quinta-feira, 7 de julho de 2011
Recordar é viver
Agora que os que dirigem o cortejo fúnebre da economia portuguesa falam de imoralidade e de abuso por parte das agências de notação, quando antes nos aconselhavam, liderados pelo cangalheiro Cavaco, a não discutir com os "mercados", é tempo de recordar:
Neste momento, as três mais importantes agências de notação financeira, precisamente as aqui denunciadas, noticiam e divulgam, diariamente, classificações de rating que, com manifesto exagero e sem bases rigorosamente objectivas, penalizam os interesses portugueses, originando uma subida constante, dos juros da dívida soberana.
José Reis, José Manuel Pureza, Manuela Silva e Manuel Brandão Alves, Introdução ao texto da denúncia facultativa contra três agências de rating, Abril de 2011.
É notável que as avaliações de agências que se celebrizaram por cometer erros do tamanho desta crise sejam agora utilizadas para justificar o regresso às políticas que nos trouxeram ao Estado actual.
José Gusmão, AAA em descaramento, Janeiro de 2010.
No momento em que os Estados se endividam na tentativa de resolver os problemas criados, em parte, por estas agências, estas cortam, ou ameaçam cortar, a sua notação, dificultando a resposta à crise.
Nuno Teles, O opaco preço da liberalização financeira, Janeiro de 2009.
É inaceitável que o Governo de Portugal continue a tomar decisões como se as empresas financeiras que "dão notas" aos Estados ainda tivessem, elas próprias, alguma credibilidade. Como se tudo estivesse a funcionar segundo a normalidade neoliberal e a auto-regulação em que Greenspan acreditava não nos tivesse levado ao desastre.
Jorge Bateira, O país tem fraca reputação, diz o ministro, Outubro de 2008.
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4 comentários:
Bonito seria recordar o que diziam outros não há muito sobre as mesmas agências de rating...
É por estas razões que vale a pena ler os textos do excelente blogue Ladrões de Bicicletas. Obrigado a todos!
Só entendo esta mudança de opinião sobre as agências de rating por um governo de direita estar neste momento no poder...
O que é uma pena...já se torna difícil ter respeito intelectual por gente que muda de opinião dependendo da direcção do vento...
O problema é que quando mudarem de opiniao sobre outras políticas vai ser tarde demais, infelizmente, para nós, portugueses...
O que espanta já não é a coerência das opiniões mas sim dos raciocínios...o país parece um autêntico laboratório.
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