milhares de famílias, e a emigração dos jovens mais qualificados, os Portugueses começam a tomar consciência de que o País não vai resolver o problema do endividamento e vai ter de recorrer a um segundo pacote financeiro. Para muitos, começa a ficar claro que os sacrifícios exigidos ao povo não só são injustos mas também são absolutamente inúteis. Chegou a hora de exigir à classe política que não se esconda em meias palavras.»

Do comunicado recentemente difundido pelo movimento Convergência e Alternativa.

9 comentários:

Carlos Albuquerque disse...

Há poucos anos o caminho do desenvolvimento era o do endividamento externo para fazer obras públicas e atacava-se quem chamava a atenção para o endividamento. Não eram essas as "políticas favoráveis ao nosso desenvolvimento"?

Obviamente as obras não serviram para nada a não ser para alimentar algumas fortunas.

Para onde nos querem conduzir aqueles que não viram algo tão óbvio?

Anónimo disse...

Mas será que alguém de boa fé poderá deixar de ver e sentir que as politicas que estão a ser levadas a cabo, são total e absolutamente criminosas.?
Só quem é cego ou quem vê e não quer ver.
Infelizmente são ainda muitos os que vêm e não querem ver.
Algum dia, que gostaria breve, isso irá alterar-se e então as pessoas poderão, finalmente, ter uma vida digna.

menvp disse...

Pois é, pois é, pois é... há que pensar muito muito... antes de... pedir dinheiro emprestado a agiotas!
De facto, há séculos e séculos que é sempre a mesma coisa: quem foi atrás do aceno de empréstimos (feito por agiotas) fica na miséria... e o agiota fica com os seus bens!

menvp disse...

"Para onde nos querem conduzir aqueles que não viram algo tão óbvio?"


--> A superclasse (alta finança internacional - capital global, e suas corporações) não só pretende conduzir os países à IMPLOSÃO da sua Identidade (dividir/dissolver identidades para reinar)... como também... pretende conduzir os países à IMPLOSÃO económica/financeira.
--> Só não vê quem não quer: está na forja um caos organizado por alguns - a superclasse: uma nova ordem a seguir ao caos... a superclasse ambiciona um neo-feudalismo.

--> Marionetas dos 'Bilderbergos' (ex: Sócrates e afins) fizeram o seu trabalho: silenciaram 'Medinas Carreiras', e armaram a RATOEIRA para a falência: endividamento esperando um - ILUSÓRIO - crescimento perpétuo...


--> Para além da SUBSTITUIÇÃO POPULACIONAL [nota: não-nativos já naturalizados estão com uma demografia imparável em relação aos nativos]... também tivemos um que dizia «Há vida para além do deficit» [nota: pois há - a perda de soberania nacional]... etc... e também temos mais um a dar um empurrãozinho - JORNAL DE NEGÓCIOS, 15 Setembro 2011, George Soros: «é preciso um Ministério das Finanças europeu, com poder para decretar impostos e para emitir dívida».

Dias disse...

@ Carlos Albuquerque

A questão não se pode reduzir a “endividamento para fazer obras públicas”. O problema continua a ser, além da oportunidade, que obras públicas.

Auto-estradas desnecessárias (a não ser para o rentista), estádios de futebol a mais (alguns agora em risco de implosão) são dos exemplos mais perniciosos que temos, e que foram levados a cabo pelos governos que têm conduzido os destinos do país. “A classe política que não se esconda atrás das palavras”.

Aposta na reabilitação urbana, melhoria do parque escolar (não com uma nebulosa Parque Escolar), melhoria das infra-estruturas existentes (estradas nacionais e secundárias, que foram abandonadas, preteridas em favor de Auto-estradas e Scuts), são alguns exemplos de como é necessário investimento público. Em relação à vaca fria TGV, e foi sempre a minha opinião pessoal, sempre pensei que Lisboa-Madrid (e talvez, Vigo-Porto) pudessem/ devessem avançar; sempre achei injustificável, nas próximas 1-2 décadas, Porto-Lisboa. Mas é claro: é necessário fazer opções e priorizar bem.

Bilder disse...

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Luís Lavoura disse...

"a emigração dos jovens mais qualificados"

Isso é um papão.

Portugal sempre teve emigração. Não foi a emigração que o impediu de se desenvolver. Aliás, foi na década de 1960 que Portugal mais rapidamente se desenvolveu - precisamente quando tinha imensa emigração.

Ademais, também há imigração de imensos jovens dotados para Portugal. Eu aqui no meu centro de investigação tenho imensos jovens dotados estrangeiros a trabalhar.

Essa conversa da emigração já enoja. A emigração nunca prejudicou o desenvolvimento de nenhum país, bem pelo contrário.

Anónimo disse...

Classe política?Mas,se a classe política é cúmplice disto como é que vai dizer alguma coisa.

Enquanto os propagandistas do neofascismo continuarem a falar para a parede a publicitar manipulações e mentiras não vamos lá.O seu expoente máximo Medina Carreira dizia que o FMI ia salvar isto tudo,ora tal como tinha acontecido na América latina onde os mercenários do sector financeiro entraram, as economias implodiram e os banqueiros enriqueceram de forma continuada.Na Europa o mesmo se passa.Lembrem-se que até 2008 Portugal não tinha um problema de dívida pública e que a dívida do sector privado é muito maior.