De vez em quando, muito de vez em quando, vale a pena ler Vasco Pulido Valente. O seu artigo de sábado no Público chama a atenção para variáveis importantes e muito pouco escrutinadas na complexa questão da avaliação dos professores: «Uma avaliação pressupõe critérios (. . .) Os critérios medem, peço desculpa pelo truísmo, o que é mensurável como, por exemplo, a assiduidade ou notas de uma exactidão discutível, como perfeitamente sabe quem alguma vez deu notas. Não medem nem a ‘moral’, nem o ‘ambiente’, nem os valores da escola ou a contribuição de cada professor para a sobrevivência e a força dessa ‘moral’, desse ‘ambiente’ e desses valores. Numa palavra, não medem a qualidade, de que depende, em última análise, o sucesso ou o fracasso do acto de ensinar. Criam uma trapalhada burocrática que esteriliza e que massacra e acaba sempre por promover a mediocridade, o oportunismo e a rotina (. . .) Os professores não precisam de uma vigilância vexatória e nociva por ‘avaliações’. Precisam de um ethos, que estabeleça uma noção clara e unívoca de excelência».
De facto, existe investigação que tem sublinhado os efeitos perversos de certos métodos de avaliação, reveladores da confiança excessiva na lógica dos incentivos para «guiar» a conduta dos profissionais. Por isso é que todas as modificações nesta área têm de ser feitas com um cuidado e uma sensibilidade extremas. Isto só resulta se os professores participarem na sua definição e forem persuadidos (sublinho a palavra persuadidos) dos seus méritos. Além disso é preciso nutrir e deixar espaço para atitudes e comportamentos que nunca serão considerados pelos métodos de avaliação realmente existentes. Em última análise, a política pública só funciona se for capaz de reconhecer a importância do «ethos» profissional. É também por isto que, como o Ricardo já aqui assinalou, a política do actual ministério da educação fracassou.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário