quinta-feira, 12 de novembro de 2020

É sempre tempo de apanhar mentirosos


Com um ar manifestamente irritado, veio Rui Rio proclamar que as condições do Chega não têm mal nenhum e sobretudo que não haveria qualquer acordo entre o Chega e o PSD nacional, tudo ficando confinado aos Açores. Acontece porém que mais depressa se apanha um mentiroso do que um.... Na verdade, quer a reforma da justiça quer a revisão constitucional quer ainda a aprovação de uma lei para diminuir os deputados nos Açores são tudo matérias da competência da AR que envolvem a direcção nacional do PSD. E não fique sem resposta a canhestra e insolente tentativa de Rui Rio de contra-atacar o PS pelos seus acordos com o PCP como se o PCP fosse uma espécie de Chega de esquerda. Rui Rio ainda vai muito a tempo de aprender que o PCP foi um força determinante na conquista da liberdade, é um partido fundador do regime democrático e construtor da Constituição da República que nela se revê e não quer descaracterizar nem subverter.


Aproveito a boleia de Vítor Dias para recomendar ao Nuno a leitura da Constituição, em particular a parte sobre organização económica. Mesmo que subvertida em aspectos essenciais, por comparação com a original que o partido do Nuno também votou, continua a prever a existência da propriedade pública de meios de produção. 

Digo isto por causa da lamentável entrevista do Nuno ao Público, onde ensaia mais uma absurda equivalência entre forças democráticas e forças anti-democráticas, comparando a prevista possibilidade de nacionalização com o ataque a direitos e liberdades fundamentais feito pelo Chega. O Chega com as suas complementares propostas socioeconómicas é instrumental para o Nuno, tal como o fascismo foi um expediente útil para tantos autodenominados liberais nos anos vinte. 

Nada que admire. Há toda uma hierarquia de valores. Afinal de contas, o Nuno é um influenciador, no cruzamento entre a advocacia de negócios e a política. O Nuno sabe quais as forças que podem ainda tentar bloquear, denunciar e reverter negócios sórdidos e a legislação que os acompanha, feita em grandes escritórios ou lá fora. 

Podem ler "sobre o Nuno" no site do seu grande escritório.

7 comentários:

Jaime Santos disse...

Que eu saiba, existem limites materiais de revisão à CRP e eles nunca foram ultrapassados em 44 anos de regime constitucional. Por isso, azar dos Távoras, mas a CRP não foi subvertida em aspetos essenciais, foi a maioria saída de eleições que decidiu alterar a Constituição.

O João Rodrigues pode não gostar, mas são essas as regras. A não ser que defenda uma interpretação originalista da CRP, à semelhança da opinião da Direita mais reacionária dos EUA em relação à Constituição Americana.

Isto dito, absolutamente de acordo que, desde que o multipartidarismo e os direitos essenciais sejam preservados, qualquer programa político é legítimo, incluindo nacionalizações, saída do Euro, da UE, etc.

Já o Chega deseja subverter esses direitos essenciais.

O que é necessário é dizer-se quais as políticas particulares para se alcançar tais objetivos e que sacrifícios é necessário pedir à população para tal, porque de outro modo estamos no reino da demagogia.

Há no entanto um pequeno aspeto, João Rodrigues, em que a Direita está cheia de razão, o PCP continua a defender ditaduras noutras paragens, seja em Cuba, Venezuela, China, etc, ou pelo menos a não as condenar e isso enfraquece imenso a causa de um Partido que é um dos fundadores da nossa Democracia e que contribuiu como nenhum outro antes do 25 de Abril para o fim do regime fascista...

Jose disse...

O PCP não só é um bom exemplo do espaço que é devido ao Chega; vai muito mais além.

Admite-se ao PCP existir sob um Constituição que é sabido que subverteria por completo, assim tivesse poder para tanto.

Paulo Marques disse...

Exacto, JS, porreiro é falar mal para dentro para depois ir fazer negócios com aperto de mão, incluindo vender o país. Isso é que é seriedade, até tremem da Venezuela à China, sem esquecer Angola.

Anónimo disse...

A direita está cheia de razão
Ó Jaime Santos, já sabíamos O Jaime Santos gosta mais da vitória da democracia na Líbia No Iraque. Do Baptista. Dos EUA

Não é mesmo Jaime Santos?

JE disse...

Um post que denuncia a concubinagem chega / PSD e que desmascara um personagem sórdido como o expertise Nuno, merece de Jaime Santos os comentários aí em cima expostos

O expertise nuno tem boa companhia noutros nunos


JS que há dias, distraído numa daquelas suas diatribes neoliberais de tramontana perdida,acusava a lei das bases de saúde de Gonçalvista...

Agora tange estes acordes em prol de...?

JE disse...

Azar dos távoras?

Curiosa expressão que tão mau uso tem na boca de alguns

Adiante.

Porque mais importante do que formalismos interessa denunciar a aldrabice, a mentira, a manipulação ideológica ou a ignorância.

Falamos de Jaime Santos e não dos seus Távoras.

A CRP foi "subvertida em aspectos essenciais, por comparação com a original" . A isto responde JS com a negação aí em cima expressa. Da forma como a faz. Da forma "baixa" como a expressa

Vamos mais uma vez à informação oficial, ao Boletim da Assembleia da República:

"...A Constituição impõe limites circunstanciais, limites formais e limites materiais à sua própria revisão. Desde logo, a revisão constitucional só pode efetuar-se numa situação de “normalidade constitucional” e nunca na vigência de estado de sítio ou de estado de emergência, em que, por exemplo, as liberdades públicas podem ficar suspensas...

...Finalmente, existem ainda limites materiais à revisão constitucional que, em princípio, são matérias “blindadas” a alterações. Porém, na prática, estes limites têm sido ultrapassados através da chamada “dupla revisão”: numa primeira revisão constitucional elimina-se da Constituição o limite material para, numa segunda fase, fazer a alteração que antes era vedada pela regra em causa"

Palavras mais para quê?


JE disse...

Quanto a jose.

É bom que um salazarista retinto expresse assim o seu ódio. Ainda engalfinhado no charco do vómito salazarista, agora pretende que a CRP admita o PCP. Ele que foi um dos fundadores da dita

(Fica para depois o registo dos apelos de jose para a sua violação, nos idos tempos de Passos e portas. Antecedendo os apelos do chega)