sexta-feira, 7 de março de 2008
Por uma política europeia de coordenação salarial
Uma das tendências fortes da economia europeia é a constante redução do peso dos salários na distribuição do rendimento total, em detrimento do capital (ver gráfico abaixo). A contracção salarial resultou, obviamente, do aumento do desemprego estrutural e da desregulação dos mercados de trabalho. Para muitas economias europeias, sobretudo as mais pequenas e mais abertas (como a portuguesa), esta foi a estratégia seguida, na tentativa de assim obterem vantagens comparativas face aos seus parceiros comerciais. Como o João, no post abaixo, assinalava, se, do ponto de vista nacional, num contexto de crescente competição, esta estratégia pode ser entendida como chave para o sucesso internacional, os efeitos agregados na economia europeia são muito negativos. O economista pós-keynesiano, Englebert Stockhammer, calcula que a redução de 1% do peso dos salários no rendimento nacional origina uma diminuição da procura europeia de 0,2% do PIB. A consequência é, pois, uma economia europeia desigual e deprimida.
Este economista propõe um esquema de coordenação salarial europeu que ultrapasse a armadilha onde nos encontramos. Este esquema faria depender os salários de quatro factores (quer nacionais, quer europeus): aumento da produtividade; inflação; desemprego; convergência salarial. Se a maioria dos países adoptasse este mecanismo, não só conseguiríamos inverter a actual desvalorização do trabalho, como dinamizaríamos a economia europeia, preservando a estabilidade de preços.
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